quarta-feira, 28 de fevereiro de 2024

Aspiremos as coisas mais humildes

 

                             Aspiremos as coisas mais humildes

“Dois discípulos de nosso Senhor, os santos e ilustres irmãos João e Tiago, desejaram do Senhor nosso Deus, conforme lemos no Evangelho, o sentar-se em Seu Reino um a Sua direita e outro a Sua esquerda.

Não desejaram ser reis da terra, não desejaram de nosso Senhor honras perecedouras, nem ser cumulados de riquezas, nem se ver rodeados de numerosa família, nem ser venerados por súditos, nem ser bajulados por aduladores; mas pediram algo grande e duradouro: ocupar algumas cadeiras imperecíveis no Reino de Deus.

Desejaram uma grande coisa! Não foram repreendidos em seu desejo, porém foram encaminhados para uma ordem. O Senhor viu neles um desejo de grandeza e se dignou ensinar-lhes caminho da humildade, como que lhes dizendo: ‘Percebes o que desejais, percebes que Eu estou convosco; e Eu que vos fiz e desci até vós, cheguei até a humilhar por vós’.

Estas palavras que vos narro não aparecem no Evangelho; contudo, expresso o sentido do que se lê no Evangelho.

Convido-vos agora para pensar nas palavras que se leem no Evangelho, para que vejais de onde saíram as palavras que vos disse.

Uma vez que o Senhor escutou a petição dos irmãos, lhes disse: Podeis beber o cálice que vou beber?  A vós, que buscais postos de grandeza, não vos é amargo o cálice da humildade? Ali onde se impõe um preceito duro, ali há um grande consolo. Os homens negam a beber o cálice da paixão, o cálice da humilhação. Aspiram as coisas mais sublimes? Amem antes de tudo as coisas humildes. Partindo do humilde se chega ao sublime.

Ó homem! Tu tinhas medo de suportar as afrontas da humilhação. Porém te convém beber o cálice amargo da paixão. Tuas vísceras estão irritadas, tens inflamadas as entranhas.

Bebe a amargura para conseguir a saúde. Bebeu-a o médico são, e não quer beber o enfermo debilitado?

O Senhor disse aos filhos de Zebedeu: Podeis beber o cálice? Não lhes disse: ‘podeis beber o cálice das afrontas, o cálice do fel, o cálice do vinagre, o cálice amarguíssimo, o cálice cheio de veneno, o cálice de todo tipo de dores?’. Se tivesse lhes dito isto, lhes teria atemorizado em vez de animar-lhes. Onde há participação, também se dá o consolo.

Por que desdenhas este cálice, ó servo? O Senhor o bebeu. Por que o desprezas, ó enfermo? O médico o bebeu. Por que o desprezas, ó homem fraco? O são o bebeu. Podeis beber o cálice que eu hei de beber?

Naquele momento, eles, ávidos de grandeza, ignorando as suas forças e prometendo o que ainda não tinham, dizem: Podemos. O Senhor lhes contesta: Bebereis certamente meu cálice, já que vos dou para beber, já que vos farei de fracos fortes, vos concedo a graça de padecer para que bebais o cálice da humildade; porém, não está em meu poder o sentar-vos a minha direita ou a minha esquerda, senão para aqueles para os quais foram preparados por meu Pai.” (1)

Retomo estas palavras – “Os homens negam a beber o cálice da paixão, o cálice da humilhação. Aspiram as coisas mais sublimes? Amem antes de tudo as coisas humildes. Partindo do humilde se chega ao sublime”.

Supliquemos ao Senhor que bebendo do Seu Divino Cálice, participando do Mistério da Eucaristia, comendo do Seu Corpo e bebendo do Seu Sangue, sejamos redimidos e alimentados para o combate da fé.

Aspiremos as coisas humildes para chegarmos às mais sublimes, e que nossa vida seja expressão incansável de amor, doação e serviço, sobretudo pelos mais necessitados, perfeitamente configurados a Jesus Cristo, no Mistério de Sua Paixão, Morte e Ressurreição, a serviço do Reino de Deus com a força e a luz do Santo Espírito.

 

 PS: Oportuno para que reflitamos as passagens dos Evangelhos de São Mateus (Mt 20,17-28) e São Marcos (Mc 10,35-45).

