quarta-feira, 19 de fevereiro de 2025

Em poucas palavras...

 


O sentido da morte cristã

Graças a Cristo, a morte cristã tem um sentido positivo. «Para mim, viver é Cristo e morrer é lucro» (Fl 1, 21). «É digna de fé esta palavra: se tivermos morrido com Cristo, também com Ele viveremos» (2 Tm 2, 11).

A novidade essencial da morte cristã está nisto: pelo Batismo, o cristão já «morreu com Cristo» sacramentalmente para viver uma vida nova; se morremos na graça de Cristo, a morte física consuma este «morrer com Cristo» e completa assim a nossa incorporação n'Ele, no seu ato redentor:

«É bom para mim morrer em (eis) Cristo Jesus, mais do que reinar dum extremo ao outro da terra. É a Ele que eu procuro, Ele que morreu por nós: é a Ele que eu quero, Ele que ressuscitou para nós. Estou prestes a nascer [...]. Deixai-me receber a luz pura: quando lá tiver chegado, serei um homem» (Santo Inácio de Antioquia).” (1)

 

(1)               Catecismo da Igreja Católica – parágrafo n. 1010

 

Minhas reflexões no Youtube

 



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Curados pelo Senhor

                                                        

Curados pelo Senhor

Reflexão à luz da passagem do Evangelho de Marcos (Mc 8,22-26) sobre a cura do cego por Jesus.

Assim como os discípulos têm dificuldade para enxergar, o cego “dá trabalho” a Jesus (nota da Bíblia - Edições CNBB).

A cura se deu num processo: via homens andando como árvores, depois enxergava todas as coisas com nitidez.

Assim acontece com todo aquele (a) que se põe no Caminho da Iniciação à fé.

Seguindo o Senhor: Rito, Palavra de Deus, Sacramentos e Evangelização se completam, na mais perfeita sintonia.

E a transformação que abrange a totalidade da pessoa: mente e coração, espírito e sentidos, indivíduo e comunidade, fazendo progressos na prática da caridade.

Supliquemos ao Senhor que cure nossa cegueira, para enxergarmos novos caminhos, quando tudo parece ter perdido o sentido.

Supliquemos ao Senhor, para que curados, tenhamos olhares renovados de esperança, fitos em horizontes mais que queridos, haverão de ser alcançados.

Curados pelo Senhor, para que saibamos ver, com os olhos do coração, aqueles que mais precisam, clamam, mãos estendem, lágrimas vertem, nosso amor e solidariedade suplicam.

Curados de nossa miopia espiritual, sejamos, pois de um quê de miopia em relação ao outro e ao que se passa ao nosso redor, todos somos acometidos.

Curados pelo Senhor de toda e qualquer forma de cegueira, sejamos. Amém.

O pós-dilúvio e o casamento

                                                    

                 O pós-dilúvio e o casamento

 
Reflexão sobre o Sacramento do Matrimônio, à luz das passagens bíblicas: Gn  8, 6-13.20), Sl 115 e Evangelho de Marcos (Mc 8, 22-26).
 
A passagem de Gênesis retrata os primeiros dias depois do dilúvio e o Evangelho apresenta-nos a cura do cego de Betsaida.
 
Reflitamos sobre o quanto a Palavra de Deus pode nos iluminar, relacionando os primeiros dias pós-dilúvio com a realidade do casamento e o que tem a ver a cura do cego com a realidade do casamento.
 
No fim de quarenta dias de chuva, Noé envia a pomba que na primeira vez retorna sinalizando que ainda não havia baixado as águas.
 
Na segunda vez, ao entardecer volta trazendo no bico um ramo de oliveira. Mais sete dias de espera e recomeça a história do pós-dilúvio.
 
Noé e sua família têm que recomeçar uma nova história, terão de ser fecundos, multiplicar sobre a terra. É o recomeço, a reconstrução, o reinício…
 
O casamento também tem seus momentos de recomeço, reconstrução e reinício, com a espera da volta de um entardecer com a alegre notícia, de que as águas secaram e um novo tempo se pode começar.
 
