terça-feira, 2 de abril de 2024

Santa Maria Madalena, privilegiada testemunha do Ressuscitado

Santa Maria Madalena, privilegiada testemunha do Ressuscitado

Quem tu és, Maria Madalena?

Sou aquela da qual Jesus expulsou sete demônios, como falaram os Evangelistas Marcos e Lucas (Mc 16,9; Lc 8,2). Crendo n’Ele e em Sua Palavra, desde então me senti liberta das amarras do pecado, porque em Seu coração encontrei acolhida, afeto, ternura, e somente Ele tem a Palavra que liberta, porque, de fato, é para a liberdade que Ele nos libertou, e somente Ele tem Palavra de vida eterna, assim como afirmaram os Apóstolos Paulo e Pedro, respectivamente.

Erroneamente, identificam-me com a pecadora que Lucas menciona (Lc 7, 36-50). Ela teve a graça de ungir os pés de Jesus, secá-los com seus cabelos, beijar Seus pés, além de ter recebido do Senhor o perdão de seus pecados, porque muito O amou, como Ele próprio explicitou na casa de Simão.

Quando caminhava com Jesus, eu e outras mulheres garantíamos os bens necessários para que Ele e Seus discípulos pudessem realizar a missão do anúncio da Boa-Nova.

Fui testemunha de Sua crucifixão, como falaram os Evangelistas (Mt 27,61; Mc 15,40; Jo 19,25), assim como do Seu sepultamento (Mt 28,1-10; Mc 16,1-8; Lc 24,10).

Finalmente, tive a graça de contemplá-Lo Ressuscitado (Mc 16,9; Jo 20,1-18). Confesso que fui à espera de encontrar o corpo de Jesus, como fora posto, mas qual surpresa não tê-Lo encontrado.

Quando inclinei para o interior do sepulcro, vi dois anjos vestidos de branco, sentados exatamente no lugar em que o corpo d’Ele fora colocado, sendo um à cabeceira e o outro aos pés.

Perguntaram-me a razão do meu choro, e respondi imediatamente: “Porque levaram o meu Senhor e não sei onde O puseram!” (Jo 20,13).

Não sabia que foi o próprio Jesus que me perguntou – “Mulher, por que choras? A quem procuras?”.

Confesso que O confundi com um jardineiro e lhe disse – “Senhor, se foste tu que o levaste, dize-me onde o puseste e eu o irei buscar!” (Jo 20, 15).

Mas naquele momento, Ele me chamou pelo nome –“Maria”. Imediatamente reconheci Sua voz que estava nas entranhas de minha alma, porque Ele era o Senhor de minha vida. Imediatamente respondi –“Rabbuni!”, que quer dizer “Mestre”.

Em seguida, falou de Sua volta gloriosa ao Pai para ficar conosco para sempre, e me enviou para anunciar aos discípulos, e assim o fiz: –“Vi o Senhor” e tudo o que Ele disse.

Antes d’Ele morrer, quando com Ele estava lado a lado, Sua presença e Palavra nos faziam voar mais alto, na busca das coisas divinas, onde o Seu Pai e nosso Pai de Amor, de que falava, habitava, e isto era possível porque não estava só, o Espírito Santo com Ele estava, em todos os momentos, em todo o Seu agir.

Também nos fazia correr ao encontro da meta do Reino, pelo qual a vida entregou. Corríamos incansavelmente, certos de que era possível alcançar, pois acreditávamos em Suas palavras, críamos piamente no que anunciava, e não apenas, já antecipava. Com Ele, vimos os sinais do Reino acontecendo: pobres sendo evangelizados, a vista devolvida aos cegos, coxos libertos, leprosos curados, mortos ressuscitados e muito mais...

Também com Ele caminhávamos, com os pés no chão, com passos largos e firmes. Sabíamos de onde vínhamos e para onde íamos. Caminhávamos com segurança, pois sabíamos em quem a confiança depositávamos.

E quando não caminhávamos, com Ele nos retirávamos para a  meditação, o recolhimento, o silêncio, e para as forças refazer, porque árdua era a missão. Mas não reclamávamos, porque é próprio de quem ama, tudo fazer com alegria, pois sabe que cada palavra e gesto é uma semente que cai, morre e frutos saborosos e abundantes produz.

Com Ele, ainda que rastejando por um instante, como O vi, carregando a Cruz, aprendemos que é para frente que se caminha, sem jamais recuar; a fé viva e ativa mantendo, porque a âncora da esperança é Ele mesmo, e não desiste quem por Ele um dia sentiu-se acolhido, envolvido e amado.

E agora, Ele está Vivo! Meu Senhor e meu Deus, como Tomé o disse. Ele continua presente em nosso meio, sentimos Sua presença de modo especialíssimo quando nosso coração arde ao ouvir a Sua Palavra; no Banquete da Eucaristia, no Pão e no Vinho, Seu Corpo e Seu Sangue, são partilhados: Alimento Salutar que nos fortalece e nos inebria.

Continuamos sempre em frente. Há um mundo sedento de Sua Palavra. Há muitos que não O conhecem e precisam conhecê-Lo. Há “Marias Madalenas” a serem libertas de sete espíritos que roubam sua alegria, vida, liberdade.

O mundo marcado ainda pelas nódoas do pecado, da ambição, da corrupção, do desânimo, da tristeza, da violência e da morte, precisa ser transformado. E isto é possível, desde que não desistamos da missão que Ele nos confiou.

Ele voltou para junto do Pai para ficar para sempre conosco, e temos certeza de Sua presença, pois podemos senti-La, anunciá-La e testemunhá-La.

Quem por Ele se sentiu amado, é n’Ele e com Ele uma nova criatura. Amado para amar, acolhido para ser enviado a quem precisa ser amado e também enviado. Eis a missão que nos confiou o meu amado, Jesus, Aquele que vive e Reina; a quem damos toda honra, glória, poder e louvor. Amém. Aleluia.

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4º Bispo da Diocese de Guanhães - MG