(1) Lecionário Patrístico dominical – Editora Vozes – 2013 - pág. 490-491

 

Quaresma: “Tempo de combate e suores”

                                                  

Quaresma: “Tempo de combate e suores”

Na quarta-feira da 2ª Semana do Tempo da Quaresma, ouvimos a passagem do Evangelho de Mateus (Mt 20,17-28), na qual a mãe dos filhos de Zebedeu, João e Tiago, pede a Jesus para que seus filhos se assentem em Seu Reino, um à direita e outro à esquerda.

Uma das Homilias do Bispo São João Crisóstomo (Séc. IV), muito nos enriquece nesta reflexão.

“Os filhos de Zebedeu pedem a Cristo: Deixa-nos sentar um à Tua direita e outro, à Tua esquerda (Mc 10,37). Que resposta lhes dá o Senhor? Para mostrar que no seu pedido nada havia de espiritual, e se soubessem o que pediam não teriam ousado fazê-lo, diz: Não sabeis o que estais pedindo (Mt 20,22), isto é, não sabeis como é grande, admirável e superior aos próprios poderes celestes aquilo que pedis.

Depois acrescenta: Por acaso podeis beber o Cálice que Eu vou beber? (Mt 20,22). É como se lhes dissesse: ‘Vós me falais de honras e de coroas; Eu, porém, de combates e de suores. Não é este o tempo das recompensas, nem é agora que minha glória há de se manifestar. Mas a vida presente é de morte violenta, de guerra e de perigos’.

Reparai como o Senhor os atrai e exorta, pelo modo de interrogar. Não perguntou: ‘Podeis suportar os suplícios? Podeis derramar vosso sangue? Mas indagou: Por acaso podeis beber o Cálice? E para os estimular, ainda acrescentou: que Eu vou beber?

Assim falava para que, em união com Ele, se tornassem mais decididos. Chama Sua Paixão de Batismo, para dar a entender que os sofrimentos haviam de trazer uma grande purificação para o mundo inteiro. Então os dois discípulos lhe disseram: Podemos (Mt 20,22). Prometem imediatamente, cheios de fervor, sem perceber o alcance do que dizem, mas com a esperança de obter o que pediam.

Que afirma o Senhor? De fato, vós bebereis do meu Cálice (Mt 20,23), e sereis batizados com o Batismo com que Eu devo ser batizado (Mc 10,39). Grandes são os bens que lhes anuncia, a saber: ‘Sereis dignos de receber o martírio e sofrereis comigo; terminareis a vida com morte violenta e assim participareis da minha paixão’. Mas não depende de mim conceder o lugar à minha direita ou à minha esquerda. Meu Pai é quem dará esses lugares àqueles para os quais Ele os preparou (Mt 20,23). Somente depois de lhes ter levantado os ânimos e de tê-los tornado capazes de superar a tristeza é que corrigiu o pedido que fizeram.

Então os outros dez discípulos ficaram irritados contra os dois irmãos (Mt 20,24). Vedes como todos eles eram imperfeitos, tanto os que tentavam ficar acima dos outros, como os dez que tinham inveja dos dois?

Mas, como já tive ocasião de dizer, observai-os mais tarde e vereis como estão livres de todos esses sentimentos. Prestai atenção como o mesmo apóstolo João, que se adianta agora por este motivo, cederá sempre o primeiro lugar a Pedro, quer para usar da palavra, quer para fazer milagres, conforme se lê nos Atos dos Apóstolos.

Tiago, porém, não viveu muito mais tempo. Desde o princípio, pondo de parte toda a aspiração humana, elevou-se a tão grande santidade que bem depressa recebeu a coroa do martírio”.

Como discípulos de Jesus, não devemos procurar as “honras e coroas”, como nos falou o Bispo, mas estarmos sempre prontos para “os combates e os suores”.

São Tiago, que nasceu em Betsaida, e seu irmão, João, filhos de Zebedeu, estiveram presentes nos principais milagres realizados por Jesus Cristo.

Foi morto no ano 42, por Herodes, e é venerado com grande devoção em Compostela (Espanha), onde se construiu uma célebre basílica dedicada ao seu nome.

Roguemos a Deus para que nos dê a coragem e o ardor deste Apóstolo, assim como do Apóstolo São João, na fidelidade ao Senhor, sem procurar um pseudocristianismo de honras e coroas”, glória sem cruz

Supliquemos, também, que tenhamos  maturidade para as renúncias necessárias e o carregar da cruz quotidiana, com a força e a sabedoria do Espírito Santo, que vem sempre em socorro de nossa fraqueza para os “combates e os suores”, iluminados pela Palavra do Senhor e alimentados pelo Seu Corpo e Sangue recebidos na Eucaristia.

