Em
defesa da sacralidade da vida e da pessoa humana
As
últimas Campanhas da Fraternidade têm insistido na defesa da vida, desde sua
concepção ao seu declínio natural. Também têm insistido na sacralidade da qual
toda a vida é portadora. Vida como dom divino, portanto, não submetida à
manipulação de toda ordem.
Coincidentemente,
estamos acompanhando a intensa discussão sobre o lamentável fato acontecido em
Alagoinhas – PE, o abuso sexual sofrido pela menina de nove anos, que ficou
grávida de gêmeos, cujos pais foram forçados à prática do aborto como não foi
divulgado na mídia.
Retomamos
a palavra do Secretário-geral da CNBB, D. Dimas Lara Barbosa - “Mais lamentável ainda é o fato de que não
se trata de um caso isolado. Infelizmente, temos no Brasil inúmeras denúncias
de exploração sexual e até de tráfico de crianças. Alguns dos nossos bispos
estão sendo ameaçados no Pará por denunciar esse tipo de prática de exploração
contra crianças e adolescentes”, em entrevista coletiva à imprensa
realizada na sede da CNBB, em Brasília.
Nesta
mesma entrevista, D. Geraldo Lyrio Rocha, Presidente da CNBB reiterou que não
se pode reduzir a violência ocorrida com a menina de Alagoinha à questão da
excomunhão.
Lembrou
que a recente nota da CNBB manifesta, em primeiro lugar, solidariedade à
família da criança que está passando por um constrangimento enorme e condena o
estuprador que deve pagar pelo crime segundo a justiça.
Há
que se pensar na situação da mãe desta criança e nos demais familiares. É um
enorme sofrimento, uma coisa repugnante, uma humilhação, ter uma criança
explorada sexualmente pelo padrasto, desde os seis anos de idade.
A
imprensa enfatizou exaustivamente a excomunhão e procurou tirar os dividendos
em clara prática pró-aborto, que paira em tantos programas, artigos, jornais,
como política internacional planejada.
Quanto
à excomunhão, ao contrário do que queiram deixar transparecer, não é sinônimo
de condenação ao inferno, mas trata-se de um ato disciplinar da Igreja: "A excomunhão existe para chamar atenção
para a gravidade do ato. O aborto traz consigo essa pena porque está se
diluindo a gravidade do aborto até mesmo entre os cristãos. Quem viola isto, se
coloca fora da comunidade eclesial, conforme cânone n.º 1398 do Código de
Direito Canônico: ’Quem provoca aborto, seguindo-se o efeito, incorre em
excomunhão late sententiae’” (=automaticamente).
A
gravidade do estupro é de consciência de todos, e dispensa a advertência. A
excomunhão para a prática do aborto e quem dele participa não tira o peso da
gravidade do pecado do estupro.
A
excomunhão não é tão apenas para punição, mas como advertência para que se tome
consciência de sua gravidade e se busque a reconciliação.
Fatos
como este se repetem todos os dias e nos obrigam a enfatizar a
importância de uma sadia educação; intensificar absoluta reprovação de toda e
qualquer prática de exploração sexual como mencionado acima; criar
possibilidades para que as crianças possam crescer num clima familiar sadio,
impregnando-se de valores irrenunciáveis: valor da vida, respeito ao corpo como
templo de Deus, educação para uma sexualidade sadia e amadurecida.
Quanto
ao fato do aborto, antes deveria ser feito todo esforço, investido todos os recursos
para que a gravidez pudesse chegar ao seu sexto mês, para que o parto
ocorresse, pois também carece de veracidade a ameaça de morte da vida da
menina. O caminho mais fácil abre a porta para sua repetição sem maiores
empenhos e constrangimentos...
E
agora, quem vai acompanhar esta criança? Como está? Haverá da mídia e de tantos
quantos tenham defendido a prática do aborto o mesmo acompanhamento, a mesma
“solidariedade”.
Como
praxe, a mesma Igreja que se opôs ao aborto, carregará com compaixão a cruz,
tendo passado o alarde, a exploração midiática…
As
vozes que se levantaram contra a Igreja neste lamentável fato são, de modo
geral, as mesmas vozes que promovem a banalização da vida; a exploração
do corpo do homem e da mulher; a erotização precoce das crianças; “o sexo livre
bom e sadio desde que se use a camisinha”; a pornografia nos diversos meios de
comunicação; a prostituição...
“Estas
vozes são daqueles que demonstram lamentavelmente egoísmo, egocentrismo e falta
de respeito com a vida em detrimento da dignidade do homem, o ser mais
importante do universo e ao qual todos os valores devem ser submetidos.
Estas atitudes
procedem inversamente submetendo o homem às falácias e afirmações maldosas e
mentirosas em favor da vida”, diz o Bispo da Diocese de Guarulhos, Dom
Luiz Gonzaga Bergonzini.
A
Igreja, para além de seus pecados, que são amplamente explorados, não deixa de
ter sua autonomia como voz em defesa da vida, contra todo tipo de violação da
vida: estupro, aborto, extermínios, tráfico de droga, corrupção, extorsão,
práticas espúrias que desviam os recursos do povo não promovendo o bem comum
etc.
Dentro e fora dela, a Igreja não revogará jamais a Palavra de
Deus que diz: “Não matarás!”, como
encontramos no Livro do Êxodo (20,13).
PS: Texto para a Redação do Jornal Folha Diocesana - publicado na
Edição de Abril de 2009 -
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