sexta-feira, 7 de junho de 2024

É preciso corresponder ao amor de Deus (SCJ)

                                                            

É preciso corresponder ao amor de Deus

“Oseias, Profeta do amor, canta a fidelidade do Amor de Deus
para com a humanidade e Sua capacidade de perdão”.

Reflitamos sobre o Sagrado Coração de Jesus, à luz da passagem do Livro do Profeta Oseias (Os 11,1.3-4.8c-9),  na qual contemplamos a face misericordiosa de Deus, Sua fidelidade irrevogável que se manifesta no perdão, no convite à conversão:

“Quando Israel era criança, Eu já o amava, e desde o Egito chamei meu filho... Ensinei Efraim a dar os primeiros passos, tomei-o em meus braços, mas eles não reconheceram que Eu cuidava deles.

Eu os atraía com laços de humanidade, com laços de Amor; era para eles como quem leva uma criança ao colo; e rebaixava-me a dar-lhes de comer. Meu coração comove-se no íntimo e arde de compaixão...”

É sempre imperativo para o profetismo a ser vivido, voltar-se para Deus em absoluta relação de amor com Ele, aprofundando nossa fidelidade aos Seus preceitos, em relacionamentos de gratuidade para com Ele e com nosso próximo. 

A confiança incondicional na Sua presença deve ser sempre acompanhada de frutuosa prática da justiça para que o culto seja a Ele agradável, de modo que, o suor e o sangue, se necessário no chão derramados reguem sementes de um novo amanhecer, tão somente assim o incenso que se sobe no culto, será por Ele aceito.

Profecia é sinal de sangue e suor derramados, incenso ao Deus Vivo e Verdadeiro elevado!

O Profeta nos convida a refletir, a tomar consciência e abandonar o ignominioso serviço às divindades inexistentes, materializada na adoração muito presente entre nós como nos diz com toda profundidade o Missal  Cotidiano (pág. 996):

“Hoje gritariam os Profetas contra muitas divindades a quem os cristãos queimam incenso de sua devoção, pretendendo ao mesmo tempo continuar cristãos: a divindade do dinheiro, do sexo, do comodismo e dos bens de consumo, a divindade do carro, da televisão, do estrelismo em todas as formas, esportes, cinema, moda...

‘Afinal de contas, que mal há nisso?’ pergunta-se. O cristão, porém, não deve caminhar levianamente; deve examinar-se, para ver se e em que medida alguma dessas divindades o impede de ter verdadeiro relacionamento com Deus”.

Somente a fidelidade a Deus e Seu Projeto conduzirá a humanidade à verdadeira felicidade, na construção de relacionamentos fundados na prática da justiça, externados em gestos solidários que levem à edificação da fraternidade universal. 

Eclipsá-lo, mesmo afirmar Sua morte, têm sido motivos para o caos em que muitas vezes nos encontramos mergulhados, sem perspectivas utópicas, sem horizontes promissores...

A reflexão do Livro do Profeta Oseias nos leva a tomar uma atitude: ceder ao ignominioso serviço idolátrico voltando-nos contra nós mesmos ou viver na fidelidade e adoração verdadeira do retorno para Deus em absoluta fidelidade a Sua Lei, que se resume no amor a Ele e ao próximo, prelibando a alegria da conversão, do perdão obtido em alegre e verdadeiro louvor a Ele também oferecido.

A idolatria, a infidelidade e a ingratidão para com Deus levam-nos, inevitavelmente, a uma ignominiosa realidade. Indubitavelmente a adoração e o culto a Deus, expressos no amor e no serviço ao próximo, levar-nos-á a prelibação da alegria no mais fundo de nosso coração, onde Ele fez Sua morada.

Ah, o Amor de Deus, como compreendê-lo?
Impossível para nossos critérios e conceitos.
Amor de Deus, mais que compreendido,
Precisa ser correspondido e vivido,
eis o caminho a percorrer e melhor viver!

A preciosa oferta da viúva


A preciosa oferta da viúva

Reflexão à luz da passagem do Evangelho de Marcos (Mc 12,38-44), sobre a oferta da pobre viúva no templo.

