“Miserere”
As poesias de Adélia Prado nos fazem reler o nosso cotidiano, e ainda mais, tocam de maneira ímpar nossos sentimentos, lembranças, emoções.
Em seu livro “Miserere”, somos levados ao reconhecimento de nossa condição de finitude, fragilidade, pequenez diante do assombro do poder, de quaisquer outras posturas que nos roubem a beleza de tão apenas sermos quem somos, humanos.
Assim define a existência em uma de suas poesias:
“Branca de Neve
...Demoro aprender
que a linha reta é puro desconforto.
Sou curva, mista e quebrada,
sou humana. Como o doido,
bato a cabeça só pra gozar a delícia
de ver a dor sumir quando sossego”.
Paixão, infância, vida e morte, pecado e graça, perdas e encontros, entre outros fatos, que são a matéria prima da teia do cotidiano, encontramos em suas poesias.
Breves e tocantes, procurando rimar não em sua construção, mas com a realidade, em perene construção e reconstrução na busca da realização e felicidade. Rima com a beleza, com a vida, com a alegria, com a pureza que sentimos ao ler, e também ao ouvi-la.
Suas poesias e o seu modo de ser nos ajudam a renovar a esperança de que um mundo novo é possível, não tão distante daqui, no lugar onde nos encontramos, desde que a fé ganhe autenticidade pela ação gestada, silenciosamente, no coração de quem ama.
A mais bela esperança nada será se não for fecundada no coração de quem crê e procure traduzi-la em gestos concretos de amor e solidariedade.
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