domingo, 1 de setembro de 2024

“Deuteronômio”: História do amor de Deus por nós



“Deuteronômio”: História do amor de Deus por nós

Setembro com beleza própria, primavera se anuncia;
Os ipês florescem com a exuberância da beleza das cores.
Em meio às cinzas das queimadas no campo e à poluição das cidades.
Encontros de reflexão bíblica tão esperados.

Olhemos o chão que pisaram nossos pais,
O tempo e a distância nos separam,
Mas a fé no mesmo Deus nos aproxima,
E ilumina nossos sombrios e árduos caminhos.

“Deuteronômio”, quinto Livro do Pentateuco,
“Debarim”, “Palavras”, digamos como aprouver.
Importa ouvir e acolher sagradas Palavras,
Que no outro lado do Jordão, por Moisés, ao Povo dirigidas. (Dt 1,1)

Nele encontramos temas fundamentais
Para sadia e fecunda espiritualidade.
Fé em Deus enraizada; esperança, âncora
Em travessias, caridade vivenciada.

Escrito por mãos tantas, em tempos diversos,
Mas sempre a mesma fonte inspiradora.
Pelo sopro do Espírito escrito silenciosamente,
E em nosso coração, indelevelmente inscrito.

Livro Santo, no Novo Testamento tão presente,
Mais de duas centenas, ricamente citados.
Memoráveis nos lábios do Senhor no deserto,
E com Sua Palavra, diabólicas tentações vencidas. (1)

Sete luzes divinas no Livro acesas a iluminar,
Para que a escuridão da noite possamos enfrentar,
Em todo tempo e em todo lugar,
Para horizontes do inédito alcançar.

Brilho da primeira luz: o perfume do amor de Deus,
Exalado e comunicado no Egito, o povo libertando,
Em novo modo de sagrados relacionamentos
Com Deus e com o próximo, nosso irmão e irmã.

Luminosidade da segunda luz: a memória histórica.
Jamais perder a memória da ação divina,
De Suas maravilhas incontáveis em nosso favor.
Ontem, hoje, e sempre a Ele nosso louvor.

Fulgor da terceira luz: revelar o rosto de Deus
“Abre tua mão para teu irmão, teu necessitado, teu pobre em tua terra” (Dt 15,11)
Ser Povo de Deus não é privilégio e ostentação,
Mas amor e serviço, uma sagrada missão.

Resplendor da quarta luz: viver em “saída”
Em saída da terra da escravidão e sofrimento
Para terra onde corra leite e mel, nova terra, novo céu;
“Igreja em saída”, misericordiosa e missionária!

Claridade da quinta luz: não há lugar para a pobreza.
“Com efeito, não haverá pobres no meio de ti” (Dt 15,4).
Se Aliança com Deus vivida, o grito do pobre
Encontrará de todos nós resposta, acolhida e solidariedade.

Fulguração da sexta luz: libertos de toda escravidão.
“Eu sou Yahweh teu Deus, Aquele que te fez sair
Da terra do Egito, da casa da escravidão” (Dt 5,6-8)
Jamais outros deuses, idolatria, tirania, servidão.

Lume da luz final: Aliança de Deus com Seu Povo.
Compromisso mútuo entre Deus e a humanidade para sempre,
Renovado e celebrado quotidianamente,
Nas Sagradas Mesas da Palavra e da Eucaristia. Amém.



(1) (Mt 4,4; Dt 6,16; Mt 4,7); Dt 6,13; Mt 4,10)
Fonte: Revelar o Amor de Deus – uma chave para o Livro do Deuteronômio – Frei Carlos Mesters e Francisco Orofino -  Vida Pastoral  - setembro/outubro 2020 – ano 61 n. 335 – pp.14-22

Escrito em 2020


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