“Irmãos, se alguém está
em Cristo, é uma criatura nova.
O mundo velho
desapareceu. Tudo agora é novo.” (2Cor 5, 17)
Reflitamos sobre o ser de Deus, que é misericórdia, bondade e Amor: um
Amor paciente, eterno, gratuito, inquebrantável, reintegrador.
Assim é o amor divino que revela a lógica da misericórdia, que é
superior à lógica da justiça, como vemos à luz da passagem da segunda Carta de Paulo
aos Coríntios (2 Cor 5,17-21), e do Evangelho de Lucas (Lc 15,1-32).
Deus tem para com a humanidade um olhar de amor, incansável e
irrenunciável, não obstante a nossa pobreza, desobediência, incoerência e
infidelidade.
Um olhar que confere dignidade, pertença, alegria e festa: “estávamos perdidos e fomos encontrados,
estávamos mortos e voltamos a viver”.
Como discípulos missionários do Senhor, não basta ser justo, fazer tudo
bem, é preciso reconciliar, reintegrar os que se perderam, eis aqui o grande
desafio: não se contentar com os santos, mas santificar os não santos.
Não se afastar da corrente do amor de Deus, de Sua misericórdia, que é
a verdadeira fonte revelada por Jesus, que não veio para condenar o mundo, mas
para salvá-lo (Jo 12,47).
Portanto, devemos ser uma Igreja que não se constitui na comunidade dos
que não erram, dos que não caem.
A Igreja é a comunidade dos pecadores que querem voltar ao Pai, dos que ajudam
a retomar o caminho, não julgando e nem condenando, nem se tornando obstáculo
para quem deseja a reconciliação, a graça de se tornar uma nova criatura.
Por isto, a Assembleia Eucarística é essencialmente o lugar da vivência
e acolhida do perdão do Pai, que está sempre de braços abertos para nos acolher
e nos envolver com laços de ternura; sempre pronto a Se entranhar no mais
profundo de nós por Sua misericórdia.
Assim fez Jesus e, por isto, assumiu um Amor incondicional e eterno,
morrendo na Cruz, fazendo da Cruz a máxima expressão da misericórdia divina,
que é sem limites.
Como Igreja Sinodal que somos, Povo de Deus que caminha juntos, sejamos
iluminados com o esplendor da graça divina; renovados pela misericórdia
infinita de Deus, de modo que pensemos e procuremos o que é reto e amemos a
Deus de todo o coração, com toda força, alma e entendimento.
Amemos a Deus com todo o nosso ser, e a cada criatura d’Ele, como expressão do
autêntico amor que tem dupla face: amor a Deus e o amor ao próximo.
Voltemos para a alegria e ternura divinas, que nascem do perdão
experimentado e vivenciado. O que conta para Deus não é o passado, a lista de
pecados que temos para apresentar, mas o abraço acolhedor que Ele está sempre
pronto a nos dar.
Como o pai da parábola, Deus está sempre nos esperando, e quando
apontamos, ainda que distantes, Ele sai correndo ao nosso encontro.
Este é o Deus que cremos e anunciamos, e que Jesus nos revelou com Sua
vida, doação e entrega total por amor à humanidade, que nos comunicou a vida nova,
enriquecendo-nos imensuravelmente pela presença de Seu Espírito.
Reflitamos:
- Quais são os sinais de morte que precisam ser
reconciliados, superados, para que um mundo novo e um tempo novo sejam
inaugurados?
- Quais são os opróbrios que nos pesam e dos quais
Deus, por Sua misericórdia, quer nos libertar?
- Quais são e como são nossos olhares para as
pessoas e para o mundo, que clama pela acolhida e uma nova oportunidade?
Concluindo, a misericórdia divina se manifesta na
acolhida, no Amor, no perdão, para que, em Cristo, sejamos uma nova criatura.
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