O casamento é um eterno recomeço. Muitas vezes “quarenta dias de chuva” se prolongam nos relacionamentos conjugais, parecendo uma chuva interminável, parecendo que tudo vai alagar, inundar, afundar; sonhos são naufragados, submersos nas dificuldades e pesadelos, nas carências e ausências... Muitas vezes parece já não restar nenhuma esperança, um aparente fim anunciado que já mais poderá ser reiniciado.
 
O pós-dilúvio aponta para o eterno recomeço de um casamento. Recomeçar sempre cada dia, com entusiasmo, com fé e coragem. Reconstruir o que possa aparentemente ter desmoronado. Redimensionar os espaços, alargar horizontes do amor, do perdão, da compreensão.
 
Quantas vezes casais recomeçaram uma nova história, uma nova proposta, um reencantamento? Pode ter sido num Encontro de Casais, um Sacramento da reconciliação buscado; uma palavra amiga que os tenham despertado…
 
De fato, Deus desistiu de destruir a humanidade, para além de toda infidelidade, maldade, iniquidade, desobediência. O perdão possibilitou o recomeço da humanidade com o dilúvio.
 
Quantos relacionamentos se refizeram a partir da prática do perdão. Há um pensamento que traduz isto; “Se quiserdes ser feliz por um instante: vingai-vos. Se quiserdes ser feliz para sempre: perdoai-vos”. Sem perdão, reconciliação, não há casamento que possa durar. Não só o casamento, pois o perdão é a mais bela expressão de que o Amor falou mais forte que o pecado.
 
 
Logo em seguida, vemos Noé tomando as providências para erguer um Altar para Deus, oferecendo animais em holocaustos sobre ele. A Sagrada Escritura diz que Deus respirou o agradável odor e prometeu nunca mais amaldiçoar a terra por causa da desobediência da humanidade, e nada deixar faltar. Mais duas respostas encontramos.
 
A gratidão, o culto, a relação de Noé com Deus: expressos na construção de um Altar. Que haja estreita relação de toda mesa com a Mesa Sagrada do Altar. As mais belas mesas de uma casa o deixam de ser se não estiverem ligadas com a Mesa Sagrada do Altar.
 
De nada adiantam belos castiçais, se não houver a procura do Cálice Sagrado e da Bebida que o purifica. Os mais belos pratos numa mesa não têm beleza alguma se não estiverem ligados com a Patena do Altar, onde o Corpo de Cristo Se encontra para ser partilhado numa grande Festa de amor, partilha e comunhão.
 
A gratidão de Noé para com Deus: a ação de graças que se há de celebrar sempre – as famílias precisam se voltar mais para o Altar, se reunindo com frequência ao seu redor. Sem o encontro do Altar, não haverá alegria em nenhum lar, porque o amor facilmente há de faltar.
 
Deus é o Deus providente. Nada nos deixa faltar. Um casamento onde Deus tem Seu devido lugar, nada há de faltar. Como o Salmista reza – “O Senhor é meu pastor, nada me faltará” – tudo concorre para o bem daqueles que o Senhor ama. Pode um casal ficar sem coisas materiais, efêmeras, mas não sem Deus e o Seu indispensável amor e providência.
 
Com o Salmo, refletimos sobre tantas experiências que pais vivem ao verem seus filhos partirem para junto de Deus. Aqui a Palavra deve falar por si mesma: “É sentida por demais pelo Senhor a morte dos inocentes”. Deus Se faz presente na vida do casal, dos pais que celebram a páscoa de seus filhos, com compaixão. Assim esteve presente na morte de Seu Filho, plantando para sempre no coração de Maria e de toda a humanidade a esperança e certeza da Ressurreição em que a Vida venceu a Morte.
 
