sexta-feira, 5 de abril de 2024

A terceira aparição do Ressuscitado (continuação)

                                                             

A terceira aparição do Ressuscitado 

Aprofundando a riquíssima linguagem simbólica do Evangelho (Jo 21, 1-19), vemos que João nos apresenta a terceira aparição do Ressuscitado em três grandes partes: a pesca, a refeição e a investidura de Pedro.

Os sete Apóstolos voltam à sua atividade quotidiana:

Sete indica totalidade – uma Igreja toda em missão.

Pescar revela a missão da Igreja – pescar aqueles que se encontram mergulhados no mar do sofrimento e da escravidão.

Noite sem nada pescar – noite como tempo das trevas, da escuridão, da ausência de Jesus. Sem Jesus tudo é um fracasso irremediável - “Sem mim, nada podeis fazer” (Jo, 15,5).

Êxito da pesca – garantida pela presença do Ressuscitado e confiança em Sua Palavra.

Rede com 153 peixes – número marcado pelo simbolismo – resultado da soma dos 17 primeiros algarismos – 10 + 7 = totalidade, todos os peixes conhecidos. Significa a plenitude e a universalidade da Salvação.

O discípulo amado reconhece Jesus, o Ressuscitado – amar é condição para reconhecer Sua presença.

Comer com os discípulos – prefigura-se a Eucaristia – “Os pães com que Jesus acolhe os discípulos em terra são um sinal do Amor, do serviço, da solicitude de Jesus pela Sua comunidade em missão no mundo: deve haver aqui uma alusão à Eucaristia, ao Pão que Jesus oferece, à vida com que Ele continua a alimentar a comunidade em missão” (1)

Concluindo, somos enviados ao mundo para o resgate de humanidade, do mar do sofrimento e da escravidão. Nisto consiste “sermos pescadores de homens”.

É Páscoa!
Pelo Senhor fomos escolhidos, amados, enviados.
Por Ele assistidos, acompanhados, nutridos.

A Ele toda fidelidade, entrega, amor e doação.
Com Ele, servir, testemunhar, nossa missão.

Amar e seguir, seguir e amar.
Amar e servir, Servir e Amar.

Amar o Amado sempre, em fidelidade ao Pai,
que nos enviou o Santo Espírito de Amor.
Amém. Aleluia! Aleluia!


(1) Fonte: www.dehonianos.org

Enriquecidos pelos dons do Ressuscitado

Enriquecidos pelos dons do Ressuscitado

Sejamos enriquecidos pelo Sermão de São Basílio de Selêucia (séc. V), que nos apresenta a indescritível benignidade de Cristo, que cumulou a Sua igreja de inumeráveis dons.

“Aquela inefável benignidade de Cristo para conosco cumulou a Sua Igreja de inumeráveis dons. Cristo, magnífico em Sua sabedoria e poderoso em Suas obras, resgatou-nos da antiga cegueira da lei e isentou a nossa natureza do protocolo que nos condenava com suas cláusulas.

Na cruz, triunfou sobre a serpente, origem de todos os males. Abateu o aguilhão da temível morte e renovou com a água, não com o fogo, aos que se encontravam extenuados pela antiguidade do pecado. Abriu as portas da Ressurreição.

Aos que estavam excluídos da cidadania de Israel, os converteu em cidadãos e familiares dos santos. Aos que eram alheios às promessas da aliança, confiou-lhes os mistérios celestiais. Aos que careciam de esperança, concedeu-lhes a torrente do Espírito, como dom de salvação.

Aos ímpios e sem Deus deste mundo, os converteu em templos da Trindade. Aos que em outro tempo estavam longe devido à conduta e não pelo lugar, pela mentalidade e não pela distância, pela religião e não pela região, os acolheu mediante o salutífero lenho, abraçando aos dignos de desprezo. (...)

Quando você tiver saído do erro, Ele te redimirá e terá compaixão de ti. Na realidade, na Cruz alcançou o triunfo sobre os pecados de todos nós, sepultou nas místicas águas do Batismo nossas vestes de injustiça e precipitou na profundeza do mar todos os nossos pecados.

