domingo, 24 de março de 2024

A Cruz, a escada para o céu (Domingo de Ramos)

                                                                  

 A Cruz, a escada para o céu

Com o Domingo de Ramos, iniciamos a Semana Santa, a “Semana Maior”, como chamavam os cristãos, em que meditamos sobre a Paixão e Morte do Senhor.

Esta semana, consagramos à celebração anual da Páscoa do Senhor, fazendo a memória solene do Mistério central da fé e da vida da Igreja: Cristo morto e ressuscitado para a Salvação do mundo inteiro.

Para esta Semana se dirige toda a Quaresma, marcada pela penitência e conversão.

Sejamos enriquecidos pelas palavras de Santa Rosa de Lima, (1586 -1617), Padroeira da América Latina. 

“O Senhor Salvador levantou a voz e com incomparável majestade disse: Saibam todos que depois da tribulação se seguirá a graça; reconheçam que sem o peso das aflições não se pode chegar ao cimo da graça; entendam que a medida dos carismas aumenta em proporção da intensificação dos trabalhos. Acautelem-se os homens contra o erro e o engano; é esta a única verdadeira escada do paraíso e sem a cruz não há caminho que leve ao céu.

Ouvindo estas palavras, penetrou-me um forte ímpeto de me colocar no meio da praça e bradar a todos, de qualquer idade, sexo e condição:

Ouvi, povos; ouvi, gente. A mandado de Cristo, repetindo as Palavras saídas de Seus lábios, quero vos exortar: Não podemos obter a graça, se não sofrermos aflições; cumpre acumular trabalhos sobre trabalhos, para alcançar a íntima participação da natureza divina, a glória dos filhos de Deus e a perfeita felicidade da alma.

O mesmo aguilhão me impelia a publicar a beleza da graça divina; isto me oprimia de angústia e me fazia transpirar e ansiar. Parecia-me não poder mais conter a alma na prisão do corpo, sem que quebradas as cadeias, livre, só e com a maior agilidade fosse pelo mundo, dizendo: 

Quem dera que os mortais conhecessem o valor da graça divina; como é bela, nobre, preciosa; quantas riquezas esconde em si, quantos tesouros, quanto júbilo e delícias! Sem dúvida, então, eles empregariam todo o empenho e cuidado para encontrar penas e aflições! Iriam todos pela terra a procurar, em vez de fortunas, os embaraços, moléstias e tormentos, a fim de possuir o inestimável tesouro da graça. É esta a compra e o lucro final da paciência.

Ninguém se queixaria da cruz nem dos sofrimentos que lhe adviriam talvez, se conhecessem a balança, onde são pesados para serem distribuídos aos homens." 

Renovemos nossa fidelidade ao Senhor Jesus, no testemunho mais audacioso e corajoso de nossa fé e esperança, para que, a exemplo de Santa Rosa de Lima, sejamos mais inflamados de amor.

Aprendamos com ela a serenidade no enfrentar das tribulações, provações dolorosas que acompanhou sua breve existência, imitando Cristo, pobre e crucificado. 

Retomo algumas de suas afirmações:

“... sem o peso das aflições não se pode chegar ao cimo da graça”

“Acautelem-se os homens contra o erro e o engano; esta é a única verdadeira escada do paraíso e sem a cruz não há caminho que leve ao céu”

“Ninguém se queixaria da cruz nem dos sofrimentos que lhe adviriam talvez, se conhecessem a balança, onde são pesados para serem distribuídos aos homens."

Num tempo de promessas inconsistentes de felicidade fugaz, sua mensagem chega ao mais profundo de nosso coração. Muitos querem a felicidade sem a fidelidade no carregar da cruz. Ele jamais nos prometeu facilidades, ao contrário, nos disse:

“Se alguém me quer seguir, renuncie a si mesmo, tome sua cruz cada dia e siga-me (Lc 9,23).

Esta escada, a qual ela se refere, é a cruz, exortando-nos à coragem e maturidade para subi-la, degrau por degrau, dia pós dia, e que muitos querem jogar tudo para o alto, fugindo, sumindo ou até mesmo chegando ao suicídio.

Nossos lamentos serão cada vez menos intensos, se soubermos aprofundar nossa comunhão com Cristo Jesus Crucificado e Ressuscitado, acompanhado de mais fascínio por Ele e Sua Palavra, maior a sedução por Seu amor e proposta.

Nossos tempos precisam de “Rosas de Lima”, possuidoras, como ela, não apenas de beleza estética, que também possuía, mas possuidoras da beleza mais preciosa, a beleza da alma e do coração, fazendo de nossa vida uma oferenda permanente e agradável aos olhos de Deus.

A seu exemplo, que encontrou o Tesouro escondido e a Pérola preciosa de grande valor: o Reino de Deus, o Amado – Jesus, e por Ele totalmente se entregou, o mesmo façamos.

Vivendo intensamente a Quaresma e a Semana Santa, também inflamados de Amor Divino sejamos, e subamos, degrau por degrau, carregando com renúncias e fidelidade nossa cruz de cada dia, perfeitamente configurados ao Mistério da Paixão e Morte do Senhor, para com Ele também ressuscitarmos.

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