domingo, 29 de outubro de 2023

“Vede como eles se amam” (XXXDTCA)

                                                           

                                 “Vede como eles se amam”

“Que Deus vos conceda, segundo a riqueza da Sua glória, serdes
 robustecidos, por Seu Espírito, quanto ao homem interior, que
Ele faça habitar, pela fé, Cristo em vossos corações, que
estejais enraizados e fundados no amor.” (Ef 3,16-17)

Tertuliano (séc. III) foi um grande autor dos primeiros momentos do cristianismo. Nascido em Cartago, na província romana da África, foi o primeiro autor cristão a produzir uma obra literária (corpus) em latim. Foi também um notável apologista cristão e um polemista contra as heresias que se multiplicavam.

Neste texto, ele nos apresenta o jeito próprio dos cristãos viverem, no qual encontramos a conhecida e célebre afirmação: “Vede como se amam”.

“Nossa congregação (dos cristãos) é um corpo de membros unidos com o conhecimento de um Deus, por uma unidade de doutrina e por uma comunhão de uma esperança.

Reunimo-nos em assembleia ou congregação, e, como que vinculados e preparados para a batalha, colocamos Deus sitiado com nossas Orações. Esta força é agradável a Deus.

Oramos também pelos imperadores, por seus ministros e autoridades, pelo bem-estar temporal, pela paz geral, e para que o juízo final seja adiado.

Reunidos, temos lição da Sagrada Escritura, e se dão avisos e advertências segundo os acontecimentos e as ocupações, e aconselhando se determina (o que fazer).

Ali, com as Palavras da Santa Escritura, apascentamos a fé, elevamos a esperança, arraigamos a confiança, e os ensinamentos dos divinos Preceitos os ajustamos com novos complementos.

Nestas reuniões tem lugar as exortações, as reprovações, e se fulminam as censuras. Porque se julgam as coisas com grande severidade, como aqueles que sabem que estão sob o olhar de Deus...

Nossos presidentes são presbíteros anciãos que alcançaram esta honra, não com dinheiro, mas com o testemunho e vida: porque aqui a honra não se compra a não ser com bons hábitos.

Ainda que tenhamos uma espécie de caixa, isto não traz honra, nem se compra ou redime-se a dignidade cristã, mas são doações  voluntárias dos membros. Que cada um dê uma moedinha cada mês, ou quando quer ou quanto pode, ou da maneira que quer: porque a doação é agradável (a Deus).

Esta soma é o depósito da piedade que dali se tira, não para gastos com banquetes, bebidas exageradas, nem glutonarias, mas para alimentar ou enterrar aos pobres, ou ajudar aos meninos e meninas que perderam os seus pais e seus ganhos, ou aos anciãos confinados em suas casas, aos náufragos, aos presos nos cárceres, ou os que trabalham nas minas, ou estão desterrados, nas ilhas unicamente por causa da religião. Todos estes são afilhados que a religião cria, porque sua confissão os sustenta.

Mas é justamente esta demonstração de grande amor entre nós o que nos atrai a aversão de alguns, pois dizem: ‘Vede como se amam’, enquanto eles somente se odeiam entre si. ‘Vede como estão dispostos a morrer uns pelos outros’, enquanto que eles estão mais dispostos a matarem-se entre si.

Caluniam-nos pelo fato de que nos chamemos ‘irmãos’, a meu entender somente porque entre eles todo nome de parentesco não são demonstrações de amor, usa-se somente com falsidade disfarçada.

Contudo, somos inclusive irmãos vossos em virtude da natureza, mãe comum dos homens, por mais que vós não pareceis irmãos dos homens, sendo homens sem humanidade.

Com quanta maior dignidade se chamam e são verdadeiramente irmãos os que reconhecem a um único Deus como Pai, os que beberam de um mesmo Espírito de santidade, que esperam uma mesma herança, que nasceram de um mesmo ventre da cega ignorância; que, ao nascer, com o repentino reflexo deram pavorosamente com a luz da verdade?

