segunda-feira, 10 de junho de 2024

Vejo-Vos...


 Vejo-Vos...

“Tal como ouvimos, assim vimos...”
Tal como ouvi, assim vi.

Eu Vos adoro, Senhor, Rei da terra,
Com todas as nações Vos sirvo,
Contemplo Vossa glória por toda a terra.

Vejo Vossos pés e mãos não mais por pregos fixos.
Vejo-Vos nos pés cansados e mãos calejadas.
Vejo-Vos nas mãos enrugadas pelo tempo.
Vejo-Vos nas mãos dos que se abrem e se solidarizam.

Vejo-Vos nos corpos pendentes pelo peso da cruz;
Da cruz do desemprego, da enfermidade, da solidão.
Vejo-Vos nos corpos pendentes, em corpos anêmicos
Que suplicam um copo de água, um pedaço de pão.

Vejo-Vos nos que estão nus, despidos de sonhos,
De esperança, porque lhes foi arrancada e pisoteada.
Vejo-Vos nos que foram sugados, vilipendiados,
Com direitos naturais à vida, subtraídos, negados.

Mas, vejo-Vos reinando naqueles que não se dobram
Diante da tirania do lucro, do poder, do prestígio, da fama,
E não traem seus princípios de igualdade, comunhão,
Na mais bela relação de liberdade, paz e fraternidade.

Vejo-Vos agindo naqueles que se comprometem
Com a Boa Nova do Vosso Reino, pelo qual Vos consumistes,
A própria vida entregastes, numa incrível História de Amor,
Que se consumou Ressuscitando e no céu fostes coroado.

Vejo-Vos naqueles que vivem e creem em Vós
Com fé inquebrantável, esperança viva e fortificada,
Caridade ativa, semente de um novo e belo tempo,
Pelo Pão da Palavra e da Eucaristia alimentados.

Vejo-Vos por um instante no tempo com coroas de espinhos
Escarnecido, crudelissimamente maltratado, por ela coroado.
Vejo-Vos por um tempo infinito recebendo uma nova coroação,
Acompanhada pelos Anjos e Santos que Vos louvam e glorificam. 

“Tal como ouvimos, assim vimos...” Tal como ouvi, assim vi.
Assim Vos vejo, Senhor, e quero assim imitar-Vos,
Praticando a compaixão, alcançando a máxima felicidade.
Vejo-Vos Encarnado, Padecente, Morto, Glorioso e Ressuscitado.

Vejo-Vos em corpos que vão silenciosamente morrendo.
Vejo-Vos em sinais de Ressurreição que vão acontecendo.
Vejo-Vos morrer, Vos vejo Ressuscitar,
A fé me concede um novo olhar...

                                            Amém. Aleluia! 

O inadiável desafio da integração pastoral

O inadiável desafio da integração pastoral

Uma temática muito oportuna e necessária: a integração das pastorais; a comunhão daqueles que, pelo Batismo e pela graça divina (não por próprios méritos), participam da ação evangelizadora, colaborando na edificação da Igreja a serviço do Reino de Deus.

À luz da Sagrada Escritura, façamos nossa reflexão, fundamentados nos Apóstolos Pedro e Paulo e nos ensinamentos do Papa Clemente I (séc. I), que muita luz nos trará para a construção e solidificação da integração pastoral, na maturação da concórdia e mútua ajuda.

É mais do que necessário que, com tenacidade e decidida coragem, nos empenhemos na construção da paz e, por mais que o façamos ainda será pouco para que sejamos, de fato, a visibilidade esplendorosa do rosto do Cristo Ressuscitado.

Portanto, mais do que caminharmos de mãos dadas, precisamos de um coração aberto ao outro, na acolhida, na sinceridade de relacionamentos, no perdão, na abertura e amadurecimento, fazendo valer o que os apóstolos nos ensinaram. 

Mais que mãos dadas, são corações seduzidos, apaixonados e enraizados no amor de Cristo que nos farão mais fraternos, mais credíveis testemunhas do Ressuscitado.

Um aprendizado fundamental enraíza-se na vivência das virtudes teologais - fé, esperança e caridade -, como tão bem é nos apresentado no Catecismo da Igreja Católica (n. 1813).