Quanto à passagem do Evangelho, em que Jesus curou a cegueira daquele homem de Betsaida, também reflitamos.
 
O cego representa a humanidade, o catecúmeno na busca da Luz que somente em Deus se encontra – “Eu sou a luz do mundo, quem me segue não anda nas trevas, mas tem a luz do mundo” (Jo 8,12).
 
O casamento é este mistério da cura de toda cegueira. Quantas vezes o casal se vê em situações e num primeiro momento não enxerga saídas, não encontra respostas? Porém, Palavra ouvida, sabedoria do Espírito pedida, visão restabelecida, caminhos encontrados. Uma luz se acende sempre quando a Deus se recorre. Não há escuridão que possa ocultar a luz de Deus.
 
O casamento é esta constante busca da cura, do novo olhar. A cegueira pode tomar conta quando fala mais alto o egoísmo, a indiferença, o individualismo, o fechamento, o isolamento, a apatia, a falta de fé, a falta de oração, numa palavra, a ausência de momentos de interioridade e intimidade com Deus e entre o próprio casal. É necessário que o casal tenha momentos de intimidade com Deus juntos, momentos de oração iluminadores, restauradores.
 
Ouvi certa vez de um casal: “Quando deixamos de rezar, as coisas começaram a não dar mais certo”. Logo concluímos que a oração do casal é um colírio indispensável e que evita toda miopia espiritual.
 
Somente a Luz do Espírito Santo para revitalizar casamentos para um sempre luminoso pós-dilúvio. Assim os casais poderão dizer juntos: “Quando vemos a Luz, enxergamos a Esperança, revigoramos a fé, contemplamos a caridade que jamais passará! A Caridade renova a fortaleza de ânimo para suportar todo labor, opróbrio e injúria, sem nada pensar de mal…”, como disse o Abade São Máximo (séc. VIII).
 
Elevemos orações para que os casais mantenham acesa a luz em seus lares, pequenas Igrejas domésticas, enfrentando o desafio dos ventos que sopram querendo apagar as luzes que foram acesas em tantos corações; nos corações daqueles que procuram fazer do casamento um sinal do Amor de Deus.
 
Curados pelo Senhor e por sua Palavra, vejamos para além das aparências de um iminente caos, o reinício de uma nova história e, também, o regar da semente das forças que parecem exaurir totalmente em tantos casais.
 
Continuemos refletindo e nos empenhando pela Santificação da Família, fazendo um ato de fé de que o Sacramento do Matrimônio não pode ceder ao evangelho do mundo, que o anuncia como algo superado.
 
Cremos na Boa Nova do Evangelho e que o casamento é um Mistério Sagrado, carregando seus maravilhosos mistérios e o maior deles, o Mistério Pascal.
 
O casamento é, verdadeiramente, um Mistério de Paixão, Morte e Ressurreição: tem suas cruzes, mas também suas luzes, por isto é preciso rezar sempre:
 
“Vinde, Espírito Santo, enchei os corações dos Vossos fiéis, e acendei neles o fogo do Vosso amor. Enviai o Vosso Espírito e tudo será criado. E renovareis a face da terra.”.
 

“Enviai-me, Senhor”

                                                         


“Enviai-me, Senhor”

Somos enviados por Deus em missão, como aconteceu com o Profeta Isaías: “Ouvi então a voz do Senhor, que dizia: ‘Quem enviarei? Quem irá por nós? Eu respondi: ‘Eis-me aqui: podeis enviar-me’” (Is 61,8), e é preciso que nesta missão sejamos misericordiosos como o Pai (Lc 6,36).

Deste modo, somos enviados para irradiar a Boa-Nova do Evangelho em todos os âmbitos, e de modo especial viver as obras de misericórdia corporais (dar de comer aos famintos, dar de beber aos sedentos, vestir os nus, acolher os peregrinos, dar assistência aos enfermos, visitar os presos, enterrar os mortos); e as obras de misericórdia espirituais (aconselhar os indecisos, ensinar os ignorantes, admoestar os pecadores, consolar os aflitos, perdoar as ofensas, suportar com paciência as fraquezas do próximo, rezar a Deus pelos vivos e defuntos).