Reflitamos sobre o culto verdadeiro e agradável a Deus, tão diferente dos cultos marcados pelas aparências dos rituais: Deus não tem interesse por grandes manifestações religiosas ou ritos externos suntuosos. 

Da mesma forma, não mede nossas ações e gestos com algarismos, ao contrário, mede com o amor; avalia de acordo com os valores interiores da pessoa porque Ele vê além das aparências, vai até o coração.

O culto autêntico deve ser marcado na atitude de vida: doação, confiança e entrega total em favor do próximo, esvaziando-se de si mesmo e colocando-se plenamente nas mãos de Deus.

Esta passagem é situada em Jerusalém, nos dias que antecedem à prisão, julgamento e morte de Jesus.

Jesus faz uma crítica aos ritos vazios, desmascarando a hipocrisia, a incoerência dos cultos e ritos realizados no templo pelos doutores da lei, e nos ensina como deve ser um culto agradável a Deus. De fato Deus vê além das aparências. 

Os doutores da lei têm comportamentos hipócritas, uma devoção de fachada, revelando que os ritos externos que realizam, os gestos teatrais, o cumprimento das regras, ainda que religiosamente corretas, não aproximam as pessoas de Deus, e nem as conduzem à santidade de Deus. 

Os discípulos de Jesus deverão ter outra atitude diante de Deus e do próximo: dom total, despojamento pleno, entrega radical e sem medida. Viver a fé cristã não é uma representação teatral.

De fato, o verdadeiro crente é aquele que nada guarda para si, mas no dia a dia, no silêncio e nos gestos mais simples, sai do seu egoísmo e da sua autossuficiência, colocando toda sua existência nas mãos de Deus.

Há momentos em que tudo escurece, falta-nos apoio, nossa vida parece tremer. É nesta hora que damos o autêntico testemunho da solidez de nossa fé, e verdadeiramente, podemos dizer: “Senhor, eu creio, mas vem em auxílio de minha pouca fé, e minha fraqueza. Pai, entrego-me em Tuas mãos”.

Urge que nos coloquemos totalmente nas mãos de Deus, oferecendo a Ele toda a nossa vida, vivendo na gratuidade, e não na troca de favores, sem procurar fama e privilégios.

Também precisamos nos despojar de nossos projetos pessoais e preconceitos, a fim de nos entregarmos com total confiança nas mãos de Deus, com completa doação, dando um salto em total abandono no Senhor, sem nenhuma dúvida ou hesitação. 

Assim viveremos uma fé amadurecida, na doação total inclusive nas situações mais adversas, no testemunho da pobreza evangélica, acompanhada da humildade e fecundidade, num amor sem limites e incondicional.

Tão somente assim teremos uma verdadeira motivação de nosso engajamento pastoral, em total expressão de gratuidade, sem procura de honrarias, valorização, promoção ou elogios.

Oremos:

"Que Deus, afastando de nós todos os obstáculos, nos acompanhe para que inteiramente disponíveis nos coloquemos a serviço do Reino, na fidelidade a Jesus Cristo, com a força do Santo Espírito. Amém”.

quinta-feira, 6 de junho de 2024

Amados para amar

                                                              

Amados para amar
“Amai-vos uns aos outros assim
como Eu vos amei”

Senhor Deus, contemplo Vosso amor, que nos requer como seres humanos por inteiro, porque assim desejais desde o princípio ao nos criar à Sua imagem e semelhança.

Senhor Deus, fazei transbordar em nosso coração, no centro de cada pessoa, nas ideias e nas decisões, o Vosso indizível e mais que necessário amor.

Senhor Deus, amando-nos, imensuravelmente, infundi em nossa alma o Vosso amor, fonte dos afetos, dos sentimentos e das emoções, a fim de que sejamos santificados os nossos sentimentos e afetos...

Senhor Deus, conduzi-nos e ensinai-nos a amar como Vosso Filho, Jesus Cristo, que nos confirmou no amor a Vós com toda a nossa mente, sem nada para Si reter.

