“Espere no Senhor. Seja forte! Coragem!
Espere no Senhor.”
(Sl 27,14)
Como que sem vontade de voar,
Olhar fixo no horizonte do nada,
Por algum tempo, um pássaro ali parado.
E meu olhar fixo nele, à distância
Não queria que ele voasse.
Não por mais um instante.
Aquela solidão, um céu cinza de fundo,
Reportam à solidão de muitos
Que também fixam o olhar
No horizonte do nada,
Sem mais esperança alguma:
Por que resistir? Melhor se entregar...
A solidão e o pássaro imóvel,
Um breve instante que soou como uma eternidade.
Assim, por vezes, alguém pode se sentir.
Mas é preciso bater asas,
Crer que o céu para sempre cinza, não ficará.
Mais cedo ou mais tarde, voltará o azul,
E também os voos em busca do melhor.
Forças revigoradas, asas bater, voar...
O pássaro e o cinza do céu,
Cenário do cotidiano que me fez pensar:
Se preciso, pousar e silenciar,
Ainda que por um instante.
Se dos olhos tristes lágrimas verterem,
Que não seja expressão de esforços em vão;
De ações multiplicadas inúteis e desgastantes.
O cinza do céu, apenas uma passagem,
Que na vida de todos presente pode estar,
Mas não para sempre, assim cremos.
Viver sem perder a fé e a esperança,
virtudes que se cultivam no coração,
de mãos dadas com a virtude maior:
O amor necessariamente renovado,
Novos céus há que se esperar e buscar...
A solidão e a aparente tristeza do pássaro,
O cinza do céu, o silêncio
O recolhimento, a oração...
Voemos nas asas do Espírito,
Que renova nossas forças,
Comunica graça e paz,
Derrama, copiosamente, o amor divino;
Voos mais altos e para o eterno,
Haveremos de incansavelmente buscar.
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