terça-feira, 1 de abril de 2025

“Cuidemos de nossa casa comum”

                                           



“Cuidemos de nossa casa comum”
 
Em 2016, a Igreja no Brasil realizou a IV Campanha da Fraternidade Ecumênica, com um tema extremamente atual, complexo e desafiador: “Casa comum, nossa responsabilidade”, e o Lema: “Quero ver o direito brotar como fonte e correr a justiça qual riacho que não seca” (Am 5,24).
 
Retomamos a temática com a Campanha da Fraternidade deste ano (2025), com o tema - "fraternidade e Ecologia Integral", e com o lema -"Deus viu que tudo era muito bom" (cf. Gn 1,31).
 
Oportuno retomar os sete “erres” que, cada vez mais, devem fazer parte de nossa vida:
 
Repensar os nossos hábitos de consumo e comportamentos. Vejamos onde podemos economizar e evitar a produção de lixo; Reduzir o consumo e o uso de embalagens e produtos não recicláveis; Reaproveitar materiais, papéis, embalagens etc., que muitas vezes vão para o lixo, mas que poderiam continuar sendo usados ou doados para outras pes­soas; Reciclar, fazendo a separação/coleta seletiva do lixo; reciclá-lo ou doá-lo para quem o recicla (muitas pessoas ganham o próprio sustento e da família com este trabalho); Recusar produtos descartáveis como plásticos e outros produtos que prejudicam o ecossistema; Reparar produtos, prolongando sua vida útil; Reintegrar restos de alimentos e outros materiais orgânicos à natureza, através da compostagem.
 
Com estas ações, que não exigem grande esforço, ao mesmo tempo em que cuidamos do Planeta, estaremos fazendo bem a nós mesmos e aos outros, e, com isto, exercitando a caridade fraterna.
 
Cuidemos do nosso Planeta, nossa Casa Comum, com a consciência de que devemos preservá-lo para as gerações que virão. Se não nos convertermos no uso das coisas, na relação com elas, estaremos comprometendo não somente o futuro, mas já também o presente, haja vista os acidentes e tragédias ambientais que vemos nos noticiários e bem perto de nós.
 


Em poucas palavras...

                                                                 


A penitência interior

“A penitência interior é uma reorientação radical de toda a vida, um regresso, uma conversão a Deus de todo o nosso coração, uma rotura com o pecado, uma aversão ao mal, com repugnância pelas más ações que cometemos.

Ao mesmo tempo, implica o desejo e o propósito de mudar de vida, com a esperança da misericórdia divina e a confiança na ajuda da Sua graça.

Esta conversão do coração é acompanhada por uma dor e uma tristeza salutares, a que os Santos Padres chamaram ‘animi cruciatus’ (aflição do espírito), ‘compunctio cordis’ (compunção do coração) (Concílio de Trento).” (1)

 

(1) Catecismo da Igreja Católica – parágrafo n. 1431

Sábado Santo: celebremos a vitória do amor divino (19/04)

                                                                  

Sábado Santo: celebremos a vitória do amor divino

“...Desceu à mansão dos mortos...”

Segundo uma antiquíssima tradição, celebraremos amanhã, Sábado Santo, a Vigília Pascal em honra do Senhor, “a Mãe de todas as Vigílias”, como nos fala o Bispo e Doutor da Igreja, Santo Agostinho.

Ela deve ser realizada à noite (mas não começar antes do início da noite, terminando antes da aurora do Domingo, dia da Ressurreição do Senhor).

Trata-se da maior e a mais nobre de todas as Solenidades do Ano Litúrgico, pois nela celebramos em Memória da noite Santa em que Cristo Ressuscitou.

Com a Vigília, mantemos a vigilância à espera da Ressurreição do Senhor, e são celebrados os Sacramentos da Iniciação Cristã.