Roguemos a Deus para que nossas comunidades, conduzidas e aberta ao Espírito, sejam cada vez mais evangelizadoras; verdadeiras comunidades eclesiais missionárias, onde os pilares da Palavra, do Pão da Eucaristia, da Caridade e da ação Missionária sejam cada vez mais fortalecidos, como tão bem nos orienta as Diretrizes Gerais da Ação Evangelizadora da Igreja no Brasil (2019-2023) - (Documento n. 109), com seu Objetivo Geral das Diretrizes:

EVANGELIZAR no Brasil cada vez mais urbano, pelo anúncio da Palavra de Deus, formando discípulos e discípulas de Jesus Cristo, em comunidades eclesiais missionárias, à luz da evangélica opção preferencial pelos pobres, cuidando da Casa Comum e testemunhando o Reino de Deus rumo à plenitude”.

Oportunas as palavras do Bispo São Boa Ventura (séc. XIII): 

“Através da ferida visível vemos a ferida do amor invisível”, pois contemplando a ferida visível do Senhor, cravado na cruz pela nossa redenção, expressão ápice de Seu amor por nós, renovaremos o nosso ardor e a alegria de sermos enviados como sinais deste amor, através das atividades mais diversas que venhamos a multiplicar.

Enfim, como peregrinos de esperança, vivendo o Ano Jubilar, somos enviados para viver com alegria a vocação de discípulos missionários do Senhor, comprometidos com o anúncio da Boa-Nova do Reino, evangelizando com amor, zelo e alegria, contando sempre com a força e presença do Espírito Santo. 

Portanto, se o cansaço vier, se dificuldades aparecerem, contemos com o colo maternal de Maria, a Estrela da Evangelização, e cobertos por seu manto sagrado, refeitas nossas forças, continuemos a nossa missão.

A Sabedoria de Deus

                                                   

A Sabedoria de Deus

À luz do Comentário sobre o Livro dos Provérbios, escrito pelo Bispo Procópio de Gaza (séc. VI), reflitamos sobre a Sabedoria de Deus, que misturou o vinho e pôs a Mesa para nós.

“A Sabedoria construiu para si uma casa. O poder por si subsistente de nosso Deus e Pai preparou para Si próprio uma casa: o Universo onde Ele habita por Sua virtude. No Universo colocou também o homem que Ele criou à Sua imagem e semelhança, composto de natureza visível e invisível.

Ergueu, então, sete colunas. O Espírito Santo deu os seus sete dons ao homem depois de criado e conformado a Cristo, para que cresse em Cristo e observasse Seus Mandamentos.

Por estes dons, o homem espiritual chega à perfeição e se fortalece, pelo enraizamento na fé, na participação da vida sobrenatural. Sua fortaleza é dinamizada pela ciência, enquanto que sua ciência se manifesta pela fortaleza.

Assim, a natural nobreza do espírito humano é elevada pelo dom da fortaleza, e predisposta a procurar com fervor e a desejar inteiramente as vontades divinas, pelas quais tudo foi criado.

Pelo dom do conselho, torna-se capaz de distinguir, entre o que é falso e as santíssimas vontades de Deus, incriadas e imortais. Deste modo tornamo-nos capazes de meditá-las, ensinar e cumprir.

Pelo dom da prudência, enfim, somos levados a aprovar e aceitar estas mesmas vontades e não outras. Estas três virtudes exaltam o natural esplendor do Espírito.

Misturou em Sua taça o Vinho e preparou a Mesa. Neste homem, em quem, como em uma taça, mesclam-se a natureza espiritual e a corpórea, Deus uniu à ciência das coisas o conhecimento d’Ele próprio como o criador de tudo.