Por isso nos tem por irmãos menos legítimos, porque de nossa irmandade não se compuseram tragédias, ou porque as rendas que entre vós desfaz a irmandade, entre nós a estabelece e fortalece, e é desta forma que nós temos as almas e os corações unidos, não recuamos unir e partilhar os bens”. (1)

A pertinência deste texto é incontestável, sobretudo se ouvirmos atentamente os apelos que o Papa Francisco nos apresentou em sua Exortação “Evangelii Gaudium”, em que nos exorta a sermos uma Igreja em saída, verdadeiramente missionária.

Para isto é preciso que se fortaleçam os vínculos da comunidade em efetiva e afetiva vivência da fé, caridade e esperança, enraizados e fundados no Amor de Cristo, como nos falou o Apóstolo Paulo (Ef 3,17).

Toda comunidade apesar de suas fraquezas e limitações deve se empenhar para ser uma comunidade em que seus membros se amem, e sejam no mundo sinal deste amor, tão somente assim serão sal, fermento e luz do mundo, fortalecidos pela ação e presença do Espírito Santo.



(1) Lecionário Patrístico Dominical - Editora Vozes - 2013 - pp.239-241.

“Misericórdia, Senhor” (XXXDTCC)

“Misericórdia, Senhor”

“Meu Deus, tende compaixão de mim,
que sou pecador” (Lc 18,13)

A Liturgia do 30º Domingo do Tempo Comum (ano C) nos apresenta a conhecida passagem da Parábola sobre a oração do fariseu e do publicano, no templo (Lc 18,9-14).

Vejamos o que nos diz o Comentário do Missal Dominical sobre um e outro:
 “O fariseu diz a verdade, quando fala da sua fidelidade à Lei, em si mesma louvável. Por seu lado, o publicano é um pecador público; pelo seu ofício poder-se-ia dizer que vive ou enriquece, tal como Zaqueu – espremendo os seus concidadãos sobre quem recai o peso dos impostos para os invasores.”.

O que os diferencia é a atitude que têm diante da misericórdia divina; duas concepções distintas de religião:
“Mas o primeiro (o publicano) não só ‘batia no peito’, apelando humildemente para a misericórdia divina. Estas personagens, descritas com traços deliberadamente exagerados, encarnam duas concepções opostas de Deus e, por conseguinte, dois tipos de religião”.

A constatação de que a santidade é graça que nos vem de Deus, porque tão somente Deus é santo, e por meio do Seu Filho, nos vem graça e santificação:
“Só Deus é Santo. Se somos justos, é n’Ele e por Ele, não pelos nossos méritos”.

Deste modo, a Igreja é uma realidade santa e pecadora: santa, porque tem Jesus como seu divino fundamento; pecadora, porque formada de pecadores por Ele perdoados:
“A Igreja é uma comunidade de pecadores perdoados que dá graças pela Salvação obtida por Cristo e pelo dom do Espírito de santidade”.

Daqui decorre uma súplica do comentário, que temos que fazer constantemente por toda a Igreja, da qual somos membros pela graça do batismo:
“Que o Senhor guarde os Seus discípulos do farisaísmo que constantemente os ataca”.

Oremos:

Livrai-nos Senhor, do fermento do farisaísmo, e que sejamos levedados pelo fermento do Vosso amor, para amar como amastes a Deus e ao nosso próximo, na prática dos Mandamentos inseparáveis que nos destes, e sabemos que tão somente assim somos justificados e nossa oração Vos será sempre agradável. Amém.



PS: Citações extraídas do Missal Quotidiano, Dominical e Ferial – Editora Paulus – Lisboa –p.2145 

Quanto mais próximos do Altar... (XXXDTCC)



Quanto mais próximos do Altar, maior será a exigência de Deus para conosco!

Com a Liturgia do 30º Domingo do Tempo Comum (Ano C), refletimos sobre a nossa proximidade com o Altar e as exigências próprias no quotidiano, e também a nossa responsabilidade diante de Deus e da Comunidade.

