domingo, 24 de setembro de 2023

Humildade e simplicidade (XXVDTCB)


Humildade e simplicidade

‘Aquele que se fizer pequeno como esta criança,
esse será o maior no Reino dos céus’.

Para o aprofundamento da Liturgia do 25º Domingo do Tempo Comum (ano B), oportuno é o Sermão de São Máximo de Turim (séc. V), em que nos exorta a humildade necessária para chegarmos ao Reino de Deus, e a simplicidade para que entremos no Céu.

“Se escutastes com atenção a Leitura Evangélica podereis compreender o respeito que se deve aos Ministros e Sacerdotes de Deus e a humildade com que os próprios clérigos devem prevenir-se uns aos outros.

De fato, tendo os Seus discípulos perguntado ao Senhor quem deles seria o maior no Reino dos Céus, aproximando a uma criança, a colocou no meio deles e lhes disse: ‘Aquele que se fizer pequeno como esta criança, esse será o maior no Reino dos céus’. De onde deduzimos que pela humildade se chega ao Reino, pela simplicidade se entra no Céu.

Portanto, quem deseje escalar o cume da divindade empenhe-se por alcançar os abismos da humildade; quem deseje preceder ao seu irmão no Reino, deve antes antecipar-se no amor, como diz o Apóstolo:

“Estimando aos demais mais do que a si mesmo’. Supere-se na afabilidade, para poder vencer-lhe em santidade. Pois se o irmão não te ofendeu é credor ao dom de teu amor; e se talvez tiver te ofendido, é ainda mais credor a dádiva de tua superação. Esta é realmente a quintessência do cristianismo: devolver amor por amor e responder com a paciência a quem nos ofende.

Assim, quem for mais paciente em suportar as injúrias, mais potente será no Reino. Porque ao império dos céus não se chega mediante um brilhante título abonado pela faustuosidade das riquezas, mas mediante a humildade, a pobreza, a mansidão. ‘Quão estreita é a porta e quão apertado o caminho que conduz à vida!’.

Em consequência, quem estiver rompante de honras e carregado de ouro, qual jumento sobrecarregado, não conseguirá passar pelo apertado caminho do Reino. E no preciso momento em que acreditar ter chegado à porta estreita, ao não dar espaço a sua carga, lhe impedirá de entrar e se lhe obrigará a retroceder.

A porta do céu é para o rico tão apertada como estreita é ao camelo o furo de uma agulha. ‘É mais fácil um camelo passar pelo furo de uma agulha que um rico entrar no Reino dos Céus’”. (1)

Aspirando o cume da divindade, urge que nos empenhemos em viver a humildade, sem o que nos distanciamos do Reino e não entraremos no Céu, como tão bem expressou São Máximo.

É sempre necessário que nos despojemos do supérfluo, provisório, para nos enriquecermos do essencial e dos valores eternos que dão sentido ao nosso existir.

Enriquecidos pela graça de Deus, nosso Sumo Bem, seremos mais fiéis ao Senhor, e por esta porta estreita poderemos passar, porque também conduzidos e cumulados das riquezas do Santo Espírito que em nós habita.

Como a santidade não é um processo acabado, é preciso que nos coloquemos sempre num contínuo esforço de vivermos na humildade e simplicidade de coração, com absoluta confiança em Deus, que age em nós e por meio de nós.


(1) Lecionário Patrístico Dominical - Editora Vozes – pp.470-471

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