Capítulo VI – “Aprendendo a andar sobre a areia movediça”
Para repensar um novo modo de existir, uma educação e treinamento para um consumo responsável e sustentável para nós e para os que virão.
Temas como a relação consumidor x cidadão; passividade dos cidadãos somada a apatia e perda do interesse pelo processo político e outras permeiam este capítulo e que tão facilmente percebemos ao nosso redor:
“O consumidor é inimigo do cidadão. Em toda parte ‘desenvolvida’ e abastada do planeta, abundam sinais de pessoas dando costas à política, de uma crescente apatia e da perda de interesse pelo processo político.
Mas a democracia não pode sobreviver por muito tempo diante da passividade dos cidadãos em função da ignorância e da indiferença políticas.
A liberdade dos cidadãos não é propriedade adquirida de uma vez por todas; não está a salvo quando trancada em cofres privados...
Não são as habilidades técnicas que precisam ser continuamente renovadas, nem é somente a educação voltada para o mercado de trabalho que precisa ocorrer ao longo da vida.
O mesmo é exigido, e com mais urgência ainda, pela educação para a cidadania” (p. 164).
Estas são algumas questões que emergem na leitura e que precisam de respostas.
Ø Como educar para a cidadania?
Ø Como alcançar o domínio do presente para podermos sonhar com o controle do futuro?
Ø Como superar a ignorância que produz a paralisia da vontade?
Ø No que consiste a educação permanente em longo prazo?
Capítulo VII – “O pensamento em tempos sombrios (Arendt e Adorno revisitados)”
Somos desafiados depois desta revisita tão bem feita pelo autor a buscar caminhos para a solidariedade necessária que consiste no imperativo do momento para todos nós:
“Embora todos os habitantes do planeta estejam, por assim dizer, no merco barco, do ponto de vista de suas perspectivas de sobrevivência (só podendo optar entre navegar ou afundar juntos), suas tarefas imediatas, e, portanto, seus destinos preferidos, diferem amplamente, tornando as ações e os propósitos que os informam dissonantemente deslocados, e alimentando antagonismos em que a solidariedade é o imperativo do momento” (p. 193).
Também somos desafiados a repensar o preceito de Adorno: “a tarefa do pensamento crítico não é a conservação do passado, mas a redenção da esperança do passado”.
Ø O que precisa ser feito para que a esperança atinja um equilíbrio aceitável entre liberdade e segurança, que são condições indispensáveis da sociedade humana?
Ø Entre as esperanças do passado que precisam ser mais prontamente realizadas, qual é a metaesperança, ou seja, aquela esperança que torna possíveis todas as demais esperanças?
Esperar que as coisas, tanto as pequenas como as grandes, mudem, exige compromisso de todos, afirma o autor:
“Com as armas – benditas ou malditas – do conhecimento do bem e do mal, nós seres humanos, somos julgados e permanecemos em julgamento – sobre o que aconteceu o que fizemos ou deixamos de fazer.
Colocamos o ‘devia’ na banca de jurados e o ‘é’ no banco de réus. Levamos o juiz (comumente chamado de ‘consciência’ conosco (dentro de nós) aonde quer que vamos e no quer que façamos.
E acreditamos que chegar a uma sentença faz sentido: tem o poder de nos transformar e de transformar o mundo a nossa volta em algo melhor ou, no mínimo, menos mau” p.194).
Antes de sermos criaturas que pensam, somos criaturas com esperança.
São confortantes e iluminadoras as palavras finais do autor, que também merecem citação: precisamos construir um novo espaço público e global: “uma política que seja genuinamente planetária (que é diferente de ‘internacional’) e um palco planetária viável.
Trata-se de uma responsabilidade verdadeiramente planetária: o reconhecimento do fato de que todos nós que compartilhamos o planeta dependemos uns dos outros para o nosso presente e futuro, que nada que façamos ou deixemos de fazer pode ser indiferente para o destino de todos os outros, e que nenhum de nós pode mais procurar e encontrar um refúgio privado para tormentas que podem originar em qualquer parte do globo” (p. 196).
E ainda: “A lógica da responsabilidade planetária visa, ao menos em princípio, a confrontar os problemas gerados globalmente de maneira direta – no seu próprio nível... deve-se buscar um novo tipo de ambiente global em que os itinerários das iniciativas econômicas tomadas em qualquer lugar do planeta não sejam mais extravagantes, guiadas apenas pelos ganhos momentâneos, sem prestar atenção aos efeitos indesejados e às ‘baixas colaterais’, nem dar importância ás dimensões sociais dos cálculos de custo benefício” (p. 196).
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