Este dom da inteligência, tal qual o vinho, faz o homem embriagar-se de tudo quanto se refere a Deus. Sendo assim, graças a Ele, que é o Pão Celeste, nutrindo as almas pela virtude e inebriando e deleitando pela doutrina, a Sabedoria dispõe tudo como as iguarias do Celeste Banquete para os que dele desejam participar.

Enviou os Seus servos, chamando-os em alta voz à Sua Mesa, dizendo. Enviou os Apóstolos, a serviço de Sua divina vontade na proclamação do Evangelho, que provindo do Espírito está acima de toda a lei, quer escrita, quer natural, a fim de chamar todos a Si.

N’Ele próprio, como numa taça, mediante o Mistério da Encarnação, fez-se a mistura admirável das naturezas divina e humana, de maneira pessoal, isto é hipostática, sem confusão. Enfim, pelos apóstolos ele proclama: Quem é insensato, venha a mim. Quem é insensato, porque julga em seu coração que Deus não existe, abandone a impiedade, venha a mim pela fé, e saiba que sou Eu o criador de tudo e Senhor.

Aos carentes de sabedoria Ele diz: Vinde, comei comigo o meu pão e bebei o vinho que misturei para vós. Tanto àqueles que não têm obras da fé quanto aos mais perfeitos em Sua doutrina Ele chama:

‘Vinde, comei o meu corpo que à semelhança do pão dos fortes vos nutre; e bebei o meu sangue, que como vinho de doutrina celeste vos deleita e conduz à deificação; pois de modo admirável misturei o sangue à divindade para vossa salvação’".

Partícipes da Mesa do Senhor, nutridos pela Eucaristia, Corpo e Sangue do Senhor, é necessário que nos abramos à ação do Espírito, que recebemos ao comungar.

Alimentados pelo Pão da Eucaristia e inebriados pelo Vinho Sagrado, enriquecidos pelos dons do Espírito, somos enviados ao mundo para fazer resplandecer a Divina Luz, dando gosto de Deus a todas as coisas que fizermos, bem como diluir como fermento na massa, para que façamos crescer o melhor de Deus onde quer que estejamos.

Peregrinos de esperança, supliquemos sempre a presença do Espírito Santo, para dirigir nossos passos, iluminar nossos pensamentos, orientar nossas ações, como discípulos missionários do Senhor:

“Vinde, Espírito Santo, enchei o coração dos Vossos fiéis...”


Fonte: Liturgia das Horas – quarta-feira da 7ª Semana do Tempo Comum

Amor sem limites (VIIDTCC)

                                                        

Amor sem limites

A Liturgia do 7º Domingo do Tempo Comum (ano C) nos convida a crescer no amor ao próximo, ainda que este próximo seja nosso inimigo, alguém que nos magoou, ferindo-nos profundamente.

Somos vocacionados para viver um amor total, amor sem limites, vivendo a lógica do amor e não a lógica da violência.

Do alto da Cruz, Jesus Cristo nos ensina a perdoar – “Pai, perdoai-lhes, pois não sabem o que fazem” (Lc 23,34).

Na passagem da primeira Leitura, ouvimos o Primeiro Livro de Samuel (1Sm 26,2.7-9.12-13.22-23).

Davi é a experiência de quem viveu uma nova lógica do amor, da misericórdia e do perdão e encontrou correspondência/recompensa de Deus. Sendo um homem de coração magnânimo, tendo a possibilidade da eliminação de seu inimigo, escolhe a atitude de perdão.

Com a passagem da segunda Leitura (1 Cor 15,45-49), continuamos a refletir sobre a Ressurreição. Crer nela é viver um amor com radicalidade e sem limitações, crendo no anúncio do mundo novo que nos espera além da terra, da própria morte.

A Ressurreição é a passagem para uma nova vida, onde continuaremos a ser nós próprios, mas sem os limites da materialidade do nosso corpo.