Senhor Deus, envolvei-nos com Vosso imenso amor, iluminai a nossa inteligência e mente, dilatando nossos pensamentos, a fim de que evitemos quaisquer resquícios de fanatismos e os entusiasmos passageiros.

Senhor Deus, que Vos amando com toda a mente, reconheçamos em Vós o Deus único, absoluto e onipotente e misericordioso, um Deus infinitamente maior do que possamos conceber.

Senhor Deus, por Vós amados, podemos Vos amar e amar nosso próximo como Jesus Cristo, Vosso Amado Filho, nos amou, e um Novo Mandamento nos deixou:

Amai-vos uns aos outros assim como Eu vos amei” (Jo 15,12).


Fonte inspiradora: Lecionário Comentado – Volume II, Editora Paulus – 2011 – p. 641; Mt 22, 34-40, Mc 12,28b-34; Lc 10,25-38).

Amores inseparáveis: a Deus e ao próximo




Amores inseparáveis: a Deus e ao próximo

O Mandamento do Amor é a essência da vida cristã

Na quinta-feira da 9ª Semana do Tempo Comum, ouvimos a passagem do Evangelho de Marcos (Mc 12,28b-34), e refletimos sobre o inseparável amor a Deus e ao próximo, que são os maiores Mandamentos da Lei Divina.

Amor que está no centro da experiência cristã, pois Deus espera que cada coração humano esteja submergido no Seu Amor.  

É preciso a imersão no Amor de Deus para transbordar, comunicar o amor ao próximo: eis o sentido do existir e do ser cristão em todo tempo.

Esta passagem aparece nos Evangelhos de Mateus e Lucas (Mt 22,34-40; Lc 10,25-28).

Mais uma vez, Jesus enfrenta os líderes religiosos de Seu tempo, após as questões polêmicas do tributo a César e da Ressurreição (não acreditada pelos Saduceus), Ele é interrogado sobre qual é o maior Mandamento.

Consideremos que os fariseus conservavam 613 mandamentos (sendo 365 proibições e 248 prescrições). Um verdadeiro emaranhado de preceitos e prescrições. 

Evidentemente, os pobres estavam impossibilitados deste conhecimento, e por eles eram considerados impuros e distantes de Deus.

A resposta de Jesus unifica e equipara os dois Mandamentos: “’Amarás o Senhor teu Deus de todo o teu coração, de toda tua alma e de todo o teu entendimento!’ Esse é o maior Mandamento.

O segundo é semelhante a esse: ‘Amarás ao teu próximo como a ti mesmo’”. Com isto podemos afirmar que toda revelação de Deus se resume no amor: amor a Deus e ao próximo. A Lei e os Profetas são apenas comentários, desdobramentos destes dois Mandamentos.

O Mandamento do Amor é o resumo de toda Lei, pois a vida cristã consistirá em amar como Jesus ama ao Pai, com Seu Espírito – o Amor Trinitário. 

Tudo que Deus faz é simplesmente por amor, e esta é essencialmente a marca de Seu agir. Assim, tudo quanto fizermos, tanto os gestos mais grandiosos de fidelidade quanto os menores, se ausente o amor, perdem a sua beleza e consistência.

Na verdade, os dois Mandamentos são o resumo de toda a Bíblia: que a vontade de Deus seja feita, numa entrega quotidiana de amor em favor do Reino, fazendo da vida um dom total de si mesmo, como Jesus o fez - o Missionário amado pelo Pai, na força do Espírito, o Amor que nos acompanha em todo momento.

Amando a Deus escutaremos Sua palavra e haveremos de nos empenhar no cumprir da vontade divina. No amor aos irmãos haveremos de nos solidarizar com todos os que encontrarmos pelo caminho. O amor, a solidariedade, o serviço, a partilha, o dom da vida em favor do outro nos faz adoradores de Deus, em espírito e verdade.

Na vivência do Amor a Deus e ao próximo Jesus fez cair as máscaras da hipocrisia de Seus opositores, que conhecedores da Lei, do Mandamento divino, mas tão apenas conhecedores, pois não os colocavam em prática, como Ele o fez em relação aos pequeninos, aos pobres, aos enfermos, aos marginalizados. 