A Cruz e o Cálice

A Cruz e o Cálice

Senhor, Vós quando chamastes os discípulos para Vos seguir, jamais ocultastes ou escondestes a realidade da Cruz.

Senhor, em todos os momentos, a Cruz transpareceu no âmago de Vossa Missão: na Apresentação no Templo, na Vossa Transfiguração no Monte Tabor, e em todos os momentos.

Senhor, seguir com coerência o Vosso chamado não é fácil, pois, às vezes, pede que paguemos um alto preço: o desprezo em vez de glória, o isolamento do último lugar, o mal como recompensa pelo bem cumprido.

Mas nem por isto, Vos deixaremos ou Vos abandonaremos. Queremos beber do Vosso Sagrado Cálice, revigorados pelo Alimento da Santa Eucaristia, a cruz carregando com coragem e ardor.

Senhor, não permitais que sejamos no mundo inimigos de Vossa cruz, com palavras, atos, pensamentos ou omissões, que não revelem Vossa luz e presença em nós, desde o dia memorável do Batismo.

Senhor, bebendo do Vosso Cálice Sagrado, queremos continuar firmes no bom combate da fé, renovando a sagrada esperança que anda de passos largos de mãos dadas com a caridade. Amém.


Fonte inspiradora: Lecionário Comentado - Volume Quaresma/Páscoa - Editora Paulus - Lisboa - pp. 119 e 120.
Passagem do Evangelho de Marcos (Mc 10,35-45; Mt 20,17-28)

Do Cálice à Missão, da Missão ao Cálice

Do Cálice à Missão, da Missão ao Cálice

Todos os dias são dias de missão, e a Igreja que vive no tempo é missionária, por sua natureza, tendo sua origem no Espírito Santo, o grande protagonista da Evangelização, na realização do Plano de Deus, sendo sal e luz de um mundo novo.

Viver a missão de cada dia é fortalecer a relação entre culto e vida: a vida celebra-se, o culto vive-se.

Cada tempo nos apresenta desafios e espaços próprios; segredos a serem descortinados; fronteiras a serem alcançadas; horizontes a serem ampliados.

Santo Agostinho, refletindo sobre a vida dos mártires, fala-nos do Cálice do Senhor: Cálice da paixão, amargo e salutar.

Dele bebeu Jesus, para que todos também dele pudéssemos beber, sem medo.

Beber do Cálice é, ao mesmo tempo, assumir a cruz, carregando-a em todos os momentos da vida.

Cruz que é Paixão e Vitória: Paixão porque nos desafia à entrega da vida, voluntariamente, em favor da vida plena; Vitória porque o diabo foi ferido, o mal e a morte foram vencidos.

Missão, Cálice e Cruz, Palavra de Deus e testemunho quotidiano são inseparáveis: É preciso viver missionariamente", como expressou uma Religiosa em um encontro.

A Missão vivida na família, no trabalho, economia, política, cultura, escolas e universidades, novos espaços dos meios de comunicação, na rua, no lazer e em todo e qualquer lugar.

A Missão pode ser uma saída para terras distantes e, ao mesmo tempo, a encarnação da Palavra, fermento e luz no mais profundo de nós mesmos.

Cada coração é campo próprio da missão, como chão da acolhida da Palavra de Deus. Missão lá distante, aqui e em todo o lugar...

Culto agradável a Deus deve repercutir no dia a dia, em gestos de amor e solidariedade: essência da Missão, por uma vida mais salutar, ainda que passe pela cruz...

Missão é a perfeita comunhão do Cálice da Vida para a Missão, da Missão para o Cálice.

PS: Passagem do Evangelho de Marcos (Mc 10,35-45; Mt 20,17-28)

São Tiago e o Cálice do Senhor (25/07)

São Tiago e o Cálice do Senhor

Reflexão à luz da passagem do Evangelho de São Mateus  (Mt 20, 17-28), em que a mãe dos filhos de Zebedeu, João e Tiago pede a Jesus para que seus filhos viessem a se sentar no Reino de Jesus, um à direita e outro à esquerda.