“A morte é o fim da vida; mas fim entendido como meta alcançada, como plenitude atingida, como nascimento para um mundo infinito, como termo final do processo de hominização, como realização total da utopia da vida plena. Sendo assim, haverá alguma razão para temermos a morte ou para vermos nela o fim de tudo – uma espécie de barreira que põe definitivamente fim à comunhão com aqueles que amamos?” (1)

A fé na Ressurreição nos liberta do medo de agir, de denunciar as forças de morte que oprimem e desfiguram o mundo.

A nossa corporeidade é oportunidade para o amor sem limites até que possamos mergulhar no horizonte infinito do amor de Deus, com um corpo celestial que é impossível de ser descrito.

“Que temos a perder, quando nos espera a vida plena, o mergulho no horizonte infinito de Deus – onde nem o ódio, nem a injustiça, nem a morte podem pôr fim a essa vida total que Deus reserva aos que percorreram, neste mundo, os caminhos do amor e da paz?” (2).

Na passagem do Evangelho (Lc 6,27-38), Jesus exige de Seus seguidores, um coração sempre disponível para o perdão, para a acolhida, de modo que vejamos no outro, mesmo no inimigo, um irmão nosso; por isto Jesus é a expressão máxima do amor e do perdão:

“Jesus vai muito mais além do que a doutrina do Antigo Testamento. Para Ele é preciso amar o próximo; e o próximo é, sem exceção, o outro – mesmo o inimigo, mesmo o que nos odeia, mesmo aquele que nos calunia e amaldiçoa, mesmo aquele de quem a história ou os ódios ancestrais nos separam” (3).

Portanto, o amor é a única forma para desarmar o ódio e a violência, e assim, somos chamados ao amor e ao perdão, para alcançar a verdadeira felicidade: não viver o perdão é carregar a inutilidade de um peso que somente nos faz mal.

Nesta passagem, encontramos a “regra de ouro”: “o que quiserdes que os homens vos façam, fazei-lho vós também” – o amor não se limita a exclusão do mal, mas num compromisso sério e objetivo com o bem em favor do próximo.

Concluindo, os últimos séculos, que tem sido marcado pela violência (Guerras mundiais), desafiam-nos a inverter a lógica e a espiral da violência, num amor sem limites para recriarmos um mundo novo, mais justo e fraterno.

Cremos que a violência gera sempre mais violência e que somente o amor desarma a agressividade e transforma os corações dos maus e dos violentos.

Cremos na força desarmada do amor, que Jesus nos ensinou e até o fim viveu, e quer que o mesmo façamos.

Oremos:

“Ó Deus, que no Vosso Filho, despojado e humilhado na Cruz, revelastes a força do Amor, abri o nosso coração ao dom do Vosso Espírito e despedaçai as cadeias da violência e do ódio, para que, na vitória do bem sobre o mal, demos testemunho do Vosso Evangelho de paz. Amém”.


(1); (2); (3) – www.Dehonianos.org/portal

Em poucas palavras... (VIIDTCC)

                                                       


Perdão: o amor é mais forte que o pecado

A oração cristã vai até ao perdão dos inimigos (Mt 5,43-44). Transfigura o discípulo, configurando-o com o seu Mestre. O perdão é o cume da oração cristã; o dom da oração só pode ser recebido num coração em sintonia com a compaixão divina.

O perdão testemunha também que, no nosso mundo, o amor é mais forte que o pecado. Os mártires de ontem e de hoje dão este testemunho de Jesus. O perdão é a condição fundamental da reconciliação (2 Cor 5,18-21) dos filhos de Deus com o seu Pai e dos homens entre si”.