Bem sabemos que este Amor que ama até o fim incomodou aqueles bem estabelecidos, porque com os preferidos de Deus jamais comprometidos:

Concluo com a afirmação do Missal Dominical:

“O Mistério de Cristo, no seu todo, é vivido na Igreja, no conjunto de seus membros em todos os séculos.

O contemplativo serve aos homens servindo a Deus; o ativo serve a Deus servindo aos homens...

O Santo Cura D’Ars suspirava por um convento e pela solidão, enquanto se dedicava inteiramente aos homens; e os conventos deram à Igreja grandes Papas, Bispos, Reformadores e Missionários, que passaram da contemplação e da solidão à ação mais perseverante e ininterrupta”. (1)

(1) Missal Dominical - Ed. Paulus - p.841
PS: Passagem do Evangelho proclamada no 31º Domingo do Tempo Comum (ano B)

Amor a Deus e ao próximo

Amor a Deus e ao próximo

Na Liturgia da quinta-feira da nona semana do Tempo Comum, ouvimos a passagem Evangelho de Marcos e no 31º Domingo do Tempo Comum (ano B), ouvimos a passagem do Evangelho de São Marcos (Mc 12,28b-34), sobre o Mandamento do amor a Deus e ao próximo.

Voltemo-nos a uma passagem do Antigo Testamento (Dt 32,15-24.30-34), que retrata o retorno de Moisés do cume da montanha, trazendo em suas mãos as duas Tábuas da Aliança, escritas de ambos os lados, como obra de Deus.

As Tábuas trazidas por Moisés, o Decálogo, eram o coração da Aliança no Sinai; uma síntese da Lei e são como “balizas” para a nossa vida, nossa conduta e atitudes, em relação a Deus e ao próximo.

Como “sinais de trânsito”, asseguram o percurso para a liberdade e vida verdadeira: A formulação das Dez Palavras, na sua maioria negativas, varia na extensão: mais ampla, a que diz respeito à relação com Deus; muito concisa a que concerne a relação com o próximo” (1)

Mas, esta Lei não é uma imposição externa, pois se trata de Dez Palavras de vida: “É um caminho traçado, diante de nós e dentro de nós, para guardarmos e saborearmos as belezas da vida” (2).

A Aliança do Povo com Deus implica em obrigações fundamentais diante d'Ele, e elas são sintetizadas nos Dez Mandamentos, para que não volte à velha escravidão e opressão da qual o Senhor os libertou, pois Deus quer ser adorado por um Povo livre e feliz.

A maior parte dos Mandamentos, de outro lado, assegura relações comunitárias e fraternas, sem egoísmo e cobiça.

Sendo o Senhor dono do templo, deveria receber toda adoração, e não se poderia adorar os ídolos que O substituiria e levaria o Povo para nova escravidão: egoísmo, autossuficiência, injustiça, comodismo, paixões, cobiça, exploração.

Curvar-se-ia diante de outros “deuses”: dinheiro, poder, afetos humanos, realização profissional, reconhecimento social, interesses egoístas, valores da moda e ideologias que se contrapõem a Lei do Senhor.

Portanto, a Lei exerce uma função fundamental para que não se caia em nova escravidão, como fora experimentada no Egito: “A Lei é a Palavra que estabelece a relação entre nós e o Senhor, uma Palavra que não nos limitaremos a cumprir exteriormente, mas que escutaremos e compreenderemos com uma participação intensa do coração” (3).

Voltando à passagem do Evangelho, Jesus sintetizou os Mandamentos em dois: “E Jesus respondeu-lhe: O primeiro de todos os mandamentos é: Ouve, Israel, o Senhor nosso Deus é o único Senhor. Amarás, pois, ao Senhor teu Deus de todo o teu coração, e de toda a tua alma, e de todo o teu entendimento, e de todas as tuas forças; este é o primeiro mandamento. E o segundo, semelhante a este, é: Amarás o teu próximo como a ti mesmo. Não há outro mandamento maior do que estes” (Mc 12, 29-31).