A integração pastoral é importante, entretanto, somente chegaremos a ela através da Palavra de Deus, que mais do que ser lida e refletida, precisa ser acolhida, vivida e testemunhada, plantada na fertilidade de nosso coração e entranhada no mais profundo de nossa alma.

Voltemo-nos às palavras do Papa Bento XVI:    

"Não se trata de anunciar uma Palavra anestesiante, mas desinstaladora, que chama à conversão, que torna acessível o encontro com Ele, através do qual floresce uma humanidade nova".

Todo tempo seja para nós como um grande Pentecostes, um sopro do Espírito; que a Palavra de Deus não fique apenas no conhecimento, mas seja iluminadora de nossos pensamentos, palavras e ações. E assim, nos coloquemos de mãos dadas a caminho do Reino.

Há um longo caminho a percorrer, sem medos, recuos, acovardamento e deserção. O Ressuscitado conosco caminha, Seu Espírito conosco está para fidelidade maior ao Projeto do Pai.

Sem a integração pastoral, empobrecemos o espírito da Pastoral de Conjunto, e perdemos a força da ação Evangelizadora.

Que cada um faça bem e com amor o que lhe é próprio!


Que cada um faça bem e com amor o que lhe é próprio!

Há muito tempo a Igreja insiste na Pastoral de Conjunto e no respeito às instâncias decisivas e participativas dentro ou até mesmo fora dela, do qual não podemos esquecer, pois estaríamos nos afastando no retrato das primeiras comunidades: “Os cristãos eram perseverantes na doutrina dos apóstolos...” (Atos 2,42-45).

Nas páginas bíblicas contemplamos o agir de Deus e vemos que é próprio do Seu amor nos educar para a liberdade, a responsabilidade e a verdade.

Lamentavelmente, muitos ainda não aprenderam a corresponder à altura este amor, pois não querem ou não se abrem para estes ensinamentos que nos conduziriam inevitavelmente a uma autêntica espiritualidade e maturidade cristã, e consequente fortalecimento de nossas comunidades, conferindo à evangelização mais ardor e renovação em expressões e métodos.

Isto nos leva a refletir sobre a necessidade de retomar um princípio muito forte, o Princípio da Subsidiariedade, que tem seus momentos nascentes na Encíclica “Quadragesimo Anno” (1931), quando o Papa Pio XI já chamava o mundo para a necessária busca de caminhos para uma verdadeira ordem internacional.

O Princípio da Subsidiariedade deve promover uma harmonização das relações entre os indivíduos e as sociedades, instaurando uma verdadeira ordem internacional, sendo também fundamental para a construção de relações de poder e serviço dentro da própria Igreja, devendo ser incansavelmente aprendido em âmbito paroquial, regional, diocesano, enfim, na Igreja como um todo.

Vejamos o que diz o Catecismo da Igreja acerca do referido Princípio no parágrafo 1883: “Segundo este Princípio, uma sociedade de ordem superior não deve interferir na vida interna de uma sociedade inferior, privando-a de suas competências, mas deve, antes, apoiá-la em caso de necessidade e ajudá-la a coordenar sua ação com as dos outros elementos que compõem a sociedade, tendo em vista o bem comum”

E no parágrafo 1884, insistindo na liberdade humana para a qual Deus nos criou e que deve ser acompanhada e inspirada de sabedoria no governo, independente de que ordem seja, diz que: “Deus não quis reter só para si o exercício de todos os poderes. Confia a cada criatura as funções que esta é capaz de exercer, segundo as capacidades da própria natureza. Este modo de governo deve ser imitado na vida social. O comportamento de Deus no governo do mundo, que demonstra tão grande consideração pela liberdade humana, deveria inspirar a sabedoria dos que governam as comunidades humanas. Estes devem comportar-se como ministros da providência divina”.

Portanto, se o Princípio da Subsidiariedade, em nossas comunidades, bem entendido e vivido o for, o poder será a expressão do serviço, como nos ensinou o Senhor; a abertura ao outro e a alegria em servir se farão presentes em todos. Importa nos espaços da Igreja, no bom desempenho da pastoral observar o que lhe é próprio e intransferível sem invadir o espaço do outro.

Concluindo:

Temos ainda muito a aprender para, de fato, correspondermos ao amor e a confiança que Deus, em nós, deposita. Somente assim cresceremos e amadureceremos para aquilo que Deus espera de nós, pois é próprio do Amor de Deus querer sempre o melhor de nós... Eis uma das faces da Misericórdia Divina que alguns já descobriram...