 

 

(1) Catecismo da Igreja Católica – parágrafo n. 2844

Em poucas palavras... (VIIDTCC)

                                               


Eucaristia e comunhão vivida

“Não há limite nem medida para este perdão essencialmente divino (Mt 18,21-22; Lc 17,3-4). Quando se trata de ofensas (de «pecados», segundo Lc 11, 4, ou de «dívidas» segundo Mt 6, 12), de fato nós somos sempre devedores: «Não devais a ninguém coisa alguma, a não ser o amor de uns para com os outros» (Rm 13, 8). A comunhão da Santíssima Trindade é a fonte e o critério da verdade de toda a relação (1 Jo 3,19-24). E é vivida na oração, sobretudo na Eucaristia (Mt 5,23-24): 

«Deus não aceita o sacrifício do dissidente e manda-o retirar-se do altar e reconciliar-se primeiro com o irmão: só com orações pacíficas se podem fazer as pazes com Deus. O maior sacrifício para Deus é a nossa paz, a concórdia fraterna e um povo reunido na unidade do Pai e do Filho e do Espírito Santo» (São Cipriano).” (1)

 

(1) Catecismo da Igreja Católica – parágrafo n. 2845

Em poucas palavras... (VIIDTCC)

                                   


“O ódio voluntário é contra a caridade”

“O ódio voluntário é contra a caridade. Odiar o próximo, querendo-lhe mal deliberadamente é pecado. É pecado grave, quando deliberadamente se lhe deseja um mal grave. «Eu, porém, digo-vos: Amai os vossos inimigos e orai por aqueles que vos perseguem, para serdes filhos do vosso Pai que está nos céus...» (Mt 5, 44-45).” (1)

 

(1)        Catecismo da Igreja Católica – parágrafo n. 2303

Misericórdia expressa no amor, oração e perdão (VIIDTCC)

                                                             


Misericórdia expressa no amor, oração e perdão

“Sede misericordiosos, como também o Vosso Pai é misericordioso” (Lc 6,36)

Senhor Jesus, ajudai-nos a compreender e viver Vossas palavras sobre o amor, de modo que eliminemos de nossos corações, não apenas o ódio, mas também o conceito de inimigo.

Dai-nos sabedoria e mansidão, não haja em nossas palavras, pensamentos e atitudes quaisquer possibilidades do ódio, pois nos ensinais que o inimigo não deve e não pode mais existir.

Ajudai-nos, caso encontrarmos alguém que nos odeie, retribuir-lhe com o bem, e elevar orações por aqueles que nos insultam e nos caluniam.

Concedei-nos a graça de Vos seguir e imitar, Vós que, na cruz, nos destes o testemunho, vivendo o que nos ensinastes, rezar pelos nossos algozes (Lc 23,34).

Firmai nossos passos, como peregrinos de esperança, na força da oração, e, também, como o primeiro mártir cristão, Santo Estêvão, o mesmo fazermos. Amém.

  

(1) Fonte de inspiração – Comentário do Missal Cotidiano – Editora Paulus – pág. 1259 – passagem do Evangelho (Lc 6,27-38); apropriada para a passagem do Evangelho de Mateus (Mt 1017-22).


Santidade e perfeição (VIIDTCC)



Santidade e perfeição

“O Senhor falou a Moisés, dizendo:
‘Fala a toda a comunidade dos filhos de Israel, e dize-lhes:
Sede santos, porque Eu, o Senhor vosso Deus, sou santo” (1).

Naquele dia Jesus falou aos Seus discípulos,
E continua falando a nós hoje e para sempre:
“Sede perfeitos como o vosso Pai celeste é perfeito” (2)

Tudo o que Deus espera de nós, é santidade e perfeição.
Ainda que não correspondamos, de nós não desiste,
Porque não nos olha como inimigos e para sempre perdidos.

O olhar de Deus nos envolve e acompanha a cada passo.
E o passo maior e decidido, quando aprendemos a Ele retornar,
Em atitude contrita, e reconhecedores de nossos pecados.