Pensa na fonte do santo Batismo e proclama a graça, pois o Batismo é a suma de todos os bens, a expiação do mundo, a instauração da natureza, uma correção acelerada, uma medicina sempre disponível, uma esponja que limpa as consciências, um vestido que não envelhece com o tempo, entranhas que concebem virginalmente, um sepulcro que devolve a vida aos sepultados, uma caverna que engole os pecados, um elemento que é o mausoléu do diabo, é selo e baluarte dos selados, fonte que extingue a Geena, convite para a mesa do Senhor, graças dos mistérios antigos e novos vislumbrada já em Moisés, glória pelos séculos dos séculos. Amém.” (1)

No segundo domingo da Páscoa, celebrando “O Domingo da Misericórdia”, retomar este Sermão nos leva a contemplar quão infinita é a misericórdia divina e quão imenso é Seu amor para conosco.

Contemplemos o Ressuscitado glorioso, que se revela e nos dá a graça de sentir Sua presença, comunicando-nos a Paz e o Seu Espírito, enviando-nos em missão.

Contemplemos o Seu amor por nós, o Mistério de Sua Paixão Morte e Ressurreição, e as graças que nos foram concedidas como tão bem expressou São Basílio de Selêucia.

Contemplar e viver a graça do Batismo, a graça que nos foi alcançada pela Morte e Ressurreição do Senhor, como templos do Espírito Santo, para viver a filiação divina.

Contemplar, viver e testemunhar a graça do Batismo, sendo sal da terra e luz do mundo; sacerdotes, profetas e reis...

Contemplar, viver, testemunhar e celebrar no altar do Senhor a graça de sermos discípulos missionários Seus, numa Igreja que não se fecha em suas portas, mas rompe as pedras e põe-se corajosamente em saída, como nos exorta permanentemente o Papa Francisco.


(1) Lecionário Patrístico Dominical - Editora Vozes – 2013- pp.93-95

“Fica conosco, Senhor, durante a noite”

                                                       

“Fica conosco, Senhor, durante a noite”

Este Hino pode nos acompanhar na Oração da Noite, ao colocarmos o dia vivido nas mãos de Deus, e pedirmos forças para um novo dia.

Supliquemos ao Senhor que fique conosco, e com quanto queiramos, durante a noite, para que, ao amanhecer, sintamos a Sua presença, como o foi naquela madrugada da Ressurreição.

Confiemos na presença do Senhor, ao viver a “noite escura” da alma, alcançando a luminosidade desejada, saciados com a doce presença do Amado, Aquele que desejamos, procuramos, e amando O encontramos, e uma vez encontrado O amemos sempre, como expressou Santo Anselmo.

Oremos: 

“Fica conosco, Senhor, durante a noite.

De noite descia a escada misteriosa,
Junto da pedra onde Jacó dormia.

De noite celebravas a Páscoa com Teu povo,
Enquanto, nas trevas, caíam os inimigos.

De noite ouviu Samuel três vezes o seu nome
E em sonhos falavas aos santos Patriarcas.

De noite, num presépio, nasceste, Verbo eterno,
E os Anjos e uma estrela anunciaram a Tua presença.

À noite celebraste a primeira Eucaristia
No meio dos Teus amigos na última Ceia.

De noite agonizaste no Jardim das Oliveiras
E recebeste o beijo frio da traição.

A noite guardou o teu Corpo no sepulcro
E viu a glória da Tua Ressurreição”.

Amém. Aleluia! Aleluia!

Páscoa: Recomeçar com a presença do Ressuscitado

                                                         

Páscoa: Recomeçar com a presença do Ressuscitado

Reflexão à luz da passagem do Evangelho de São João (Jo 21,1-19), sobre a terceira aparição do Ressuscitado junto ao mar de Tiberíades.

Esta passagem evoca o primeiro encontro dos discípulos com Jesus, quando foram chamados a deixar tudo para se tornarem pescadores de homens, dando início a tempos novos.

Também contemplamos a profissão de alguns dos discípulos do Mestre, humildes pescadores, depois de uma noite de trabalho infrutífero, com a aparição do Senhor que garante êxito total e abundante.

A rede superlotada de 153 grandes peixes simbolizava a humanidade toda a qual eles deveriam apresentar a Proposta do Reino, porque a Salvação de Jesus deve ser comunicada a todos os povos, a todas as nações.

Enviados para o mar do mundo para atrair a muitos pela mensagem de Jesus, pois somente n’Ele, com Ele a humanidade encontra sentido para a vida.

