“Transmito-vos aquilo que recebi” (cf. 1 Cor 15,3)
Tendo a Igreja como mãe de nossa fé, o Papa começa afirmando que quem se abriu ao Amor de Deus, acolheu a Sua voz e recebeu a Sua luz, não pode guardar este dom para si mesmo, de modo que a palavra recebida faz-se resposta, confissão e ecoa para outros, com o convite para que também creiam.
A fé Pascal, tendo como símbolo o Círio, dele emana a luz que acende tantas outras velas. Do mesmo modo, a fé cristã é transmitida de pessoa para pessoa, revelando a face de Jesus.
A fé dos cristãos possibilita que se lance sementes fecundas, tornando-se uma grande árvore, agraciando o mundo com os seus frutos (n.37-38).
Na ação da Igreja, o Amor é o Espírito que nela habita, mantendo unidos os que creem entre si, fazendo-nos contemporâneos de Jesus, o guia de nosso caminhar na fé, por isto, mais uma vez é preciso dizer que é impossível crer sozinho.
A fé nos abre à comunhão com outro e com Deus – “quem crê nunca está sozinho e, pela mesma razão, a fé tende a difundir-se, a convidar outros para a sua alegria” (n. 39).
Esta transmissão da fé se dá primeiramente no Batismo – “O Batismo recorda-nos que a fé não é obra do indivíduo isolado, não é um ato que o homem possa realizar apenas com as próprias forças, mas tem de ser recebida, entrando na comunhão eclesial que transmite o dom de Deus: ninguém se batiza a si mesmo, tal como ninguém vem sozinho à existência. Fomos batizados” (n. 41).
Batizados em nome da Santíssima Trindade, postos no caminho da fé, pela imersão na água, renascidos para o seguimento de Jesus numa nova existência.
Para a vivência do Batismo, é imprescindível o Alimento da Eucaristia – “é Alimento precioso da fé, encontro com Cristo presente de maneira real no Seu ato supremo de Amor: dom de Si mesmo que gera vida”
Na Eucaristia ocorre a memória da atualização do Mistério da Salvação e nos remete do mundo visível ao invisível; alimentados pelo Pão e o Vinho, Corpo e Sangue do Senhor, somos introduzidos de corpo e alma na plenitude Divina.
Como batizados, é importante o conhecimento e a profissão do Credo, com sua estrutura Trinitária, e confissão Cristológica, em que se repassam os Mistérios da vida de Jesus até à Sua morte.
Pronunciar as palavras do Credo nos leva à comunhão com toda a Igreja, por isto, a vida nova da fé é verdadeiramente comunhão com o Deus vivo.
O Pai Nosso consiste também em elemento essencial na transmissão fiel da memória da Igreja.
Outro elemento para esta comunhão é o Decálogo, que não se trata de um conjunto de preceitos negativos, mas de indicações concretas, para que saiamos do deserto de nosso “eu” referencial, fechado em si mesmo, e entremos em diálogo com Deus, deixando-nos ser abraçados por Sua misericórdia, e tão somente assim irradiá-la (n. 46).
Em resumo: o Credo, a Eucaristia e todos os Sacramentos que dela decorrem e para ela se voltam. O Pai Nosso e o Decálogo são elementos essenciais para a transmissão da fé pela Igreja professada (como pode ser visto e aprofundado no Catecismo da Igreja Católica).
Esta fé porta o caráter de unidade, pois já dizia o Papa São Leão Magno – “Se a fé não é una, não é fé”. Além de una ela se dirige ao Senhor, e formamos um só Corpo, e possui um só fundamento: “... a fé é una, porque é partilhada por toda a Igreja, que é um só corpo e um só Espírito: na comunhão do único sujeito que é a Igreja, recebemos um olhar comum. Confessando a mesma fé, apoiamo-nos sobre a mesma rocha, somos transformados pelo mesmo Espírito de Amor, irradiamos uma única luz e temos um único olhar para penetrar na realidade” (n. 47).
A fé precisa ser confessada em sua pureza e integridade, como um só corpo de verdade, com diversos membros, em analogia com o que se passa no Corpo da Igreja. Somente assim a fé será universal, católica, e a sua luz crescerá para iluminar todo o universo e toda a história (n. 48).
Nenhum comentário:
Postar um comentário