segunda-feira, 1 de janeiro de 2024

“Vida Líquida” Urge encontrar caminhos para um mundo novo possível (Introdução)

“Vida Líquida”
Urge encontrar caminhos para um mundo novo possível

É preocupação constante da Igreja, e há de ser de todos nós que, pela graça do Batismo, somos chamados a construir o novo e a nova terra queridos por Deus para toda a humanidade, saber que “a criação está gemendo em dores de parto” (Rm 8,23).

Neste pensamento, ofereço uma síntese, acompanhada da minha reflexão pessoal, de um livro que li recentemente: “Vida Líquida”, que retrata o tema da fluidez da existência contemporânea.

O autor do mesmo é Zygmunt Bauman, um sociólogo polonês que, de forma clara e objetiva, nos conduz à compreensão da pós-modernidade, que vive uma verdadeira mudança de época.

Impressionante sua capacidade de percepção e análise da vida social, chamando a atenção para os reais problemas que a atual condição do sistema capitalista multiplica como desafios para a condição humana.

Leva-nos a repensar a necessidade do encontro de caminhos para superação do ritmo criativo e alucinante do mercado, entretanto destrutivo, e com o consequente temor que nos acompanha de ficarmos ultrapassados, descartados.

O autor apresenta o desafio de vivermos nos dias atuais, numa sociedade onde há o imperativo permanente do consumo, que o autor denomina de “modernidade líquida” e a configuração da “vida líquida”: há sempre o risco de se tornar descartável, dejeto, lixo, um ninguém.

Como ele próprio diz “’A vida líquida’e a ‘modernidade líquida’ estão intimamente ligadas. A ‘vida líquida’ é uma forma de vida que tende a ser levada adiante numa sociedade ‘líquido-moderna’.

‘Líquido-moderna’ é uma sociedade em que as condições sob as quais agem seus membros mudam num tempo mais curto do que aquele necessário para a consolidação, em hábitos e rotinas, das formas de agir.

A liquidez da vida e da sociedade se alimentam e se revigoram mutuamente. A ‘vida líquida’, assim como a sociedade líquida-moderna, não pode manter a forma ou permanecer por muito tempo” (p. 7).

Neste contexto, mostra a necessidade de procurarmos caminhos para a construção de um mundo mais hospitaleiro para a humanidade. Vê na educação e na autoeducação formas para influenciar a mudança de eventos que nos levem a tal objetivo.

Um antigo provérbio chinês pode expressar melhor este caminho a ser feito, como ele cita aludindo ao Programa “Aprendizagem por toda a vida”, que baliza as atividades da Comissão das Comunidades Europeias (séc. XXI):

“Planejando para um ano, plante milho. Planejando para
uma década, plante árvores. Planejando para a vida,
treine e eduque pessoas”.

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