Oremos:

Senhor, 
diante das dificuldades, 
quantas vezes sentimos se esvaírem as forças, 
num enfraquecimento que nos faz perder o rumo 
e a motivação que possuíamos.
Não foi diferente com Pedro e os demais discípulos, que, 
desanimados, quiseram voltar à vida de pescadores de peixes.

Senhor, 
também nós, muitas vezes queremos voltar à vida
da imaturidade na fé, recuando, 
desistindo da caminhada, 
do carregar da cruz quotidiana.

Realizai, Senhor, mais uma vez, 
o milagre da Pesca Milagrosa, 
como naquele amanhecer inesquecível, 
depois de uma noite inteira marcada pelo fracasso, 
simbolizado pelas redes vazias.

Ajudai-nos, Senhor, 
que não mais pescadores de peixes somos, 
mas pescadores de homens e mulheres 
das águas turvas e agitadas do quotidiano, 
para que tenham vida plena e abundante.

Senhor, 
agi em nossas vidas, 
para que o Mistério Pascal não se reduza apenas à celebração, 
sem a necessária e intrínseca relação da fé com a vida, 
mas um processo contínuo e ininterrupto de maturação, 
a fim de que possamos crescer cada vez mais na fé, 
e um dia atingir a Vossa estatura, 
como tão bem expressou e fez o Apóstolo Paulo,
em total fidelidade a Vós (Ef 4,13).

Ajudai-nos, Senhor, 
com a Vossa presença e o poder de Vossa Palavra, 
a começar e recomeçar sempre, 
reavivando no coração a chama do primeiro amor, 
retomando com renovado ardor
o  caminho de serviço ao Reino.

Ajudai-nos, Senhor,  a superar sempre 
o aparente abandono e decepção da Vossa Morte na Cruz, 
que é para nós o sinal de vitória, 
de que a vida venceu a morte, 
pois o Pai Vos Ressuscitou 
e Vos introduziu na mais perfeita comunhão Trinitária 
com o Santo Espírito, 
e assim, que nos gloriemos tão somente em Vossa Cruz (Gl 6, 14).
Amém. 
Aleluia! Aleluia! 

Marcados pelo Selo do Espírito

                                                         

Marcados pelo Selo do Espírito

 “Em Cristo, também vós, tendo ouvido a Palavra da verdade –
 o Evangelho da vossa Salvação – e nela tendo crido, fostes
selados pelo Espírito da promessa” (Ef 1,13-14)

Sejamos enriquecidos pelo escrito do Bispo São Cirilo, extraído “Das Catequeses de Jerusalém” (séc. IV), que nos fala sobre a  unção do Espírito Santo que acontece no dia do Batismo.

“Batizados em Cristo e revestidos de Cristo, vós vos tomastes semelhantes ao Filho de Deus.

Com efeito, Deus que nos predestinou para a adoção de filhos tornou-nos semelhantes ao corpo glorioso de Cristo.

Feitos, portanto, participantes do corpo de Cristo, com toda razão sois chamados 'cristãos', isto é, ungidos; pois foi de vós que Deus disse: Não toqueis nos meus ungidos (Sl 104,15).

Tomastes-vos 'cristãos' no momento em que recebestes o selo do Espírito Santo; e tudo isto foi realizado sobre vós em imagem, uma vez que sois imagem de Cristo.

Na verdade, quando Ele foi batizado no rio Jordão e saiu das águas, nas quais deixara a fragrância de Sua divindade, realizou-se então a descida do Espírito Santo em pessoa, repousando sobre Ele como o igual sobre o igual.

O mesmo aconteceu convosco: depois que subistes da fonte sagrada, o Óleo do Crisma vos foi administrado, imagem real daquele com o qual Cristo foi ungido, e que é, sem dúvida, o Espírito Santo.

Isaías, contemplando profeticamente este Espírito, disse em nome do Senhor: O Espírito do Senhor está sobre mim, porque o Senhor me ungiu; enviou-me para dar a Boa-Nova aos humildes (Is 61,1).

Cristo jamais foi ungido por homem, seja com óleo ou com outro unguento material. Mas o Pai, ao predestiná-Lo como Salvador do mundo inteiro, O ungiu com o Espírito Santo.

É o que nos diz Pedro: Jesus de Nazaré foi ungido por Deus com o Espírito Santo (At 10,38).