A vivência da verdadeira religião consiste na fidelidade aos preceitos divinos, na defesa da vida, preferencialmente a defesa dos empobrecidos.

Contemplamos na Sagrada Escritura que Deus está sempre pronto para escutar e intervir na defesa dos empobrecidos, e por isto, a oração destes chega sempre aos Seus ouvidos e não fica sem resposta (1ª leitura – Eclo 35,15b-17.20-22a).

A proximidade do Altar pede confiança, generosidade, gratuidade, simplicidade, coerência e entrega da própria vida no bom combate da fé, como fez o Apóstolo Paulo (2ª Leitura - 2Tm 4,6- 8.16-18).

Trilhando com coragem o caminho da fé e do discipulado, Paulo tornou-se para nós modelo de crente, que nos leva a duas atitudes: reconhecimento dos nossos próprios limites e a confiança na misericórdia divina contra toda autossuficiência.

Na Parábola, da passagem do Evangelho (Lc 18,9-14), Jesus revela o rosto misericordioso de Deus, por aqueles que se reconhecem pecadores, de modo que a humildade acompanhada da confiança na misericórdia de Deus nos permite ser melhores - Deus não Se preocupa tanto com nossos pecados, mas com a autenticidade de nossa amizade com Ele. Quanto mais amigos de Deus formos, menos pecadores o seremos!

“Tende compaixão de mim porque sou pecador” há de ser nossa súplica diante de Deus. 

De modo poético, diz Santo Agostinho, referindo-se se ao pecador público nesta passagem mencionada: “... o remorso o afastava, mas a piedade o aproximava; o remorso o rebaixava; mas a esperança o elevava”.

Se de um lado o remorso sincero dos pecados rebaixa, por outro nos aproxima e nos eleva. Lição tão difícil de aprendermos, porém indispensável.

Aprendemos que não podemos nos colocar em relação ao outro como melhor, superior, perfeito.

A atitude de pequenez, para que se possa ser justificado e alcançar a misericórdia, o amor e a bondade de Deus é mais do que desejável.

Assim lemos No Missal Dominical:

“Hoje a suficiência farisaica não é mais a observância de uma lei: toma outro nome. Em muitos ela é a convicção de que o homem pode salvar-se como homem, apelando unicamente para os seus recursos.

O homem salva o homem mediante a ciência, a política, a arte... é por isso mais do que nunca necessário que os cristãos anunciem ao mundo Cristo como Salvador. A Salvação que Ele traz não se opõe a salvação humana, mas a conduz à plenitude.

Com a celebração dos Sacramentos, especialmente da Eucaristia, os cristãos dão testemunho da necessidade da intervenção divina na vida do homem, põem-se sob a ação do Deus presente, com Seu Espírito, e fazem a experiência privilegiada da justificação obtida mediante a fé em Jesus Cristo.

Devem, por isso, estar continuamente vigilantes para não participarem dos Sacramentos com espírito farisaico”.

Concluindo:

A proximidade do Altar significa proximidade com Deus? 

Não necessariamente, e aqui o perigo que a Parábola revela.

Uma boa dose dos sentimentos do publicano, nos levará a menor farisaísmo e orações mais autênticas que agradarão ao Senhor.

Firmemos os passos na caminhada de fé, no “bom combate da fé”, alimentados pela verdadeira atitude orante, na certeza de que Jesus caminha ao nosso lado e a glória de Deus é elevada sinceramente quando não separamos o culto da vida.

Quanto mais próximos do Altar,
maior será a exigência de Deus para conosco!

Uma fé consciente e robusta é preciso (XXXDTCB)

Uma fé consciente e robusta é preciso
 
Vejamos o que nos diz o comentário do Missal Dominical sobre a Liturgia do 30º Domingo do Tempo Comum (ano B), sobre a passagem do Evangelho de Marcos (Mc 10, 46-52):
 
“... Se, no passado, a fé podia constituir uma explicação ou uma interpretação do universo, um lugar de segurança diante dos absurdos da história e do mistério do mundo, hoje não é mais assim.
 