Princípio da Subsidiariedade vivido, pastoral frutuosa será, a começar das comunidades, mas se espraiando na Igreja como um todo.

Temos ainda muito a nos converter para sua prática, estejamos onde estivermos, ou independentemente de onde ou em que participamos.

Que o Princípio da Subsidiariedade jamais seja esquecido! Pois se levado em conta, nos ajudará a avançar para águas mais profundas na perfeita comunhão e participação... 

Exortações Paulinas para o discipulado

 


Exortações Paulinas para o discipulado

Apóstolo Paulo, verdadeiramente um ministro de Deus: firmeza nas tribulações, inúmeras virtudes que acompanham sua vida apostólica, e fidelidade e paixão pelo Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo.

Tudo isto, e muito mais, encontramos em suas Cartas na Sagrada Escritura, como podemos conferir na 2ª Carta aos Coríntios (2 Cor 6,1-10; 7,5): – “Em verdade, quando chegamos à Macedônia, nossa carne não teve repouso algum, mas sofremos toda espécie de tribulação: por fora, luta; por dentro, temores.” 

Suas palavras penetram as entranhas de nosso coração: – “Irmãos, como colaboradores de Cristo, nós vos exortamos a não receberdes em vão a graça de Deus, pois Ele diz:’ No momento favorável, Eu te ouvi e no dia da salvação, Eu te socorri.”(2 Co 6,1).

Enriquecidos sejamos pelo comentário do Missal Cotidiano:

“‘Não deixeis escapar o momento favorável’. Vivemos em ambiente ofuscado e aturdido pela publicidade. Na rua ou em casa, é toda uma sequência de flashs, imagens e vozes que propiciam centenas de ocasiões ‘únicas’.

Em meio a esse alarido, chega-nos hoje a voz do apóstolo: ‘Não recebais em vão a graça! Hoje é o dia!’ Corre o risco de chegar deslocada, se a recebermos no mesmo plano das outras ‘vozes’ que desde cedo quase nos tomam de assalto.

‘Trazia todas estas coisas guardadas no coração’ (Lc 2, 51). É uma característica de Maria, viver em plenitude o momento presente, captando-lhe a profundeza.

A eternidade não está espalhada em migalhas de tempo, porém toda concentrada no momento presente. Cada instante é completo, porque cheio da presença de Deus. Viver intensamente o hoje é antiga sabedoria cristã.” (1)

Oremos:

“Ó Deus, força daqueles que esperam em Vós, sede favorável ao nosso apelo, e como nada podemos em nossa fraqueza, dai-nos sempre o socorro da Vossa graça, para que possamos querer e agir conforme Vossa vontade, seguindo os Vossos Mandamentos. Por N.S.J.C. Amém.” (2) 

 

(1) Comentário do Missal Cotidiano sobre a passagem 2 Cor 6,1-10) – Editora Paulus – p.901

(2)Oração do dia – 12ª Semana do Tempo Comum

Construamos diques de coragem

                                                     

Construamos diques de coragem

“Devemos construir diques de coragem
para conter a correnteza do medo”
(Martin Luther King)

Em tempos difíceis e obscuros por que passamos, em diversos âmbitos,  reflitamos sobre a necessária coragem, que pode ser arruinada, absolutamente destruída pelo medo, fazendo multiplicar a dor, sofrimento e morte de tantos.

Recorro às memoráveis palavras de Martin Luther King sobre a missão de construir diques de coragem, para conter a correnteza do medo, e assim, reescrevermos novas páginas de vida plena, abundante e feliz para todos: “Devemos construir diques de coragem para conter a correnteza do medo”.

Oportuna esta definição de diques: são construídos com a função simples, no entanto, muito importante: conter a água. Eles ajudam a evitar que rios e lagos transbordem durante tempestades e provoquem inundações em terras baixas.

São também construídos para drenar terras que, em estado natural, ficariam debaixo d’água, e deste modo, podem ser usados para criar novas áreas de terra seca ao longo de uma região costeira. (1)

Construamos diques de coragem no primeiro espaço vital de todos nós, ou seja, na família, onde refazemos aprendizados que nos acompanham por toda a vida, dentre eles, a coragem, desde as primeiras quedas, ao aprendermos a andar.