E o Profeta Davi cantava: Vosso trono, ó Deus, é eterno, sem fim; Vosso cetro real é sinal de justiça: Vós amais a justiça e odiais a maldade. É por isso que Deus vos ungiu com Seu óleo, deu-vos mais alegria que aos vossos amigos (Sl 44,7-8).

Cristo foi ungido com o óleo espiritual da alegria, isto é, com o Espírito Santo, chamado óleo de alegria, precisamente por ser o autor da alegria espiritual.

Vós, porém, fostes ungidos com o óleo do Crisma, tornando-vos participantes da natureza de Cristo e chamados a conviver com Ele.

Quanto ao mais, não julgueis que este Crisma é um óleo simples e comum. Depois da invocação já não é um óleo simples e comum, mas um dom de Cristo e do Espírito Santo, tornando-se eficaz pela presença da divindade.

Simbolicamente unge-se com ele a fronte e os outros membros. E enquanto o corpo é ungido com óleo visível, o homem é santificado pelo Espírito que dá a vida”.

Ressalto alguns aspectos desta Catequese:

Tomastes-vos ‘cristãos’ no momento em que recebestes o selo do Espírito Santo”.

Somos remetidos, primeiramente, às palavras de São Paulo (Ef 1,13-14):

– “Em Cristo, também vós, tendo ouvido a Palavra da verdade – o Evangelho da vossa Salvação – e nela tendo crido, fostes selados pelo Espírito da promessa, o Espírito Santo, que é o penhor da nossa herança, para a redenção do povo que ele adquiriu, para o Seu louvor e glória”.

Depois ao Catecismo da Igreja Católica, que assim define o Batismo, fundamentado na Sagrada Escritura e na Tradição da Igreja:

«Este banho é chamado iluminação, porque aqueles que recebem este ensinamento [catequético] ficam com o espírito iluminado...» (São Justino). Tendo recebido no Batismo o Verbo, «luz verdadeira que ilumina todo o homem» (Jo 1, 9), o batizado, «depois de ter sido iluminado» (Hb 10,32), tornou-se «filho da luz» (1Ts 5,5) e ele próprio «luz» (Ef 5, 8):

«O Batismo é o mais belo e magnífico dos dons de Deus [...] Chamamos-lhe dom, graça, unção, iluminação, veste de incorruptibilidade, banho de regeneração, selo e tudo o que há de mais precioso.

‘Dom, porque é conferido àqueles que não trazem nada: graça, porque é dado mesmo aos culpados: Batismo, porque o pecado é sepultado nas águas; unção, porque é sagrado e régio (como aqueles que são ungidos); iluminação, porque é luz irradiante; veste, porque cobre a nossa vergonha; banho, porque lava; selo, porque nos guarda e é sinal do senhorio de Deus’». (1)

Consista, portanto, o Tempo Pascal para nós, tempo do transbordamento da alegria, como nos diz com propriedade o Prefácio da Missa neste Tempo.

Renovemos a alegria de viver o Sacramento do Batismo, com a unção e a força do Espírito Santo que em nós habita, como templos sagrados de Deus.

Vivendo o Batismo, com alegria, esperança e coragem, seremos para o mundo testemunhas desejáveis e credíveis do Ressuscitado.


(1) Parágrafo n. 1216 do Catecismo da igreja Católica, e a citação é de São Gregório Nazianzo, Oratio  40, 3-4: SC 358, 202-204 (P. 36, 361-364).

“A Caridade é o compêndio de todas as virtudes”

“A Caridade é o compêndio de todas as virtudes”

O Presbítero São Vicente Ferrer (nascido na Espanha - 1350 e morto na França - 1419) em seu Tratado sobre a vida espiritual (Cap. 13, pp. 513-514) nos oferece uma reflexão muitíssimo oportuna sobre o modo de pregar, quer para Presbíteros ou não.

“Nas pregações e exortações, utiliza palavras simples, em tom de conversa, quando se tratar de explicar os deveres particulares.

Na medida do possível, serve-te de exemplos, para que o pecador culpado de determinada falta se sinta interpelado como se a pregação fosse só para ele.

No entanto, na tua maneira de falar deve transparecer claramente que as advertências não procedem de um espírito soberbo ou irascível, mas de sentimentos de caridade e amor paterno; como um Pai que sofre ao ver um filho que erra, gravemente enfermo ou caído no fundo do poço, e se esforça para salvá-lo, livrá-lo do perigo e cuidar dele como se fosse uma mãe.