Segundo o Bispo Santo Agostinho: “Esses dois Preceitos devem ser sempre lembrados, meditados, conservados na memória, praticados, cumpridos. O amor de Deus ocupa o primeiro lugar na ordem dos Preceitos, mas o amor do próximo ocupa o primeiro lugar na ordem da execução. Pois, quem te deu esse duplo preceito do amor não podia ordenar-te amar primeiro ao próximo e depois a Deus, mas primeiramente a Deus e depois ao próximo”.

Concluindo, o Papa Bento XVI, em sua Encíclica “Deus caritas est”, assim afirmou: “O amor ao próximo é também uma estrada que conduz a Deus. Não amar o próximo é tornar-se míope de Deus”.

Reflitamos:

 -   Como vivemos os Dez Mandamentos da Lei de Deus?
 -   De que modo amamos e servimos ao Deus Vivo e Verdadeiro?

 -   Existe algum ídolo que nos afasta deste Deus?
 -   Como é a nossa relação com Deus e com nosso próximo?

Oremos:

Ó Deus de Amor, suplicamos o Vosso Espírito Santo, Espírito de Amor, para que vivamos um amor verdadeiro, fiel, profundo e sofredor, para que mais configurados ao Vosso Filho sejamos e vivamos a fidelidade aos ensinamentos e Mandamento do Amor que Ele nos deu, curados de toda a miopia espiritual, e assim, a Trindade amar na primeira ordem dos preceitos e ao próximo em primeiro lugar na ordem da execução. Amém.




PS: Fonte de pesquisa: www.Dehonianos.org/portal
(1) Lecionário comentado – volume I – Tempo Comum - Ed. Paulus – Lisboa – 2011 - p. 793
(2) idem p. 794
(3) Idem p. 797
PS: Passagem do Evangelho proclamada no 31º Domingo do Tempo Comum (ano B)

Não pequemos contra o amor de Deus

 


Não pequemos contra o amor de Deus

Reflexão à luz da passagem do Evangelho de São Marcos (Mc 12,28b-34) sobre os inseparáveis mandamentos do amor (amor a Deus e ao próximo).

Sejamos enriquecidos pelo que nos diz o Catecismo da Igreja Católica (1).

A fé no amor de Deus implica o apelo e a obrigação de corresponder à caridade divina com um amor sincero, de tal modo que amar a Deus sobre todas as coisas, e ao próximo por Ele e por causa d’Ele.

Apresenta cinco modos em que se peca contra o amor de Deus:

1º - a indiferença: negligência ou recusa a consideração da caridade divina, com o menosprezo da iniciativa de Deus em nos amar, negando a Sua força;

2º - a ingratidão: omite ou se recursa a reconhecer, por desleixo ou recusa formal, a caridade divina, não retribuindo amor com amor;

3º - a tibieza: hesitação ou negligência em corresponder ao amor divino, que pode implicar a recusa de se entregar ao dinamismo da caridade;

4º - a acídia ou preguiça espiritual: chega a recusar a alegria que vem de Deus e a ter horror ao bem divino;

5º - o ódio a Deus que nasce do orgulho: opõe-se ao amor de Deus, cuja bondade nega, e ousa amaldiçoá-lo como Aquele que proíbe o pecado e lhe inflige o castigo.

Urge que, como discípulos missionários do Senhor, façamos progressos contínuos na prática dos inseparáveis Mandamentos do Amor, amando como Jesus nos amou, como Ele mesmo nos ordenou – Amai-vos uns aos outros, assim como eu vos amei” (cf. Jo 13,34).

Oremos:

Ó Deus, livrai-nos de toda indiferença, ingratidão ao Vosso infinito amor por nós.

Que jamais a preguiça, a tibieza e o ódio a Vós criem raízes em nós,

No seguimento do Vosso Filho e com o Espírito Santo, trilhemos o caminho que nos leva até vós, vivendo, incansavelmente o Mandamento do Amor. Amém. 

