terça-feira, 2 de abril de 2024

Lumen Fidei – Capítulo II

Lumen Fidei – Capítulo II

“Se não acreditardes, não compreendereis“ (Is 7,9).

O início do capítulo apresenta a relação entre a fé e a procura da verdade.

A fé não nos dispensa da busca da verdade. É preciso confiar apenas na Rocha que não vacila – “Cristo”, (cf Is 65,16). “O homem precisa de conhecimento, precisa de verdade, porque sem ela não se mantém de pé, não caminha. Sem verdade, a fé não salva, não torna seguros os nossos passos.” (n. 24).

A fé é capaz de oferecer uma luz nova porque vê mais longe, compreende o agir de Deus que é fiel às promessas da Aliança.

A busca pela verdade tem que ser interligada com a fé, porque a fé sem a verdade não salva; seria reduzida a um bonito conto de fadas, sobretudo hoje em que se vive uma crise da verdade, pois se acredita apenas na tecnologia ou nas verdades do indivíduo, porque se teme o fanatismo e se prefere o relativismo.

A fé autêntica não faz do crente um intransigente, arrogante: a busca e a sede da verdade, que vem do Amor de Deus, não se impõem pela violência, não esmaga o indivíduo e torna possível o diálogo entre fé e razão, como insistira o Bem-Aventurado Papa João Paulo II na Encíclica “Fé e Razão”. A fé e a razão se reforçam mutuamente.

A fé desperta o senso crítico e alarga os horizontes da razão para iluminar melhor o mundo que se abre aos estudos da ciência.
                             
A fé é autêntica quando recebe o grande Amor de Deus que nos dá novos olhos para ver a realidade. A fé torna o crente humilde. E, longe de nos endurecer, a segurança da fé nos põe a caminho e torna possível o testemunho e o diálogo com todos (n. 34).

A fé transforma a pessoa, na medida em que se abre ao amor e o amor traz uma luz. E a perenidade do amor se dá somente quando se funda na verdade.

O amor tem necessidade da verdade e a verdade precisa do amor. Amor e verdade não se podem separar jamais (n.27).

Citando um autor da Idade Média, Guilherme de Saint Thierry, que ao comentar um versículo dos Cânticos dos Cânticos, no qual o amado diz à amada – “como são lindos os teus olhos de pomba” (Ct 1,15).

Este dois olhos são “a razão crente e o amor, que se tornam um único olhar para chegar à contemplação de Deus, quando a inteligência se faz entendimento de um amor iluminado.” (n.27).

Mais adiante, fala da relação entre o “ver e o crer”, e mais uma vez recorre a Santo Agostinho: “tocar com o coração, isto é crer”.

A configuração com Jesus nos confere um olhar adequado para vê-Lo. A luz da fé ilumina nossas relações, em união com a ternura e o Amor de Cristo.

Também Santo Agostinho é citado para a relação entre escuta e visão na vivencia da fé luminosa: “Jesus é a Palavra que resplandece no interior do homem”. (n. 33).

Finaliza o capítulo afirmando que Deus é luminoso e pode ser encontrado também por aqueles que O buscam de coração sincero (n. 35).

Deus não cessa de nos surpreender, afirma o Papa, encontrando-se a caminho, o homem religioso deve estar sempre pronto a deixar-se guiar, a sair de si mesmo para o encontro de Deus. (n. 35).

Somente na abertura sincera do coração ao amor é que se vive o caminho da fé, e a prática do bem nos aproxima de Deus, porque “é próprio da dinâmica da luz divina iluminar os nossos olhos, quando caminhamos para a plenitude do amor” (n. 35).

Afirma que a Teologia é impossível sem a fé, sem a comunhão com o Magistério da Igreja (comunhão intrínseca com o Magistério do Papa e dos Bispos) (n. 36); porque o Magistério assegura o contato com a fonte originária: beber na fonte da Palavra de Cristo integralmente.

A Teologia, com humildade, deve deixar se tocar por Deus, explorando com a disciplina da razão as riquezas insondáveis do Mistério Divino. Ela deve estar sempre a serviço da fé, sobretudo dos mais simples, preservando e aprofundando o crer de todos. 

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