segunda-feira, 25 de março de 2024

Escrever e narrar nossas histórias


Escrever e narrar nossas histórias

“Se, pois ressuscitastes com Cristo, procurai as coisas do alto,
onde Cristo está à direita de Deus” (Cl  3,1)

Ontem o céu estava azul sem nuvens e o sol brilhava tão forte.
Com tinta vermelha, escrevi algumas histórias memoráveis que tingiram o chão com sangue, pela coragem do martírio, no testemunho da fé: quantos nomes me vieram ao coração.

Derramaram sangue e morreram para trigo não só se tornarem, e se tornaram semente de novos cristãos. Sei que há muitas outras que poderiam ter sido escritas...

Também com a tinta verde, escrevi outras histórias de pessoas que conheci, que foram no mundo sinais de esperança por onde passaram, enquanto viveram, movidos pela fé que fundamentava todo o seu viver, de mãos dadas com a inflamada caridade em tudo que fazia.

A elas muitos recorriam, quando sonhos pareciam pesadelos se tornarem, e nunca voltavam sem uma palavra, abriam, antes, impensáveis horizontes, saídas possíveis, novas perspectivas.

Mas à tarde escuro ficou o céu, precedendo às nuvens que pouco depois verteriam.
Por pouco tempo, pude escrever com a tinta prateada que brilhava tão forte e que todos os lugares do mundo poderiam ser lidos.

Escrevi histórias de pessoas que enfrentaram dificuldades, mas não permitiram que as tempestades, ventos fortes levassem seus sonhos, projetos.

Firmados na Palavra divina, luz para o caminho, seguiram passo a passo, vencendo toda e qualquer adversidade, tão humanos apenas, mas com algo que faz a diferença: a inabalável fé na Palavra do Senhor.

A chuva passou, a noite chegou, e com ela, a lua e as estrelas numa noite memorável.
No céu, com lua minguante e estrelas pontilhadas, continuei escrevendo inesquecíveis histórias.

Com tinta dourada cintilante, escrevi histórias de algumas pessoas, que não têm ouro e prata para adquirir ou comprar.

Escrevi histórias de pais e mães que passaram pelo mundo, por mim e talvez por você, e te contou estórias bonitas, te fez tecer novas e belas histórias, assegurando a sagrada memória de uma família.
A noite ficou tão iluminada, como nenhuma noite antes consiga me lembrar...

Hoje é outro dia. Não sei como está o céu lá fora. Não importa!
O que conta é que você se some comigo para continuar a escrever outras histórias no céu.
História de pessoas inesquecíveis para nós, que buscaram as coisas do alto, onde Cristo está à direita de Deus.

Contemos, lembremos, conheçamos e escrevamos as histórias de quem perfumou de Evangelho a existência humana no seu tempo e em todo o tempo, pois histórias assim tem germe de eternidade, pois, souberam tecer com sabedoria cada fio da história desabrochando no epílogo da eternidade.

Tinta não nos faltará... Continuemos a escrever e contar belas, boas e sadias histórias. E não são poucas...

Ainda que não seja no céu ou numa tela... todas elas estão em nossa memória e coração.

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4º Bispo da Diocese de Guanhães - MG