Quaresma: Coragem de rever o caminho feito A Liturgia da 4ª sexta-feira da Quaresma nos apresenta no Banquete da Palavra: Sb 2,1a.12-22, Sl 33,17-21.23; Jo 7,1-2.10.25-30). Vivendo o Tempo favorável de graça e salvação, em que nos empenhamos numa frutuosa conversão, aproveitemos e prolonguemos nosso tempo de Oração fecunda para colhermos abundantes frutos pascais.
Assim lemos no Comentário do Lecionário Comentado:
Porventura é mesmo esta falsa segurança de conhecer bem Jesus que estereotipa o nosso anúncio, torna morna a nossa fé, pouco convincente o nosso testemunho e pouco fecunda a nossa missão. 'E vós quem dizeis que Eu sou?' (Mc 8,29): esta pergunta de Jesus interpela-nos continuamente” (1).
Reflitamos: “O Mistério de Cristo não pode revelar o Seu poder de novidade perturbante se o consideramos tranquilamente entre as coisas sabidas, entre os discursos óbvios e previsíveis, entre as doutrinas bem organizadas, entre as fórmulas que se repetem nas catequeses e entre as datas que se celebram ano após ano no nosso calendário litúrgico. Podemos imaginar como dirigido também a nós o que dizia Jesus como alguma ironia aos Seus contemporâneos que presumiam conhecê-Lo. ‘Certamente conheceis-me e sabeis de onde Eu sou’. Existe também para nós o perigo da credulidade preguiçosa, da redução do Evangelho ao bom senso do homem, enfraquecendo a sua natureza paradoxal e a sua força vital. - Conhecemos Jesus de fato, ou conhecemos apenas uma imagem que concebemos e nela nos apoiamos? - O Evangelho de Jesus é sempre uma Boa Nova que nos questiona, perturba, inquieta e provoca a buscar novos caminhos, novos pensamentos, atitudes e compromissos? - O cristianismo que vivemos consiste em fórmulas sabidas e decoradas e pouco enraizadas, sem conteúdo necessário, obras que o revelam? - De que modo a Doutrina Católica e sua riquíssima catequese orienta o nosso existir? Qual a dedicação em conhecê-la e vivê-la? - O quanto os Ritos e Tempos Pascais transformam a nossa vida? - De que modo o que celebramos se prolonga em nosso cotidiano? - Buscamos a verdadeira Face do Cristo que Se revela nas Escrituras e nos empobrecidos? - Tomamos cuidado com o perigo da credulidade preguiçosa que afirma a confiança em Deus, mas nada de concreto faz para alcançar o que se pede, ou mudar o que for preciso, em omissões e falta de compromissos eucarísticos? - Temos reduzido o Evangelho ao bom senso do século, em conformidade com o mundo e suas propostas? - Temos comunicado com coragem a força vital da Boa Nova do Evangelho, de modo que a Palavra de Deus não perca sua beleza, esplendor e profecia? - Qual é a “temperatura” da fé que professamos? Será ela fria, cálida ou morna, sendo esta abominada por Deus (cf. Ap 3,16)? - Qual a pertinência e o convencimento de nosso testemunho cristão, assim como de nossas comunidades? - Preocupamo-nos com a fecundidade da nossa missão em realidades urbanas que nos desafiam: condomínios, escolas, cadeias, hospitais, aeroportos, shoppings, ruas, meios de comunicação, e outros incontáveis espaços, chãos fecundos para a Missão, para o semear da Semente do Verbo? A perseguição dos justos, ontem hoje e sempre, pode muito bem identificar a pessoa de Jesus, o Justo por excelência, porque obediente e fiel plenamente à vontade divina, que jamais conheceu o pecado. Tendo encontrado com o Senhor que nos fala quando temos coragem de ouvir, ponhamo-nos em missão, com sentimentos de paciência na tribulação, resistência na tentação e gratidão na prosperidade porque nada falta a quem no Senhor confia, e a Ele se entrega. (1)Cf. Lecionário Comentado – Ed. Paulus – Vol. Quaresma – Páscoa – p. 210
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