domingo, 10 de dezembro de 2023

Para que um Santo Natal tenhamos (IIDTAB)


Para que um Santo Natal tenhamos

Com a Liturgia do 2.º Domingo do Advento (ano B) refletimos sobre o reencontro do homem com Deus e o forte apelo à conversão. 

Deus está sempre oferecendo um mundo novo, mas é preciso renovar o coração, abrir-se plenamente aos Seus valores.

A passagem da primeira Leitura (Is 40,1-5.9-11), que pertence ao “Livro da Consolação”, retrata o período do final do Exílio. 

Entre o povo há os frustrados, os desorientados e os acomodados. O Profeta, neste prólogo, anuncia que haverá um futuro novo para o Povo de Deus. Há razões para ter esperança, desde que viva na fidelidade a Javé.

Deus fala ao coração do povo através do Profeta: é preciso que reconheça o seu pecado e volte para Deus em sincera súplica de perdão e, assim, poderá viver um novo êxodo, como uma reedição melhorada. Não há razões para o medo. Deus mesmo vem conduzir Seu povo com amor e solicitude. Porém é preciso que este se abra ao novo de Deus, sem acomodação.

A passagem da segunda Leitura (2Pd 3,8-14) é um convite à vigilância, ou seja, viver de acordo com os ensinamentos de Jesus para a transformação do mundo, sendo válido e precioso instrumento na construção do Reino de Deus.

É preciso que nos conservemos fiéis aos ensinamentos recebidos. Somente assim estaremos vigilantes, na espera de um novo céu e uma nova terra, até que Ele venha, numa grande e esperada Parusia, a segunda vinda, a vinda gloriosa.

Vigilantes, vivendo intensamente cada momento que o Senhor nos concede, pois não sabemos quando e em que momento Ele virá.

Vigilantes o somos quando vivemos a vocação a que fomos chamados, numa vida santa e irrepreensível. Não podemos deixar a vida correr à deriva, tampouco fazer dela um drama absurdo.

Na passagem do Evangelho (Mc 1,1-8), através do Profeta João Batista, somos exortados a um autêntico caminho de conversão, para vivermos a dinâmica do amor e da liberdade que consiste em realizar a vontade de Deus.

João tem uma missão muito própria: preparar a vinda do Messias. Sua pregação, provocação, aceitação ou rejeição, enfim, seu estilo de vida austero revela despojamento e confiança total em Deus.

Ele é a marca de uma era messiânica, em que se prepara corajosamente a vinda do Messias que comunicará o Espírito que transforma o Homem: Jesus.

No deserto, lugar da purificação e conversão (caminho dos antepassados), ele é uma voz que clama e exorta à penitência, à conversão, à mudança radical de vida, comportamento e mentalidade.  Numa palavra, a renúncia aos valores do mundo.

O seu Batismo é para integrar o batizado na comunidade do Messias. É preciso “embarcar” decididamente na “aventura” do Reino de Deus inaugurado por Jesus. 

Nisto consiste o grande convite deste Tempo do Advento. Preparemos o caminho do Senhor! Correspondamos à paciência e à ternura de Deus.

O Tempo do Advento também nos leva a um profundo exame de consciência, para que nosso coração seja menos pedra, mais carne, mais terno e pleno da Graça e do Amor de Deus. 

É tempo de faxina da alma, de limpeza interior, para que o Menino Deus encontre um lugar digno para nascer em mais um Natal que se aproxima.

Limpemos o terreno de nosso coração. Desapropriemos o que for necessário. Que Ele tenha espaço digno quando vier ao nosso encontro.

Inspirados na Palavra de Deus, afirmamos que Advento consiste em limpar os caminhos de nossa vida, de nos voltarmos de coração sincero para Deus.

Reflitamos:

- Quais os pecados que devemos reconhecer e nos arrepender para correspondermos melhor ao Amor de Deus?
-  Em que consiste a preparação do caminho do Senhor?

-  Quais são “os vales” de fragilidades que devem ser preenchidos em nossa vida?
-  Quais são “as montanhas” a serem niveladas?

-  Somos mensageiros da esperança de um mundo novo?
-  Quais são os valores que marcam nossas decisões e opções?

-  Questionamos o mundo com nosso modo de viver?
-  Estamos prontos para “embarcar” nesta “Aventura de Amor” do Reino de Deus?

-  Como valorizamos e quando buscamos o Sacramento da Penitência, que a Igreja nos oferece como manifestação da Misericórdia Divina?

Encerro com a citação do Missal Dominical, enfatizando de modo especial as palavras do Bispo Santo Ambrósio (séc. IV):

A celebração do Sacramento da Penitência não pode ser ‘privatizada’; é sempre um gesto ao mesmo tempo
comunitário e pessoal, como comunitário e pessoal é o pecado.
Por isto, em muitas comunidades eclesiais celebra-se, juntos, este Sacramento: ‘É como se a Igreja inteira tomasse sobre
si o peso do pecador, cujas lágrimas ela deve
 partilhar na oração e na dor’”.

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