Os movimentos de ideias, o processo tecnológico, a expansão do consumo, os movimentos migratórios e turísticos, a urbanização crescente e caótica com as consequentes dificuldades de integração comunitária, a agressão da publicidade, a instabilidade política, econômica e social, com todos os problemas daí derivados, concorrem para aguçar a dilaceração interior, ainda mais sensível nos homens de cultura.
 
Neste quadro, a carência de uma fé consciente e robusta favorece a dissolução da religiosidade, até a ruptura total com a prática religiosa”. (1)
 
Assim lemos na conclusão do comentário no Missal Dominical:


“Num mundo como o nosso, não há mais lugar para uma fé anônima, formalista, hereditária. É necessária uma fé fundada no aprofundamento da palavra de Deus, na opção e nas convicções pessoais. Uma fé conscientemente abraçada e não passivamente recebida em herança.
 
Tudo isto comporta um novo modo de enfrentar o problema da iniciação cristã, um novo modo de considerar a evangelização e a sacramentalização. Abre-se um imenso campo de ação à pastoral em geral e à catequética particularmente.
 
O cristão deverá percorrer (ou repercorrer, se se trata de adulto) não tanto um caminho feito de etapas e gestos sacramentais, mas um itinerário de fé, um catecumenato renovado, sem o qual não têm sentido nem eficácia os gestos sacramentais feitos em prazos fixos.” (2)
 
Não há mais lugar para uma fé anônima e sem compromissos, e há sempre um itinerário a ser percorrido para que nossa fé tenha os “predicativos desejáveis” e “aditivos indispensáveis”.
 
Nisto consiste a caminhada de fé: um processo permanente, no qual é preciso que se avance para não recuar.
 
Vivemos num mundo secularizado, com fortes marcas de ateísmo, em que o espaço do sagrado muitas vezes é sinônimo de alienação, atraso, anti-história.
 
O Papa São João Paulo II,  abordou estas questões na Encíclica Fé e Razão. 
 
Não são inconciliáveis a fé e a razão, pois uma não pode prescindir da outra, pois do contrário não corroboram para o processo de fraternidade e promoção da vida, da dignidade humana. 
 
Evidentemente que podemos cultivar uma fé ingênua, marcada pelo infantilismo, renunciando aos compromissos inerentes a mesma. Delegando a Deus o que é tarefa humana, descomprometendo-se, lamentavelmente, com aquilo que é próprio e inadiável nosso.
 
A fé, mais que uma resposta aos problemas e não uma fuga: uma proposta transformadora, fundada e nutrida pelo Pão da Palavra e pelo Pão da Eucaristia. 

Na fé deve consistir a resposta sedenta de sentido de vida. A fé deve ultrapassar todo pragmatismo evasivo; todas as explicações que se encerram em si mesmo.
 
Há sempre muito mais do que se possa verbalizar, e mais ainda do que se possa racionalizar, a fim de que cultivemos uma fé consciente e robusta, procurando respostas aos incontáveis problemas mencionados, de modo que a fé, a esperança e caridade, como virtudes teologais, amadureçam inseparavelmente em nosso interior, afastando toda a estimulação e excitação de dilaceramentos interiores... Tão somente assim, veremos a fé expressa em gestos concretos, afetivos e efetivos de caridade.
 
Não há nunca qualquer possibilidade de desistência do carregar da cruz, ainda que adversos e difíceis sejam os momentos que possamos passar.

Urge uma Fé viva e uma Esperança com âncoras nos céus, onde se encontra o Ressuscitado! E, assim a Caridade dará respostas libertadoras para o mundo que precisa ser transformado.
 
Oremos: 
 
“Deus eterno e todo-poderoso, 
aumentai em nós a fé, a esperança e a caridade 
e dai-nos amar o que prometeis. 
Por N.S.J.C.  Amém!”
 