A Missa da Vigília é, por sua vez, a Missa Pascal do Domingo da Ressurreição, e consta de quatro partes:

a)          A bênção do fogo com o acender do Círio Pascal, sinal do Cristo Ressuscitado, seguido pelo precônio Pascal.
b)          A Liturgia da Palavra;
c)           A Liturgia Batismal com a renovação das promessas do Batismo ou mesmo Batismo (quando houver).
d)          Liturgia Eucarística

Enquanto aguardamos a Celebração da Vigília, reflitamos:

“Hoje, no Sábado Santo – o grande sábado, como foi chamado pelos Padres da Igreja -, não há nenhuma celebração Eucarística.

Somente as horas do Ofício Divino são rezadas, e são celebradas a capela, isto é, sem qualquer acompanhamento instrumental.

A Igreja observa um silêncio reverente neste dia em que o Senhor ‘repousou de toda a obra que fizera’ (Gn 2,2), toda a obra de amor e entrega que Ele realizou no Lenho da Cruz.

O grande teólogo suíço, Hans Urs Von Balthasar vê neste dia o ponto culminante da obra redentora de Cristo.

Descido à região dos mortos, Cristo se coloca no lugar da máxima distância do Pai – a distância entre o céu e o inferno.

Mas, como o eterno Filho, inseparável do Pai, Cristo transforma este lugar desprovido de Deus, fora do alcance de Deus, em um lugar dentro do abraço que une o Pai e o Filho.

Para Von Balthazar, assim a vitória do amor divino se manifesta como completa.

Por isto, todo joelho, ‘no céu, na terra e debaixo da terra se dobra e toda língua proclama ‘ Jesus Cristo é o Senhor’, para a glória de Deus Pai’ (Fl 2,10-11)”. (1)

“Creio em Deus Pai todo-poderoso...”


(1)         Igreja em Oração – Nossa Missa do dia a dia – Conferência Nacional dos Bispos do Brasil – CNBB - Ano V – n. 64 – abril 2020 – p.68

Um pouco mais sobre a Vigília Pascal (19/04)

                                                           


Um pouco mais sobre a Vigília Pascal

“Da Bênção do Fogo Novo na noite do Sábado
ao coração ardente ao entardecer do Domingo”

Estamos vivendo intensamente o Tríduo Pascal. Merecem ser conhecidas as citações abaixo (acrescidas de comentários pessoais) que em muito nos enriquecerão para melhor compreensão e Celebração da Vigília Pascal, que é a Mãe de todas as Vigílias, a antiquíssima Vigília, como bem nos falou Santo Agostinho.

“O Tríduo Pascal corresponde para nós a um espaço de tempo que varia segundo os desígnios divinos: depois do tempo de prova vem certamente a Ressurreição. Na manhã de Páscoa o Ressuscitado proclama a vitória sobre todas as formas de morte; ‘Vou abrir os vossos túmulos, tirar-vos dos vossos túmulos, ó meu povo’ (Ez 37,12).”

 “A Vigília Pascal começa com o rito da ‘Bênção do Fogo Novo’. Com ele se acende o Círio Pascal, símbolo de Cristo, que da porta da Igreja até o Altar é elevado no meio da assembleia, enquanto se canta três vezes, em tom cada vez mais alto: ‘ A luz de Cristo! Cristo luz do mundo!’.

Todos aos poucos acendem as suas velas no Círio: é um gesto que exprime a fé em Cristo e a vontade de se deixarem iluminar pela Sua luz. Depois escuta-se o ‘Exultat’ ou o ‘Precônio Pascal’, o ‘cântico de exultação’ pela Ressurreição de Jesus, o qual dá início às ‘aclamações do povo em festa’ que ressoam na Vigília e no dia de Páscoa.

À tarde, depois, lê-se o Evangelho dos dois discípulos de Emaús, onde passam progressivamente do ‘ar muito triste’ para o coração ardente: ’ Não ardia cá dentro o nosso coração quando Ele nos falava pelo caminho?’ (Lc 24,17.32).

A Liturgia que marca o alegre início da Celebração Pascal vai desde a Bênção do ‘Fogo Novo’ até ao ‘coração ardente’ Dois símbolos Pascais: o Círio, ‘luz de Cristo’, brilha desde o começo; o coração, por sua vez, vai-se inflamando aos poucos, ‘ao longo do caminho’.

