As perigosas tentações na vida cristã
Na Santa Missa do
Crisma, de 06 de abril de 2023, o Papa Francisco, na homilia, refletiu sobre o
Ministério Presbiteral, partindo do versículo do Evangelho de Lucas (Lc 4,18) –
“O Espírito do Senhor está sobre mim”, anunciado na passagem de Isaías
(Is 61,1).
Apresentou três
perigosas tentações, que podem se fazer na vida de todo presbítero:
“Três perigosas
tentações: a da acomodação, em que a pessoa se contenta com o que pode
fazer; a da substituição, em que se tenta «recarregar» o espírito com algo
diferente da nossa unção; a do desânimo – a mais comum –, em que,
insatisfeitos, se avança por inércia.”
Acomodação,
substituição e desânimo. Quem destas tentações está imune, Presbítero ou não?
À luz destas três
tentações, uma breve reflexão:
Na vida de
comunidade, na vivência da fé, todos podemos cair na tentação da “acomodação”,
contentando-nos com o que já sabemos, ou com o que fazemos, sem atenção à
Palavra do Senhor, que nos convida a lançar as redes em águas mais profundas
(cf. Lc 5,1-11).
Acomodar-se às
atividades restritas nos espaços internos da comunidade, ou da própria
pastoral, sem maiores compromissos com a realidade social em que se encontra
inserido.
Acomodar-se e se
tornar indiferente, ou até mesmo surdo, aos clamores que brotam das dores de
quem padece a fome, o abandono ou qualquer outra forma que vilipendia a
existência.
Acomodar-se numa
pastoral de manutenção e conservação, sem abertura ao Espírito, que nos acena
para a necessária conversão, para maior proximidade, ternura, compromissos
solidários e compaixão.
Acomodar-se numa
postura eclesial pouco ou nada sinodal, sem a coragem de se pôr a caminho
juntos, e enfrentar as dores possíveis de tantas pedras que se possam encontrar
no caminho.
Na vida de
comunidade, na vivência da fé, todos podemos cair na tentação da “substituição”,
com práticas até mesmo de valor duvidoso, e que pouco ou nada possam reverter
em mais vida e dignidade para si e para toda a comunidade.
Substituir o
essencial pelo acessório, o eterno pelo passageiro, o verdadeiro esplendor pela
luz que se apaga.
Substituições que
aparentemente preenchem o tempo, mas mergulham aos poucos num vazio sem
sentido, até mesmo irreversível.
Na vida de
comunidade, na vivência da fé, todos podemos cair na tentação do “desânimo”,
e com ele, a inércia, o imobilismo, a perda do esplendor da graça do
batismo; o não mais exalar do odor do amor, no dia da unção do crisma (no
Sacramento da Crisma ou da Ordenação), compromisso um dia assumido; a não mais
a santificação de si e do mundo; a não busca do aperfeiçoamento espiritual.
Desânimo, apatia,
indiferença, vacilações na fé, esmorecimentos da esperança, e esfriamento da
caridade, mais que indesejáveis, com consequências danosas e indizíveis.
Todos temos que
lutar contra estas tentações, em todo o tempo, reavivando a chama do primeiro
amor (2 Tm 1,6), viver a graça da unção (Lc 4,18).
Ouvir em todo o instante o Senhor, que nos olha com olhar terno e cheio de amor e compaixão:“Vem e segue-me” (Mt 19,21).
Nenhum comentário:
Postar um comentário