domingo, 8 de setembro de 2024

Curai, Senhor, nossa surdez e mudez! (XXIIIDTCB)

                                                         

Curai, Senhor, nossa surdez e mudez!

O surdo-mudo representa aqueles que se fecham no egoísmo e no comodismo, indiferentes aos apelos do mundo e dos irmãos (cf. Mc 7,31-37).

Somos surdos quando:

- Escutamos os gritos dos injustiçados e lavamos as nossas mãos;
- Toleramos estruturas que geram injustiça, miséria, sofrimento e morte;                                                                               
- Pactuamos com valores que tornam o homem mais escravo e mais dependente; 
- Encolhemos os ombros, indiferentes, em face à guerra, à fome, à injustiça, à doença, ao analfabetismo;                                 

-  Temos vergonha de testemunhar os valores em que acreditamos;
- Demitimo-nos das nossas responsabilidades e deixamos que os outros se comprometam e se arrisquem;

-  Quando calamos a nossa revolta por medo, covardia ou calculismo;
- Resignamo-nos a vegetar, na comodidade do nosso sofá, sem nos empenharmos na construção de um mundo novo;

- Vivemos uma vida, confortavelmente instalada, numa “surdez” descomprometida;
- Não acolhemos e testemunhamos a Palavra Divina;

- Não prolongamos a Eucaristia celebrada sobre o altar em nosso quotidiano;
- Não favorecemos o diálogo nos espaços em que vivemos;

- Os ruídos e os cantos das sereias que prometem sucesso, privilégios, poder, acumulação nos fazem sucumbir, em frenético encantamento;

- Os interesses econômicos se contrapõem a toda ética e princípios morais, em prejuízo do bem comum e da vida do povo;

- No deserto de nossa existência, não ouvimos e nem percebemos o cantar dos que cultivam a virtude da esperança;

- No deserto de nossa existência, não ouvimos e nem percebemos os gritos suplicantes daqueles que se movem pela fé e a Deus elevam seus cantos;

- No deserto de nossa existência, não ouvimos nem percebemos os cantares de amor que moveram, movem e moverão sempre, aqueles que acreditam que a caridade vivida é indispensável ao acompanhamento dos cantos e louvores que a Deus sobem.

Rompida toda surdez, ouviremos Deus falar no mais profundo de nós mesmos.

Curados de toda surdez, a Palavra ouviremos, e então nossa boca alegremente cantará e, ao mundo, anunciará as maravilhas de Deus.

Curados de nossa mudez, proclamaremos ao mundo que a glória de Deus é a vida do homem e da mulher. Que a vida do homem e da mulher é a contemplação de Deus, que passa, inevitavelmente, pela escuta de Sua voz e de Sua Palavra: Palavra de Vida e de Salvação.

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