(1) Missal Dominical - Editora Paulus - 1995 -  pág. 1057.
(2) Idem.

 

sábado, 28 de outubro de 2023

“O Senhor acendeu em nós o Fogo do Amor” (28/10)

                                        

“O Senhor acendeu em nós o Fogo do Amor”


Reflexão à luz da passagem do Evangelho de Lucas (Lc 6,12-19), em que Jesus escolhe os doze apóstolos para colaborar na Sua missão da construção do Reino de Deus, após uma noite toda em oração, e com o Senhor, aprendemos a importância da oração.

 
O Senhor nos chama e nos envia em missão, pois Deus, por meio de Seu Filho, escolheu a quem Ele bem quis: chama-nos pelo nome, confia-nos uma missão. Jamais pelos nossos méritos, pelo contrário, até mesmo porque não temos nenhum.

 
Somos chamados não porque sejamos perfeitos, paradoxalmente, chama-nos até por causa da ausência de nossa perfeição, e assim, manifesta Sua misericórdia e Seu ardente poder transformador. 


Chamou apóstolos e discípulos para serem Seus colaboradores, não porque fossem necessários, mas para nos conceder a graça da participação.

 
É próprio do amor de Deus nos amar para nos fazer melhores, mais conforme à Sua imagem.

  

Deste modo, para que discípulos missionários sejamos, é preciso:

- sentirmo-nos enraizados em Cristo Jesus, e também n’Ele edificados, apoiando-nos na fé que nos foi ensinada, transmitida, como uma pequena e maravilhosa semente no coração plantada, para frutos abundantes produzir;

- participar, colaborar, continuar a missão do Divino Redentor, contando com Sua presença, força e o Espírito Santo, em total fidelidade ao Pai;

- sonhar e se comprometer com um mundo novo, sem miséria, violência, injustiça, impunidade, discriminação; sem a perda da dignidade e sacralidade da vida, desde a concepção até o seu declínio natural;

 - contar com a Divina Força da Palavra e da Eucaristia, que nos revigora, ilumina, impulsiona, e concede horizontes novos;

- sentir o “Fogo do Amor” de Cristo aceso em nosso coração;
 
- contemplar o Fogo de Pentecostes vindo sempre ao nosso encontro, irradiando a chama ardente da caridade, para que reiniciemos sempre um novo caminho de diálogo, comunhão, amor e serviço em incansável participação na construção do Reino de Deus;

- poder fermentar, com palavras e ações, um novo tempo, deixando-nos transformar pela Boa-Nova do Reino de Deus;
 
Sejamos uma Igreja que rejuvenesce com a Santa Palavra, confiante na presença do Senhor, que acendeu em nós o fogo do Seu amor, com o envio do Seu Espírito, junto do Pai!


Vivamos intensamente o tempo da missão, como Igreja missionária que somos, revigorados e rejuvenescidos com a Santa Palavra; pois “O Senhor acendeu em nós o Fogo do Amor”:

“Uma coisa é certa: Cristo é um amor que acende o fogo na terra. Se a fé é um movimento secreto e oculto que se liga ao primeiro Pentecostes, é também uma luz para os homens e os filósofos. O cristão, por seu amor a Cristo e aos irmãos, é chamado a tornar-se um inegável fermento de fraternidade, comunhão e participação para toda a humanidade”. (1)

Reavivemos a chama do primeiro amor, que em nosso coração pelo Batismo um dia foi acesa.

 
Oremos:
 
Senhor, fortalecei-nos pela oração, sobretudo nos momentos de grandes decisões, como assim Vós o fazíeis.
 
Senhor, que superemos a tentação de querer, muitas vezes, fazer tudo sozinhos, com alegação de que os outros mais atrapalham que ajudam.

 
Senhor, fazei-nos discípulos missionários da obra evangelizadora, e assim, aprendizes e promotores da comunhão e participação.

