O Presbítero São Vicente Ferrer (nascido na Espanha - 1350 e morto na França - 1419) em seu Tratado sobre a vida espiritual (Cap. 13, pp. 513-514) nos oferece uma reflexão muitíssimo oportuna sobre o modo de pregar, quer para Presbíteros ou não.
“Nas pregações e exortações, utiliza palavras simples, em tom de conversa, quando se tratar de explicar os deveres particulares.
Na medida do possível, serve-te de exemplos, para que o pecador culpado de determinada falta se sinta interpelado como se a pregação fosse só para ele.
No entanto, na tua maneira de falar deve transparecer claramente que as advertências não procedem de um espírito soberbo ou irascível, mas de sentimentos de caridade e amor paterno; como um Pai que sofre ao ver um filho que erra, gravemente enfermo ou caído no fundo do poço, e se esforça para salvá-lo, livrá-lo do perigo e cuidar dele como se fosse uma mãe.
Faze sentir ao pecador tua alegria pelo seu progresso e pela glória que o espera no Paraíso. Este modo de proceder costuma ser proveitoso para os ouvintes.
Porque falar em geral sobre as virtudes e os vícios não atrai muito o interesse de quem te escuta também nas confissões, quando confortas os fracos com delicadeza ou quando advertes com severidade os obstinados no mal, mostra sempre sentimentos de amor, para que o pecador sinta a todo momento que tuas palavras são ditadas unicamente pelo amor sincero.
Por isso, as palavras carinhosas e mansas antecedem sempre as que atemorizam. Se desejas, portanto, ser útil ao próximo, recorre primeiro a Deus de todo o coração.
Pede-lhe com simplicidade que se digne infundir em ti aquela caridade que é o compêndio de todas as virtudes e a melhor garantia de êxito nas tuas atividades”.
Concluo citando as inesquecíveis palavras do Papa Paulo VI na Evangelli Nuntiandi n.41:
“[...] para a Igreja, o testemunho de uma vida autenticamente cristã, entregue nas mãos de Deus, numa comunhão que nada deverá interromper, e dedicada ao próximo com um zelo sem limites, é o primeiro meio de evangelização. ‘O homem contemporâneo escuta com melhor boa vontade as testemunhas do que os mestres, dizíamos ainda recentemente a um grupo de leigos, ou então se escuta os mestres, é porque eles são testemunhas’”.
Esta reflexão se conhecida, acolhida no mais profundo do coração nos fará mais que bons pregadores, pois não tão apenas pregaremos com palavras, mas com a própria vida porque estaremos sempre inflamados pela “caridade que é o compêndio de todas as virtudes”, como bem se expressou São Vicente.
Oremos por todos os pregadores para que sejamos abertos à ação do Espírito e inflamados por Seu Amor na exortação e fortalecimento do rebanho por Deus confiado.
“Pai Nosso que estais nos céus...“
PS: Presbítero São Vicente Ferrer - memória celebrada pela Igreja no dia 5 de abril.
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