Construamos diques de coragem nas escolas, onde a violência, lamentavelmente, se faz presente, colocando em risco alunos e professores, quando nela haveria de ser o espaço da busca e troca de saberes, para vencermos o medo do mar infinito do analfabetismo.

Construamos diques de coragem no vasto e complicado mundo da política, para conter a correnteza da apatia, indiferença, omissão, para salvaguardar sua real vocação: a prática sublime da caridade, que tenha tão apenas em vista a promoção do bem comum.

Construamos diques de coragem  em todos os lugares por onde andarmos, para conter a correnteza do medo, a fim de que não faça ruir e desmoronar os mais sagrados e belos sonhos acordados, que cultivamos de novos céus e nova terra.

É tempo favorável para construir diques, unindo-nos a todas as pessoas de boa vontade, que professem ou não a nossa fé, mas que carreguem na alma a pureza, no coração a caridade, no olhar a esperança, porque creem na dignidade e sacralidade de cada pessoa. 



Em poucas palavras...

                                                    


A vida do cristão

“A fé, a verdade e a esperança devem ser alimentadas e caracterizadas por comportamentos, atitudes que, na fidelidade à doutrina e ao ensinamento transmitido, manifestem também exteriormente o rosto da fé.

A vida do cristão não é uma vida tomada ao de leve, que se adapta ao comportamento comum ou àquilo que é mais cômodo, mas é uma vida que compromete continuamente a pessoa na coragem e na escolha da fé.” (1)

 

 

(1)Lecionário Comentado – Tempo Comum – Volume II – Editora Paulus – Lisboa – 2011 – pág. 763 

Comentário sobre a passagem da Leitura: Tt 1,1-9

 

Rogo a Deus que te abençoe e te acompanhe

                                                 

Rogo a Deus que te abençoe e te acompanhe

“A Deus, que tudo pode realizar superabundantemente, e muito
mais do que nós pedimos ou concebemos, e cujo poder atua
em nós, a Ele a glória, na Igreja e em Jesus Cristo,
por todas as gerações, para sempre. Amém”
(Ef 3,20-21)

Esteja o sol brilhando ou não,
Sei que hoje é um dia especial para ti e para nós.

Completas mais um ano de vida, e assim uma página de tua história,
Com dias luminosos, e, provavelmente, outros nem tanto.

Repassa os momentos que viveste, sejam eles ruins ou bons,
Pois a vida é uma colcha tecida com mil retalhos.

Desejo que tenham sido incontáveis os bons,
E que naqueles que não foram, tenhas vencido, aprendido.

Acredita que as sementes do bem que plantou,
No coração dos que encontrou, hão de frutificar.

Agradeça pelos amanheceres e entardeceres,
Sempre com a inextinguível luminosidade divina.

Lembra-te dos ventos contrários que venceste,
E recoloca a tua nau sempre rumo às sagradas metas.

Lembra-te dos dias chuvosos que regaram o chão,
Como as graças copiosas que regaram teu coração.

Agora é um novo começo, um novo ano pleno do amor divino,
Para viveres intensamente, com saúde e paz todos os dias.

Peço que o Espírito do Senhor repouse sobre ti,     
E ilumine cada passo que deres com divina proteção.

Com bolos, bebidas, festas de praxe ou nada disto,
Mas não falte nossa admiração, carinho e oração.

Rogo a Deus que te abençoe e te acompanhe,
Ao semeares, cada dia, sementes da verdade e do bem.

Rogo a Deus que te abençoe e te acompanhe,
Ao remares e levares tua nau, refazendo-te nos portos seguros da oração.

Rogo a Deus que te abençoe e te acompanhe,
Para que subas à Montanha Sagrada e ouças o Senhor.

Rogo a Deus que te abençoe e te acompanhe,
Para que desças à planície do cotidiano e sejas feliz.

Rogo a Deus que te abençoe e te acompanhe:

“A Deus, que tudo pode realizar superabundantemente,
e muito mais do que nós pedimos ou concebemos,
e cujo poder atua em nós, a Ele a glória,
na Igreja e em Jesus Cristo,  por todas as gerações, para sempre”.

Bênçãos, graça, paz e todo o bem para ti,
Ontem, hoje e sempre. Amém.

Quem sou eu

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4º Bispo da Diocese de Guanhães - MG