quinta-feira, 21 de dezembro de 2023

Natal: contemplemos as maravilhas de Deus (22/12)

                                                       

Natal: contemplemos as maravilhas de Deus

No Livro de Samuel (1 Sm 2,1.4-8), encontramos o cântico de Ana, que inspirou o canto do Magnificat, que encontramos no Evangelho de Lucas (Lc 1,39-45).

No primeiro canto, temos a apresentação dos prodígios realizados por Deus: “Ele muda as situações do mundo: os fortes tornam-se fracos e os fracos são revestidos de força; a estéril dá á luz e aquela que era fecunda fica sem filhos; o pobre e o miserável são levantados do chão e entronizados como príncipes” (1).

No Magnificat, contemplamos sete intervenções de Deus em favor do Seu povo, conforme o comentário que do Lecionário Comentado (2):

1ª - “manifestou o poder do Seu braço”: uma expressão que aparece no Antigo Testamento e indica os sinais realizados por Deus em favor dos fracos, vítimas de humilhações;

2ª - “dispersou os soberbos”: os projetos dos soberbos se tornam vãos pelo Senhor, pois não desejam a realização do Reino de Deus, e tudo fazem para fazer crescer e se fortalecer o domínio sobre os pobres, os humildes;

3ª - “derrubou os poderosos de seus tronos”: são derrubados dos tronos os autossuficientes, aqueles que não aceitam depender de Deus, e olham de cima para baixo os irmãos;

4ª - “exalta os humildes”: há uma mudança radical no coração de todos, onde não há dominados e dominadores; não se trata de uma reviravolta das situações sociais, com inversão e tomada de lugares. Trata-se de uma nova mentalidade de amor, serviço e doação de todos em favor de todos;

5ª - “aos famintos encheu de bens”: uma nova sociedade marcada pela acolhida e pão em abundância para todos e toda a fome será saciada;

6ª - “aos ricos despediu de mãos vazias”: é um anúncio de salvação: Deus fará desaparecer da terra quem acumula bens para si, acompanhado da exploração do irmão, roubando-lhe o alimento necessário. Portanto, não se trata de uma ameaça de condenação ao Inferno e tão pouco promessa de justas reivindicações sociais;

7ª - “acolheu a Israel, Seu servo”: Deus acolhe com sentimentos maternos que sente pelo Seu povo necessitado, e não pelos seus méritos.

Maria, melhor do que ninguém, “compreendeu que o Senhor não ama quem merece, mas sim quem precisa do Seu amor; não a alguém porque é bom, mas é Ele que o torna bom amando-o. Maria deu-se conta da gratuidade de Deus e por isso tinha as disposições requeridas para ser enriquecida por Ele” (3)

Em Maria, encontra-se Aquele que traz a Boa-Nova do Reino, e no Seu Ventre, Sacrário Vivo da Eucaristia, encontra-Se Aquele que nos ensinará a construir um mundo novo, com relações fraternas marcadas pelo amor, doação, serviço, partilha e perdão.

No seu ventre, encontra-Se Aquele que vai realizar a esperança dos empobrecidos, que sonham, buscam e se comprometem com um mundo novo.

Deste modo, compreendemos a Festa do Natal: o Pai Celeste não reteve para Si o Seu Filho Unigênito, mas O entregou ao mundo por amor.

Seja o Natal a Festa da contemplação das maravilhas, dos prodígios que Deus realiza em nosso favor através do Seu Filho, que Se encarnou no ventre de Maria, e hoje quer ser por todos nós acolhido, ao celebrar o Seu Nascimento, no mais profundo de nosso coração.


(1)        Lecionário Comentado – Editora Paulus – Lisboa – Vol. Advento/Natal – p.210
(2)       Idem p. 211
(3)        Idem p. 211 

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