quarta-feira, 26 de junho de 2024

O coro dos Profetas

                                                          

O coro dos Profetas

A Liturgia da quarta-feira da 12ª semana do Tempo Comum apresenta a passagem do Evangelho (Mt 7,15-20), que nos remete à reflexão sobre o verdadeiro e o falso profeta.

O verdadeiro Profeta é aquele que, lendo a História e a interpretando à luz da Palavra de Deus, consegue provocar a conversão das pessoas com quem estabelece relacionamentos, através das palavras e ações o acompanham, e que podem ser traduzidas em frutos, conforme nos fala o Evangelho.

Assim lemos no Lecionário Comentado:

“É muito humana e viva a imagem do falso profeta, que se apresenta com garbo e agrado, procurando obter a complacência das massas para lhes contentar as aspirações mais baixas.

E é também muito atual: os meios de comunicação social, que manipulam as mentes e os comportamentos dos seus utentes, servem-se da ‘captatio benevolentiae’, conseguindo obter consensos e sequazes e modelando a sociedade.

Mais fácil é seguir os falsos profetas, os magos, os adivinhos e os corruptores dos costumes, os quais, servindo-se das pulsões mais baixas da pessoa, satisfazem-lhes as necessidades superficiais, estimulam-lhes as ambições, as falsas seguranças, e não as ajuda a crescer.

A vida cristã não se constrói sobre as seguranças humanas, pelo contrário, comporta aceitar o risco, a aventura, a aposta na única Palavra eficaz e vencedora.” (1)

De fato, vivemos numa sociedade em que existem profetas que falam o que as pessoas gostam de ouvir, e, felizmente, temos também Profetas que falam o que deve ser dito.

Devemos sempre ficar atentos e vigilantes para os falsos profetas, pois sua palavra não provoca mudança de vida, não produz fruto algum, ao contrário, condena as pessoas à solidificação de uma espiritualidade estéril; vivendo em conformidade com a situação que for mais favorável e realizadora das satisfações e interesses próprios.

Urge que se multipliquem entre nós os verdadeiros Profetas, para que, com coragem, com o discernimento do Espírito, falemos o que precisa ser ouvido para alcançarmos mutuamente a conversão, mudança de vida, numa verdadeira metanoia, produzindo frutos que permaneçam.

Urge, também,  entre nós Profetas que não se conformem com a situação atual, quando marcada por privilégios e pecados, mas com ânsia de transformação desta, porque têm interesse de que o Reino de Deus aconteça, com um modo de viver marcado por novas relações, fundadas e alicerçadas nos valores da fraternidade, da comunhão, da alegria, da solidariedade, da paz.

A História da Humanidade nos apresenta inúmeros Profetas, e o último deles foi João Batista, o maior de todos os homens nascidos de mulher, segundo o próprio Jesus; o maior de todos os Profetas, João Batista, que apontou Aquele que anunciou, e, vivendo sua missão, levou muitos à conversão, ainda que fosse uma voz solitária clamando no deserto.

Sendo a nossa vida uma grande travessia no deserto, urge que nossa voz se una a de João, para também anunciarmos a Vida Nova que o Senhor Jesus veio nos trazer.

É preciso que cresça o número do coro dos Profetas que plantem sementes de um mundo novo, enquanto é dia, sonhem acordados também enquanto seja dia, e continuem sonhando na noite da história, até acordar num novo, belo e indescritível amanhecer da chegada do Reino, de um novo céu e de uma nova terra, porque as coisas antigas já terão passado.  


(1) Lecionário Comentado - Editora Paulus - pp. 590-591.

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