Com Ele, vamos mais longe...
Retomemos parte de um dos Sermões do Abade São Bernardo (séc. XIII) no qual reflete sobre o Mistério da Salvação:
“O Santo, que nascer de ti, será chamado Filho de Deus (cf. Lc 1,35), fonte de sabedoria, o Verbo do Pai nas alturas! Este Verbo, através de ti, Virgem Santa, se fará Carne, de modo que Aquele que diz: Eu no Pai e o Pai em mim (Jo 10,38), dirá também: Eu saí do Pai e vim (Jo 16,28)...
... Que poderia antes o homem pensar sobre Deus, a não ser talvez fabricando um ídolo no coração? Era incompreensível e inacessível, invisível e inteiramente impensável; agora, porém, quis ser compreendido, quis ser visto, quis ser pensado.
De que modo, perguntas? Por certo, reclinado no Presépio, deitado ao colo da Virgem, pregando no Monte, pernoitando em Oração; ou pendente da Cruz, pálido na morte, livre entre os mortos e dominando o inferno; ou ainda ressurgindo ao terceiro dia, mostrando aos Apóstolos as marcas dos cravos, sinais da vitória, e, por último, diante deles subindo ao mais alto do céu...”
Para muitos o Natal passado literalmente ficou no passado de um dia comemorado com noites mal dormidas, ceias fartas, músicas, precedidos de todos preparativos peculiares (árvores de natal, presépios, luzes piscando, o velho papai Noel esperado, amigos secretos...).
Para muitos o Natal se traduziu em maiores vendas, lucros esperados; para outros ficaram as dívidas programadas, cartões de crédito a serem cobertos nos dias de um ano Novo que se traduz na continuidade de virar páginas de uma agenda, arrancar folhinhas de um calendário...
- Mas o que ficou de bom e permanente desde o primeiro Natal ocorrido e o último celebrado?
- O que aquele Nascimento a cada ano celebrado inaugurou e, de fato, se renova no coração da humanidade?
É Natal ainda e sempre será quando contemplamos Jesus como São Bernardo nos convida a refletir: quando amamos com toda alma e entendimento e com toda força Aquele que até então incompreensível fez-Se compreendido por quem tem coração aberto e de boa vontade; acessível, tangível, visível, tocável para que os que se permitiram deixar tocar por mais belo Mistério de Sua Encarnação.
É Natal ainda e sempre será para quem não confinou o menino à frieza de uma estátua colocada num presépio. Mas para quem do coração uma manjedoura fez, e acolhendo Jesus também abraçou Seu Projeto de Vida e de Amor; para quem contemplou a Manjedoura associando-a imediatamente com a Cruz; para quem viu o Menino entrando na história da humanidade, e acreditou, mesmo sem ter visto, na entrada do Corpo do Morto na Glória de Deus, agora Ressuscitado.
É Natal e para sempre será para quem por Sua Luz se deixar guiar, reconhecendo na Criança a realeza, a divindade e a humanidade (ouro, incenso e mirra – presentes dos Reis Magos), fazendo prolongar a grande Festa da Epifania.
É Natal e para sempre será para quem d’Ele fizer sua verdadeira e imprescindível riqueza (ouro), único mediador (incenso) e exalar o Seu mais belo Perfume de Amor (mirra).
É Natal e para sempre será quando a Epifania em nossa vida se prolongar, pela luz divina nossa vida toda se iluminar.
Não há outra verdade mais bela e perene a acolher e aceitar. Não há outro caminho a trilhar, não há outra vida a desejar, se não a eternidade alcançar.
Somente com Ele e para Ele haveremos de viver, para a eternidade merecer.


Nenhum comentário:
Postar um comentário