 

(1) Catecismo da Igreja Católica – parágrafos 2093-2094

Não percamos a essência do ser cristão


Não percamos a essência do ser cristão

Reflexão à luz da passagem do Evangelho de Marcos (Mc 12,28b-34), sobre o maior Mandamento da Lei, e sejamos iluminados pelo escrito pelo Bispo e Mártir São Cipriano (séc. III).

“A vontade de Deus é aquela que Cristo cumpriu e ensinou: a humildade no comportamento, a firmeza na fé, o respeito nas palavras, a retidão nas ações, a misericórdia nas obras, a moderação nos costumes, o não ofender os outros e tolerar aquilo que nos fazem, o conservar a paz com os nossos irmãos: amar ao Senhor de todo o coração, amá-Lo enquanto Pai, temê-Lo enquanto Deus; o não preferir nada a Cristo, já que Ele nada preferiu a nós; o manter-nos inseparavelmente unidos ao Seu Amor, o estar junto à Cruz com fortaleza e confiança; e, quando está em jogo o Seu nome e Sua honra, mostrar em nossas palavras a constância da fé que professamos; nos tormentos, a confiança com que lutamos, e na morte, a paciência que nos obtém a coroa.

Isto é querer ser coerdeiro de Cristo, isto é, cumprir o Preceito de Deus e a vontade do Pai.

Pedimos que se faça a vontade de Deus no céu e na terra: ambas as coisas pertencem à consumação de nossa incolumidade e salvação.

Pois ao ter um corpo terreno e um espírito celeste, somos ao mesmo tempo céu e terra, e, em ambos, isto é, no corpo e no espírito, pedimos que se faça a vontade de Deus.

Porque existe guerra declarada entre a carne e o espírito, e um antagonismo diário entre os dois oponentes, de maneira que não fazemos o que queremos, porque enquanto o espírito deseja o celestial e divino, a carne se sente arrastada pelo terreno e temporal.

Por isso, pedimos que, com o socorro e o auxílio divino, reine a concórdia entre os dois setores em conflito, de modo a cumprir-se a vontade de Deus tanto no espírito como na carne, possa salvar-se a alma renascida por Ele no Batismo.

É o que aberta e claramente declara o Apóstolo Paulo, dizendo: ‘Porque os desejos da carne se opõem ao do Espírito, e estes aos da carne. Pois são contrários uns aos outros. É por isso que não fazeis o que quereríeis.

Ora, as obras da carne são estas: fornicação, impureza, libertinagem, idolatria, superstição, inimizades, brigas, ciúmes, ódio, ambição, discórdia, partidos, invejas, bebedeiras, orgias e outras coisas semelhantes.

Destas coisas vos previno como já preveni: os que praticarem não herdarão o Reino de Deus! Ao contrário, o fruto do Espírito é: caridade, alegria, paz, paciência, afabilidade, bondade, fidelidade, brandura, temperança’. (cf. na íntegra 5, 13-26).

Por isso, com Oração cotidiana e até continua, temos de pedir que no céu e na terra se cumpra a vontade de Deus sobre nós. Porque esta é a vontade de Deus: que o terreno dê lugar ao celestial e que prevaleça o espiritual e o divino”. (1)

Como vemos é uma exortação para que nada prefiramos a não ser Jesus Cristo, vivendo segundo o Espírito.

Assim vivendo teremos do Senhor, mesmos pensamentos e sentimentos, de modo que poderemos dizer como o Apóstolo Paulo: “Para mim o viver é Cristo” (Fl. 1,21)

Autênticos discípulos do Senhor seremos se soubermos dar nossa  resposta generosa e decidida, exatamente pelas provações, exigências próprias de um autêntico discipulado, que não acontece sem a cruz, inevitável para o alcance da glória eterna.

Seja a graça de Deus abundantemente em nós derramada, para nos colocarmos no caminho com o Senhor, vivendo os inseparáveis Mandamentos como distintivos do ser cristão, para que nosso discipulado seja fecundo.



(1) Lecionário Patrístico Dominical - Editora Vozes - 2013 - p.225.

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