 
Senhor, libertai-nos da mentalidade do mundo moderno da política de resultados, em que os fins justificam os meios.

Senhor, ajudai-nos a superar resquícios de autossuficiência, para não cairmos no indesejável perfeccionismo, e até mesmo atitudes de exclusão e indiferença dos dons que os outros possuem.

Senhor, que sejamos servos Vossos, e não Senhores da Vinha, e, como evangelizadores, com zelo e ardor, nos consumamos por Vós em verdadeira adoração em Espírito e Verdade, e não sejamos adoradores de nós mesmos.
 
Senhor, que aprendamos com Vossos mui amados apóstolos a viver com amor, humildade, coragem, fé, e como peregrinos de esperança, ajudai-nos a perseverar no  bom combate, anunciando e testemunhando Vossa Palavra, e, um dia, mereçamos contemplar a glória dos céus. Amém.

 
(1) Missal Cotidiano – Editora Paulus

PS: Apropriado para a Festa dos Apóstolo São Simão e São Judas Tadeu, Festa celebrada dia 28 de outubro.

Reavivar sempre a chama do primeiro amor (28/10)

                                                         

Reavivar sempre a chama do primeiro amor

Na terça-feira da 23ª Semana do Tempo Comum, proclama-se a passagem do Evangelho de Lucas (Lc 6,12-19), em que Jesus escolhe os doze Apóstolos, para colaborar na Sua Missão da construção do Reino de Deus.

Chamou Apóstolos e discípulos para serem Seus colaboradores, não porque fossem necessários, mas para nos conceder esta graça de participação.

Com o Senhor, aprendemos a importância da oração. Elevemos, pois, súplicas a Ele, para que seja reavivada a chama do primeiro amor, que um dia foi acesa em nosso coração.

Oremos:

Senhor, que nos coloquemos sempre em oração, sobretudo nos momentos de grandes decisões, como assim Vós o fazíeis.

Senhor, que superemos a tentação de querer, muitas vezes, fazer tudo sozinhos, com alegação de que os outros mais atrapalham que ajudam.

Senhor, fazei-nos discípulos missionários da obra evangelizadora, e assim, aprendizes da marca fundamental da dimensão comunitário-participativa.

Senhor, que não pautemos nossas ações pela mentalidade do mundo moderno da política de resultados, em que os fins justificam os meios.

Senhor, ajudai-nos a superar resquícios de autossuficiência, para que não caiamos no indesejável perfeccionismo, e até mesmo atitudes de exclusão e indiferença dos dons que os outros possuem.

Senhor, que sejamos servos Vossos, e não Senhores da Vinha, e, como evangelizadores, com zelo e ardor, nos consumamos por Vós em Verdadeira Adoração em Espírito e Verdade, e não nos tornemos adoradores de nós mesmos.

Senhor, que aprendamos com Vossos mui amados Apóstolos a viver com amor,  humildade, coragem, fé, esperança e perseverança no bom combate, anunciando e testemunhando Vossa Palavra, e, um dia, terminado o bom combate da fé, mereçamos contemplar a glória da eternidade. Amém.

Perseveremos na Doutrina dos Apóstolos e na Eucaristia

Perseveremos na Doutrina dos Apóstolos e na Eucaristia

Perseveremos nos quatros pilares sólidos da nossa Igreja: Doutrina dos Apóstolos, Comunhão fraterna, Eucaristia e Oração.

À luz desta reflexão estarão presentes a Eucaristia e a Doutrina dos Apóstolos. O Pão da Palavra e o Pão da Eucaristia, a unidade de duas Mesas.

Refletir sobre doutrina ou ensinamento dos Apóstolos é anunciar a Palavra de Deus, seguir os passos dos Apóstolos, cumprindo a ordem do Senhor: Vão ao mundo inteiro e anunciem a Boa Nova para toda humanidade.”

