segunda-feira, 10 de junho de 2024

Que cada um faça bem e com amor o que lhe é próprio!


Que cada um faça bem e com amor o que lhe é próprio!

Há muito tempo a Igreja insiste na Pastoral de Conjunto e no respeito às instâncias decisivas e participativas dentro ou até mesmo fora dela, do qual não podemos esquecer, pois estaríamos nos afastando no retrato das primeiras comunidades: “Os cristãos eram perseverantes na doutrina dos apóstolos...” (Atos 2,42-45).

Nas páginas bíblicas contemplamos o agir de Deus e vemos que é próprio do Seu amor nos educar para a liberdade, a responsabilidade e a verdade.

Lamentavelmente, muitos ainda não aprenderam a corresponder à altura este amor, pois não querem ou não se abrem para estes ensinamentos que nos conduziriam inevitavelmente a uma autêntica espiritualidade e maturidade cristã, e consequente fortalecimento de nossas comunidades, conferindo à evangelização mais ardor e renovação em expressões e métodos.

Isto nos leva a refletir sobre a necessidade de retomar um princípio muito forte, o Princípio da Subsidiariedade, que tem seus momentos nascentes na Encíclica “Quadragesimo Anno” (1931), quando o Papa Pio XI já chamava o mundo para a necessária busca de caminhos para uma verdadeira ordem internacional.

O Princípio da Subsidiariedade deve promover uma harmonização das relações entre os indivíduos e as sociedades, instaurando uma verdadeira ordem internacional, sendo também fundamental para a construção de relações de poder e serviço dentro da própria Igreja, devendo ser incansavelmente aprendido em âmbito paroquial, regional, diocesano, enfim, na Igreja como um todo.

Vejamos o que diz o Catecismo da Igreja acerca do referido Princípio no parágrafo 1883: “Segundo este Princípio, uma sociedade de ordem superior não deve interferir na vida interna de uma sociedade inferior, privando-a de suas competências, mas deve, antes, apoiá-la em caso de necessidade e ajudá-la a coordenar sua ação com as dos outros elementos que compõem a sociedade, tendo em vista o bem comum”

E no parágrafo 1884, insistindo na liberdade humana para a qual Deus nos criou e que deve ser acompanhada e inspirada de sabedoria no governo, independente de que ordem seja, diz que: “Deus não quis reter só para si o exercício de todos os poderes. Confia a cada criatura as funções que esta é capaz de exercer, segundo as capacidades da própria natureza. Este modo de governo deve ser imitado na vida social. O comportamento de Deus no governo do mundo, que demonstra tão grande consideração pela liberdade humana, deveria inspirar a sabedoria dos que governam as comunidades humanas. Estes devem comportar-se como ministros da providência divina”.

Portanto, se o Princípio da Subsidiariedade, em nossas comunidades, bem entendido e vivido o for, o poder será a expressão do serviço, como nos ensinou o Senhor; a abertura ao outro e a alegria em servir se farão presentes em todos. Importa nos espaços da Igreja, no bom desempenho da pastoral observar o que lhe é próprio e intransferível sem invadir o espaço do outro.

Concluindo:

Temos ainda muito a aprender para, de fato, correspondermos ao amor e a confiança que Deus, em nós, deposita. Somente assim cresceremos e amadureceremos para aquilo que Deus espera de nós, pois é próprio do Amor de Deus querer sempre o melhor de nós... Eis uma das faces da Misericórdia Divina que alguns já descobriram...

Princípio da Subsidiariedade vivido, pastoral frutuosa será, a começar das comunidades, mas se espraiando na Igreja como um todo.

Temos ainda muito a nos converter para sua prática, estejamos onde estivermos, ou independentemente de onde ou em que participamos.

Que o Princípio da Subsidiariedade jamais seja esquecido! Pois se levado em conta, nos ajudará a avançar para águas mais profundas na perfeita comunhão e participação... 

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4º Bispo da Diocese de Guanhães - MG