quarta-feira, 21 de fevereiro de 2024

A necessária conversão na fidelidade a Jesus Cristo

 


A necessária conversão na fidelidade a Jesus Cristo

Reflexão à luz do Comentário do Evangelho de São João, escrito por São Cirilo de Alexandria (séc. V).

“Cristo intercede por nós como homem de Deus, como reconciliador e mediador dos homens. Ele é realmente nosso soberano e santíssimo pontífice que, oferecendo-Se por nós, abranda com Suas súplicas o coração de Seu Progenitor. Ele é, verdadeiramente, vítima e sacerdote, Ele é o mediador e o sacrifício imaculado, o verdadeiro cordeiro que tira o pecado do mundo.

Certo tipo e sombra da mediação de Cristo manifestada nos últimos tempos foi aquela antiga mediação de Moisés; o pontífice da Lei prefigurou o pontífice que estava acima da Lei. Os preceitos legais são realmente sombras da verdade. Por isso, Moisés, o homem de Deus, e com ele o venerável Aarão, foram os eternos mediadores entre Deus e a assembleia do povo, algumas vezes fazendo votos, abençoando e oferecendo os sacrifícios legais e as oferendas pelo pecado conforme estabelece a Lei; e, por fim, também apresentando ações de graças pelos benefícios recebidos de Deus.

Cristo, que nos últimos tempos brilhou como pontífice e mediador superando tipos e imagens, roga certamente por nós como homem, porém derrama Sua bondade sobre nós juntamente com Deus Pai enquanto Deus, distribuindo Seus dons aos que são dignos. Isto é o que explicitamente nos ensina Paulo ao dizer: Eu vos desejo a graça e a paz de Deus nosso Pai e do Senhor Jesus Cristo.

Portanto, quem roga como homem é o mesmo que distribui dons como Deus. Sendo como é pontífice santo, inocente e imaculado, oferece-Se a Si mesmo não por Sua própria fragilidade - como ordena a lei dos sacerdotes -, mas pela salvação de nossas almas. Tendo realizado isto uma só vez por nossos pecados, advoga por nós diante do Pai. Ele é vítima de propiciação por nossos pecados, não só pelos nossos, mas também pelos do mundo inteiro, ou seja, por todos os que, mediante a Lei, seriam chamados procedentes de toda nação e raça, à justiça e à santificação.” (1)

Adoremos a Cristo, pontífice e mediador da Nova e Eterna Aliança, e firmemos nossos passos no itinerário Quaresmal, em atitude penitencial.

Urge que nos empenhemos viver o caminho de uma sincera e frutuosa conversão, colocando em prática os exercícios quaresmais da oração, jejum e esmola (Mt 6,1-18).

Deste modo, oportuno que reconheçamos nossos pecados e nos abeiremos do Sacramento da Penitência, para uma confissão e firmes propósitos de viver uma religião autêntica e agradável a Deus, na fidelidade a Jesus Cristo, como discípulos missionários Seus, conduzindo e orientando a nossa vida pelo Espírito Santo. Amém.

  

(1) Lecionário Patrístico Dominical - Editora Vozes - 2013 - pp. 316-317.

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4º Bispo da Diocese de Guanhães - MG