São Judas Tadeu, fiel Apóstolo, foi um missionário por excelência, sua pregação tinha força, pois era acompanhada do testemunho de sua vida. Ele acreditava e vivia o que pregava, era coerente de fé e de vida, e os pagãos admirados com o exemplo se convertiam ao Evangelho.

Ontem, a Igreja nascente perseverou com os Apóstolos, com os seus ensinamentos, através da evangelização dos povos, e na Eucaristia, recordando a Nova Aliança que Jesus realizou através de Seu sofrimento, morte e Ressurreição.

Hoje, iluminados pelo Espírito Santo, continuamos a missão herdada pelos Apóstolos, ser fiel aos ensinamentos de Jesus.
Viver estes ensinamentos é viver como Jesus, em ações e palavras, é ser fiel ao Evangelho, é amar a Palavra de Deus.

Palavra que tem a missão de ser presença viva, frutificar, unir famílias, fortalecer pastorais, tornar o nosso país mais justo, pois ela está carregada de sentimento, de amor. Deus Se manifesta através da Palavra e dialoga conosco, um verdadeiro diálogo de amor, que nos conduz ao Grande Banquete.

Precisamos estar vigilantes, para que a alienação do dia a dia não interrompa esse diálogo de amor, e que Cristo não se perca em nossas indiferenças e a nossa caminhada evangelizadora não seja frustrada.

Portanto, devemos perseverar nos ensinamentos, ser missionários por excelência, anunciando o Evangelho como São Judas Tadeu anunciou, vivendo o Evangelho como São Judas viveu, ser seduzidos pela Palavra de Deus, que também é pão, e Se faz carne na Eucaristia.

Na Eucaristia encontramos o mais Sublime dos Sacramentos, a presença de Jesus Cristo, verdadeiro Deus, verdadeiro homem, com Corpo, Sangue, Alma e divindade, fonte de verdadeiro Amor.

A busca incessante desta fonte de verdadeiro Amor me fez recordar a Última Ceia, na véspera de Sua Paixão, Jesus faz-Se alimento, pão e vinho, transubstanciado em Corpo e Sangue, Corpo e Sangue de Cruz. Na Cruz, Jesus nos inicia no Mistério do Amor de Deus, um Amor que supera a morte, Amor que faz nossa vida digna de ser vivida. Ao comer o Pão e beber do Cálice, alcançamos a mais pura e sólida Comunhão: Cristo em nós. Permanecemos em Jesus Cristo e Ele em nós. Neste momento estamos repletos do Seu Amor, Amor do Amado, Amor divino, Amor que cura, alimenta e fortalece.

Amor que cresce ainda mais com a presença da mãe Nossa Senhora, mulher eucarística, que viveu a Eucaristia na sua totalidade, desde o ventre até a primeira Eucaristia com os Apóstolos na partilha do pão. Mulher de fé e de amor.

Agora, somos privilegiados, pois Jesus está presente em nossa vida, no Pão da Palavra, na Hóstia Consagrada, no Banquete Eucarístico, presença que nos leva a comunhão com Cristo, presença que leva ao encontro íntimo com Deus, a busca e ao encontro do outro, nosso irmão.

A Eucaristia é o compromisso com as pessoas. A comunhão com Cristo nos leva a ser solidário com o nosso irmão, nos leva à partilha, pois “partilhando nossa vida na Eucaristia, criamos espaço para a vida comunitária e para a hospitalidade. Criam-se laços, calor humano e a caridade.”

Acrescentando: “A partilha do Pão é ao mesmo tempo um convite para abrir mutuamente, romper nossa barreira afetiva e abrir nossos corações uns aos outros.”

Que esta reflexão seja um passo para a nossa caminhada cristã, que a exemplo de São Judas Tadeu, sejamos missionários da Palavra, e personagens da vida eucarística, que tem como o principal protagonista Nosso Senhor Jesus.


PS: Reflexão preparada pela senhora Izabel Araujo, Agente de Pastoral da Paróquia, apresentada no Tríduo em louvor a São Judas Tadeu - outubro de 2011.

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