“Dai-nos,
Senhor, a coragem de Vossos Mártires”
No
dia 16 de setembro, celebramos a Memória dos Mártires, Papa São Cornélio e do bispo
São Cipriano (séc. III).
Vejamos
como se deu o martírio de São Cipriano, a partir das Atas Proconsulares.
"No
dia décimo oitavo das calendas de outubro pela manhã, grande multidão se reuniu
no campo de Sexto, conforme a determinação do procônsul Galério Máximo. Este,
presidindo no átrio Saucíolo, no mesmo dia ordenou que lhe trouxessem Cipriano.
Chegado este, o procônsul interrogou-o: ‘És tu Táscio Cipriano?’ O bispo
Cipriano respondeu: ‘Sou’.
O
procônsul Galério Máximo: ‘Tu te apresentastes aos homens como papa do sacrílego
intento?’ Respondeu o bispo Cipriano: ‘Sim’.
O
procônsul Galério Máximo disse: ‘Os augustíssimos imperadores te ordenaram
que te sujeites às cerimônias’. Cipriano respondeu: ‘Não faço’.
Galério
Máximo disse: ‘Pensa bem!’ O bispo Cipriano respondeu: ‘Cumpre o que
te foi mandado; em causa tão justa, não há que discutir’.
Galério
Máximo deliberou com o seu conselho e, com muita dificuldade, pronunciou a
sentença, com esta palavras: ‘Viveste por muito tempo nesta sacrílega ideia
e agregaste muitos homens nesta ímpia conspiração. Tu te fizeste inimigo dos
deuses romanos e das sacras religiões, e nem os piedosos e sagrados augustos
príncipes Valeriano e Galieno, nem Valeriano, o nobilíssimo César, puderam te
reconduzir à prática de seus ritos religiosos. Por esta razão, por seres
acusado de autor e guia de crimes execráveis, tu te tornarás uma advertência
para aqueles que agregaste a ti em teu crime: com teu sangue ficará salva a
disciplina’. Dito isto, leu a sentença: ‘Apraz que Táscio Cipriano
seja degolado à espada’. O bispo Cipriano respondeu: ‘Graças a Deus!’
Após
a sentença, o grupo dos irmãos dizia: ‘Sejamos também nós degolados com ele’.
Por isto houve tumulto entre os irmãos e grande multidão o acompanhou. E assim
Cipriano foi conduzido ao campo de Sexto. Ali tirou o manto e o capuz, dobrou
os joelhos e prostrou-se em oração ao Senhor. Retirou depois a dalmática,
entregando-a aos diáconos e ficou de alva de linho e aguardou o carrasco, a
quem, quando chegou, mandou que os seus lhe dessem vinte e cinco moedas de
ouro. Os irmãos estenderam diante de Cipriano pano de linho e toalha. O
bem-aventurado quis vendar os olhos com as próprias mãos. Não conseguindo
amarrar as pontas, o presbítero Juliano e o subdiácono Juliano o fizeram.
Deste
modo morreu o bem-aventurado Cipriano. Seu corpo, por causa da curiosidade dos
pagãos, foi colocado ali perto, de onde, à noite, foi retirado e, com círios e
tochas, hinos e em grande triunfo, levado ao cemitério de Macróbio Candiano,
administrador, existente na via Mapaliense, junto das piscinas. Poucos dias
depois, morreu o procônsul Galério Máximo.
Mártir
santíssimo Cipriano foi morto, no dia décimo oitavo das calendas de outubro,
sob Valeriano e Galieno imperadores, reinando, porém, nosso Senhor Jesus
Cristo, a quem a honra e a glória pelos séculos dos séculos. Amém.”
São
testemunhos que se tornaram sementes de novos cristãos na história da Igreja, e
se tornam para nós, em todo o tempo, exemplos a serem seguidos, como modelo de
fidelidade, coragem, serenidade e paixão incondicional pelo Senhor, a quem
damos toda a honra e glória pelos séculos dos séculos.
Todos
podemos passar por dificuldades e provações, e sejam os testemunhos dos mártires
exemplos para firmamos nossos passos no carregar da cruz, na vivência do bom
combate da fé.
Concluímos
com o Responsório da Liturgia das Horas ao celebramos estes Mártires da Igreja
de Nosso Senhor:
“Ao lutarmos pela fé, Deus nos vê, os Anjos
olham e o Cristo nos contempla. Quanta honra e alegria combater, vendo-nos Deus
e a coroa receber do Juiz, que é Jesus Cristo. Concentremos nossas forças, para
a luta preparemo-nos com a mente pura e forte, doação fé e coragem. Quanta
honra e alegria combater, vendo-nos Deus e a coroa receber do Juiz, que é Jesus
Cristo”.
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