domingo, 24 de março de 2024

A Paixão de Cristo e Sua preciosa cruz (Domingo de Ramos)

 


A Paixão de Cristo e Sua preciosa cruz

Reflitamos sobre A Paixão de Cristo e sua preciosa cruz que são segurança e muro inacessível para quem n'Ele crê, como nos fala o Bispo e Doutor da Igreja São Cirilo de Alexandria (séc. V), em seu Comentário sobre o Livro de Isaías 4.

“Cristo, apesar de Sua natureza divina e sendo por direito igual a Deus Pai, não se prevaleceu de Sua divina condição, mas humilhou-Se até submeter-Se à morte e morte de cruz.

Realmente, sua Paixão salutar abateu aos principados e triunfou sobre os dominadores deste mundo e deste século, libertou a todos da tirania do diabo, e nos reconduziu a Deus.

Suas chagas nos curaram e, carregado com os nossos pecados, subiu ao lenho; e, deste modo, enquanto Ele morre, nos sustenta na vida, e Sua Paixão se tornou a nossa segurança e muro de defesa. Aquele que nos resgatou da condenação da Lei, nos socorre quando somos tentados. E para consagrar ao povo com seu próprio sangue, morreu fora da cidade.

Por isso, repito, a Paixão de Cristo, Sua preciosa cruz e Suas mãos perfuradas significam segurança, em um muro inacessível e indestrutível para aqueles que creem n’Ele. Por isso Ele diz acertadamente: Minhas ovelhas escutam minha voz e me seguem, e Eu lhes dou a vida eterna. E também: Ninguém pode arrebatá-las da mão de meu Pai. E isto justamente porque vivem à sombra do Onipotente, protegidas pelo auxílio divino como em uma torre fortificada.

Desde o momento, portanto, em que Deus Pai nos sustenta quase com Suas mãos, custodiando-nos junto d’Ele, sem permitir que sejamos induzidos ao mal ou que sucumbamos à malícia dos malvados, nem ser presa da violência diabólica, nada nos impede de compreender que as muralhas de Sião designadas por suas mãos signifiquem os peritos na arte espiritual que, possuídos pela graça, dão-se a conhecer no testemunho da virtude.

Em consequência, poderíamos dizer que as muralhas de Sião constituídas por Deus são os santos Apóstolos e Evangelistas, aprovados por sua própria palavra, que nunca se equivoca nem se desvaloriza. Seus nomes estão escritos no céu e constam no livro da vida. Não temos que maravilhar-nos se diz que os santos são os baluartes e as muralhas da Igreja. Ele mesmo é muro e é baluarte como uma fortaleza.

Da mesma forma que Ele é a luz verdadeira e, entretanto, diz que eles são a luz do mundo, assim também, sendo Ele o muro e a segurança daqueles que creem n’Ele, conferiu aos santos esta estupenda dignidade de serem chamados muralhas da Igreja.”(1)

Vivamos intensamente a Semana Santa, contemplando o Mistério da Vida, Paixão e Morte de Jesus Cristo, Nosso Senho.

Contemplemos e sigamos Seus passos, procurando a mais perfeita configuração a Ele, com mesmos sentimentos (Fl 2,5).

N’Ele e com Ele renovemos nossas forças, participando intensamente de todas as atividades, celebrações que forem propostas pela Igreja, e tão somente assim poderemos celebrar com júbilo a Sua Páscoa e o transbordamento de amor, luz e alegria, quando Ele Ressuscitar, na madrugada tão esperada. 

(1) Lecionário Patrístico Dominical – Editora Vozes – 2013 - pp. 71-72.

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4º Bispo da Diocese de Guanhães - MG