Sejamos enriquecidos sobre esta passagem, à luz de uma das Homilias do Bispo São João Crisóstomo (Séc. IV):

“Os filhos de Zebedeu pedem a Cristo: Deixa-nos sentar um à Tua direita e outro, à Tua esquerda (Mc 10,37). Que resposta lhes dá o Senhor? Para mostrar que no seu pedido nada havia de espiritual, e se soubessem o que pediam não teriam ousado fazê-lo, diz: Não sabeis o que estais pedindo (Mt 20,22), isto é, não sabeis como é grande, admirável e superior aos próprios poderes celestes aquilo que pedis.

Depois acrescenta: Por acaso podeis beber o Cálice que Eu vou beber? (Mt 20,22). É como se lhes dissesse: ‘Vós me falais de honras e de coroas; Eu, porém, de combates e de suores. Não é este o tempo das recompensas, nem é agora que minha glória há de se manifestar. Mas a vida presente é de morte violenta, de guerra e de perigos’.

Reparai como o Senhor os atrai e exorta, pelo modo de interrogar. Não perguntou: ‘Podeis suportar os suplícios? Podeis derramar vosso sangue? Mas indagou: Por acaso podeis beber o Cálice? E para os estimular, ainda acrescentou: que Eu vou beber?

Assim falava para que, em união com Ele, se tornassem mais decididos. Chama Sua Paixão de Batismo, para dar a entender que os sofrimentos haviam de trazer uma grande purificação para o mundo inteiro. Então os dois discípulos lhe disseram: Podemos (Mt 20,22). Prometem imediatamente, cheios de fervor, sem perceber o alcance do que dizem, mas com a esperança de obter o que pediam.

Que afirma o Senhor? De fato, vós bebereis do meu Cálice (Mt 20,23), e sereis batizados com o Batismo com que Eu devo ser batizado (Mc 10,39). Grandes são os bens que lhes anuncia, a saber: ‘Sereis dignos de receber o martírio e sofrereis comigo; terminareis a vida com morte violenta e assim participareis da minha paixão’. Mas não depende de mim conceder o lugar à minha direita ou à minha esquerda. Meu Pai é quem dará esses lugares àqueles para os quais Ele os preparou (Mt 20,23). Somente depois de lhes ter levantado os ânimos e de tê-los tornado capazes de superar a tristeza é que corrigiu o pedido que fizeram.

Então os outros dez discípulos ficaram irritados contra os dois irmãos (Mt 20,24). Vedes como todos eles eram imperfeitos, tanto os que tentavam ficar acima dos outros, como os dez que tinham inveja dos dois?

Mas, como já tive ocasião de dizer, observai-os mais tarde e vereis como estão livres de todos esses sentimentos. Prestai atenção como o mesmo apóstolo João, que se adianta agora por este motivo, cederá sempre o primeiro lugar a Pedro, quer para usar da palavra, quer para fazer milagres, conforme se lê nos Atos dos Apóstolos.

Tiago, porém, não viveu muito mais tempo. Desde o princípio, pondo de parte toda a aspiração humana, elevou-se a tão grande santidade que bem depressa recebeu a coroa do martírio”.

Como discípulos de Jesus, não devemos procurar as “honras e coroas”, como nos falou o Bispo, mas estarmos sempre prontos para “os combates e os suores”.

São Tiago, que nasceu em Betsaida, e seu irmão, João, filhos de Zebedeu, estiveram presentes nos principais milagres realizados por Jesus Cristo.

Foi morto no ano 42, por Herodes, e é venerado com grande devoção em Compostela (Espanha), onde se construiu uma célebre basílica dedicada ao seu nome.

Roguemos a Deus para que nos dê a coragem e o ardor deste Apóstolo, na fidelidade ao Senhor, sem procurar um pseudo- cristianismo de “honras e coroas”, glória sem cruz, mas que tenhamos a maturidade para as renúncias necessárias e o carregar da cruz quotidiana, com a força e a sabedoria do Espírito, que vem sempre em socorro de nossa fraqueza para os “combates e os suores”, iluminados pela Palavra do Senhor e alimentados pelo Seu Corpo e Sangue recebidos na Eucaristia.

PS: Festa celebrada dia 25 de julho.
Apropriada para refletirmos a passagem do Evangelho de São Marcos (Mc 10,35-45)

“Parênteses de luz”

 


“Parênteses de luz”

 

É sempre tempo favorável de conversão e, também, de oração, em que nos abrimos e mergulhamos nos insondáveis Mistérios Divinos.