Faze sentir ao pecador tua alegria pelo seu progresso e pela glória que o espera no Paraíso. Este modo de proceder costuma ser proveitoso para os ouvintes.

Porque falar em geral sobre as virtudes e os vícios não atrai muito o interesse de quem te escuta também nas confissões, quando confortas os fracos com delicadeza ou quando advertes com severidade os obstinados no mal, mostra sempre sentimentos de amor, para que o pecador sinta a todo momento que tuas palavras são ditadas unicamente pelo amor sincero.

Por isso, as palavras carinhosas e mansas antecedem sempre as que atemorizam. Se desejas, portanto, ser útil ao próximo, recorre primeiro a Deus de todo o coração.

Pede-lhe com simplicidade que se digne infundir em ti aquela caridade que é o compêndio de todas as virtudes e a melhor garantia de êxito nas tuas atividades”.

Concluo citando as inesquecíveis palavras do Papa Paulo VI na Evangelli Nuntiandi n.41:

“[...] para a Igreja, o testemunho de uma vida autenticamente cristã, entregue nas mãos de Deus, numa comunhão que nada deverá interromper, e dedicada ao próximo com um zelo sem limites, é o primeiro meio de evangelização. ‘O homem contemporâneo escuta com melhor boa vontade as testemunhas do que os mestres, dizíamos ainda recentemente a um grupo de leigos, ou então se escuta os mestres, é porque eles são testemunhas’”.

Esta reflexão se conhecida, acolhida no mais profundo do coração nos fará mais que bons pregadores, pois não tão apenas pregaremos com palavras, mas com a própria vida porque estaremos sempre inflamados pela “caridade que é o compêndio de todas as virtudes”, como bem se expressou São Vicente.

Oremos por todos os pregadores para que sejamos abertos à ação do Espírito e inflamados por Seu Amor na exortação e fortalecimento do rebanho por Deus confiado.

“Pai Nosso que estais nos céus...“



PS: Presbítero São Vicente Ferrer - memória celebrada pela Igreja no dia 5 de abril.

Fidelidade ao amor e ao Projeto de Deus


Fidelidade ao amor e ao Projeto de Deus

Com a passagem do Livro do Profeta Malaquias (Ml 1,14b-2,1-2.8-10), refletimos sobre as dramáticas consequências quando se dá o divórcio entre o Povo e Deus; quando aqueles que deveriam zelar pelo bem do primeiro em fidelidade ao segundo não o fazem o resultado é sofrimento, injustiça, cultos abomináveis e idolátricos.

Malaquias, que significa “o meu mensageiro”, retrata com preciosidade esta realidade do período pós-exílio (primeira metade do século V - 480/450 a.C.). 

O Profeta intervém contra o resfriamento da fé, o desleixo dos sacerdotes e dos fiéis nas celebrações litúrgicas e contra a decadência moral que sofre a comunidade.

Trata-se de um quadro com marcas de apatia religiosa, falta de confiança em Deus, o desleixo do culto e o enfraquecimento da ética, a banalização do nome e o respeito aos compromissos para com Deus. Abandonaram o “Primeiro Amor” e a tristeza marcava os cultos.

Como mensageiro de Deus, exige o Profeta a conversão do povo e a reforma cultural e não deixa de fazer perceber os primeiros culpados desta realidade: “os sacerdotes do templo” que falsificam o culto, bem como a Palavra de Deus. Além de se desviarem de sua missão fazem o povo vacilar e o trata com indiferença.

O Profeta vê saídas, mas desde que todos se coloquem num processo contínuo de conversão e fidelidade, de modo especial as lideranças se colocando em postura de dedicação, entusiasmo, doação e entrega aos compromissos a que foram chamados em fidelidade a Deus e compromisso com o Povo que a Ele pertence.

É preciso tomar consciência da condição de criaturas que nos torna iguais. Deixarmo-nos amar pelo Senhor, que como Criador e Pai quer fazer de nós Sua amada família.

Urge, portanto, corresponder cada vez mais ao imensurável amor de Deus, renovando cada dia sagrados compromissos com Seu Projeto de amor, vida, alegria, justiça e paz para toda a humanidade.

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4º Bispo da Diocese de Guanhães - MG