Confessemos, enquanto é tempo, nossos pecados e infidelidades
Arrancando de nós toda ira, ódio, rancor ou desejo de vingança;
Retribuamos a quem nos insultou, perdão acompanhado da oração.

Aspiremos o cume da virtude, ascendendo degraus da perfeição,
Agraciados pelo perdão e amor divinos, para amar e também perdoar.
Amor não somente a quem nos ama, mas também pelos inimigos.

Santidade e perfeição buscadas, assistidos pela força do Santo Espírito,
Vivendo a loucura da Cruz, jamais pela sabedoria do mundo conduzidos,
E de Cristo mesmos pensamentos e sentimentos termos e vivermos.

(1) Lv 19,1
(2) Mc 5,48

PS: Oportuno para a passagem do Evangelho de Lucas (Lc 6,27-38)

A força recriadora do amor e do perdão (VIIDTCC)

                                                            

A força recriadora do amor e do perdão

Para aprofundamento das passagens do Evangelho de São Mateus (Mt 5, 43-48) e São Lucas (Lc 6,27-38).

Sejamos enriquecidos pelas citações extraídas do Lecionário Comentado, para compreendermos e vivermos o exigente Mandamento do Amor que o Senhor nos deixou.

Não ao ódio e espírito de vingança: “O ódio e espírito de vingança são vistos como um cancro, que insinua no coração do homem e que, pouco a pouco, pode levar até a eliminação física do irmão” (1)

A divisão: “A divisão contradiz a natureza da comunidade cristã (a Igreja) e a sua norma de vida. Paulo diz isto àqueles que querem mostrar-se a si mesmos e se vangloriam pela sua presumida sabedoria” (2)

Somos de Cristo: “A fé não está e não pode estar apoiada no prestígio e na autoridade do evangelizador. O cristão deve apoiar sua fé só na pessoa de Cristo. A expressão ‘Vós sois de Cristo’ (v.23) não tem apenas um sentido afirmativo, mas também exclusivo, e significa: Vós pertenceis somente a Cristo e a ninguém mais. Só a sabedoria de Deus não divide e não exaspera” (3)

Espiral da violência: “O ódio, a violência, a vingança causam uma espiral que só pode ser interrompida pelo perdão. Se o mal não encontra resposta, esgota-se em si mesmo, como a semente que não encontra terreno onde possa germinar... O discípulo de Jesus, mesmo que venha a encontrar-se em situações-limite, deverá manter o seu coração livre do ódio e do ressentimento” (4)

Lei de Jesus: “A lei do mundo responde a uma lógica de justiça férrea, Jesus pede que ultrapassemos todas as barreiras com o amor” 

“O Senhor assegura-nos que o amor utilizado com quem nos aborrece e importuna, não nos saúda e procura tirar-nos o que é nosso, é construtivo, vitorioso.

Este amor pelos inimigos tem, ao mesmo tempo, aspectos profundamente humanos, porque parte da tentativa de entrar no íntimo do próximo, de compreendê-lo melhor, de compadecer-se dele... Perante os inimigos, o cristão deve ser guiado unicamente pela lógica do amor” (5)

De fato, somente o Amor de Deus vivido instaurará um novo tempo, uma nova face para o mundo, rompendo de vez com a espiral da violência que gera tão apenas mais sofrimentos.

É preciso que aprendamos com o Senhor que, nos amando até o fim, morrendo na Cruz, deu o mais perfeito testemunho da força desarmada do amor.

Oremos:

“Ó Deus, que no Vosso Filho, despojado e humilhado na Cruz, revelastes a força do Amor, abri o nosso coração ao dom do Vosso Espírito e despedaçai as cadeias da violência e do ódio, para que, na vitória do bem sobre o mal, demos testemunho do Vosso Evangelho de paz. Amém” (6)

(1) Lecionário Comentado – Editora Paulus - Lisboa - p.304
(2)Idem p. 304
(3)Idem p. 305
(4)Idem p. 306

(5)(6) Idem p. 307

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