 

“O abandono das certezas, das seguranças jamais é total. Permanece sempre, no fundo, a lembrança e a saudade da terra em que se habitava.

 

Nos apóstolos chamados a seguir a Cristo permanece a interrogação de quem seria realmente Aquele a quem ouviram e por quem abandonaram sua terra. Sua vida oculta, Seu messianismo tão diferente do que esperavam deixam algo de duvidoso.

 

Jesus toma a iniciativa e Se manifesta sob outra forma que revela Seu verdadeiro ser, Sua majestade divina: concede aos apóstolos contemplar o fim que O espera. Assim, os discípulos podem ver que o Servo repelido e incompreendido é o Filho do homem descrito por Daniel.

 

A condição humana, frágil e oculta, é apenas um tempo de passagem, um parênteses. Com essa antecipação da glória de que se revestirá no momento da Ressurreição, a fé dos discípulos deveria sair reanimada, confirmada (Evangelho).”

 

Retomemos duas afirmações: “(Jesus) concede aos apóstolos contemplar o fim que O espera...” e “A condição humana, frágil e oculta, é apenas um tempo de passagem, um parêntesis.”

 

Há um fim glorioso, por nós, esperado, a glória dos céus que Jesus lhes dá a possibilidade contemplar. Alguém muito bem assim expressou: “é como uma gota de mel em meio às amarguras.”

 

Se não tivessem estes parênteses de luz como suportariam as dificuldades, provações, perseguições um pouco mais tarde, como de fato elas se multiplicaram avassaladora e crudelissimamente...

 

Não tivessem esta experiência, com certeza esmoreceriam, desanimariam, recuariam e a missão de anúncio do Reino, da construção de um novo céu e uma nova terra consistiria num terrível fracasso.

 

A fé na Ressurreição, a espera da glória futura, a coroa da justiça reservada aos justos é sempre uma boa nova que nos impulsiona.

 

Quanto à segunda, somos um “parênteses”, um momento, uma história a ser escrita com coragem e ousadia, para ser prolongada na eternidade.

 

Nossa história, se escrita com confiança no Absoluto, terá sua continuidade desabrochando em páginas infinitas na eternidade.

 

Mas como somos frágeis, limitados, por vezes temerosos, incrédulos, precisávamos e precisamos de “momentos de luz” para que se renove em nós a certeza de que as trevas não prevalecerão para sempre. Afinal, Ele mesmo disse: “quem me segue não andará nas trevas, mas terá a luz da vida” (João 8,12).

 

A Celebração Eucarística é o ápice deste momento de luz, quando ao topo do Monte Sagrado subimos para escutarmos o Filho amado e o que Ele tem para nos dizer.

 

Escutando não podemos fixar tendas nas “Montanhas”, mas descermos corajosamente à Planície de nosso quotidiano, também nos encontrando com Ele que Se apresenta com múltiplas feições.

 

Muitas vezes desfigurado, faminto, sedento, preso, nu, carente do essencial para viver clamando por transfiguração.

 

Parênteses de luz para iluminar as trevas do quotidiano quem dele não precisa?

 

Que momentos de luz sejam multiplicados na vida de cada de um de nós, para que o parênteses que somos possa ser invadido pelo brilho do esplendor divino.

 

Que as trevas cedam lugar à luz, o pecado à graça, a morte à vida.

 

Que passemos verdadeiramente do parênteses provisório que somos ao parêntese eterno que seremos... 

Em poucas palavras...

                       



                              Jesus, o modelo das Bem-Aventuranças

“O Verbo fez-Se carne, para ser o nosso modelo de santidade: «Tomai sobre vós o meu jugo e aprendei de Mim [...]» (Mt 11, 29). «Eu sou o caminho, a verdade e a vida. Ninguém vai ao Pai senão por Mim» (Jo 14, 6).

E o Pai, na montanha da Transfiguração, ordena: «Escutai-o» (Mc 9, 7; Dt 6,4-5). De fato, Ele é o modelo das Bem-Aventuranças e a norma da Lei nova: «Amai-vos uns aos outros como Eu vos amei» (Jo 15, 12). Este amor implica a oferta efetiva de nós mesmos, no seu seguimento (Mc 8,34).” (1)

 

 

(1)              Catecismo da Igreja Católica – parágrafo n. 459

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4º Bispo da Diocese de Guanhães - MG