Demos graças ao Pai pelas etapas que o Filho percorreu conosco, abrindo-nos ‘a mente à compreensão das Escrituras’ no que diz respeito ao Mistério Pascal (cf. Lc 24,45), e invoquemos graça para outros passos: ‘Senhor Deus do universo [...], concedei-nos que, celebrando a Solenidade da Ressurreição do Senhor, renovados pelo Vosso Espírito, ressuscitemos para a luz da vida’ (Oração da Coleta da Missa do dia).”

Com a Vigília Pascal contemplamos que na fraqueza do homem manifesta-se a glória de Deus. A Vigília Pascal nos possibilita também a contemplação da ação divina, como bem disse o Bispo Santo Agostinho:

“Quem te criou sem ti, não te salvará sem ti”. Deus que de modo admirável nos criou, de modo mais admirável nos redimiu. Para nos criar, o Pai e o Filho mostraram o Seu poder (Hb 1,2-3), e para nos redimir revelaram o Seu Amor que alcança a medida maior no Mistério Pascal (Jo 3,16; Jo 15,13; 1 Jo 3,16).

É nesta Vigília que ouvimos a mais bela e riquíssima Proclamação da Palavra em uma Celebração Eucarística. Mostra como o Mistério Pascal representa o ponto culminante da História da Salvação.

São sete Leituras do Antigo Testamento, mais a Epístola de Paulo aos Romanos e o Evangelho.

Resumidamente, poderiam assim ser apresentadas as Leituras:

1 – A criação – (Gn 1,1-2,2 – breve: 1,1.26-31a)
Deus viu tudo o que tinha feito: era tudo muito bom.

2 – O sacrifício de Abraão – (Gn 22,1-18 – breve: 22,1-2.9a.10-13.15-18) 
O sacrifício do nosso pai Abraão.

3 – A saída do Egito – (Ex 14,15-15,1)
Os filhos de Israel penetraram no mar a pé enxuto.

4 – A libertação da Babilônia – (Is 54,5-14)
Na Sua eterna misericórdia, o Senhor, teu Redentor, teve compaixão de ti.

5 – As condições do regresso do Exílio – (Is 55,1-11)
Vinde a mim e a vossa alma viverá. Farei convosco uma Aliança eterna.

6 – A causa do exílio – (Br 3,9-15.32-4,4)
Caminha para o esplendor da luz do Senhor.

7 – O coração novo – (Ez 36,16-17a.18-28)
Derramarei sobre vós água pura e dar-vos-ei um coração novo.

8 – O Batismo (Rm 6,3-11)
Cristo, Ressuscitado dos mortos, já não pode morrer.

9 – Evangelho com a Boa Nova da Ressurreição (Lc 24,1-12) – Ano C
Jesus de Nazaré, que foi Crucificado, Ressuscitou.

Que o Itinerário Quaresmal percorrido, seguido do Itinerário proposto pelo Tríduo Pascal, nos alcance a graça de fazer este caminho: da morte para a vida. Será nossa grande Páscoa! Aleluia! Aleluia!

Estamos apenas no começo das grandes alegrias que Deus pode nos oferecer.

O tempo da provação bem vivido, a coragem de morrer como grão de trigo, verá a promessa acontecer: flores e frutos haveremos de colher. Aleluia!


PS: Citações e adaptação à luz do Leccionário comentado - Tempo Pascal - Ed. Paulus. 

Em poucas palavras... (18/04)

 


João, Mãe, te é entregue em vez de Jesus...”.

João, Mãe, te é entregue em vez de Jesus, o servo em lugar do Senhor, o discípulo pelo Mestre, o filho de Zebedeu pelo Filho de Deus, o puro homem, em vez do Deus verdadeiro. 

Como ouvir isso deixaria de transpassar tua alma tão afetuosa, se até a sua lembrança nos corta os corações, tão de pedra, tão de ferro?

 

 

(1) Sermão do Abade São Bernardo (séc XII). 

Em poucas palavras... (18/04)

 

“Olhai com amor...” 

“Olhai com amor, ó Pai, esta vossa família, pela qual nosso Senhor Jesus Cristo livremente se entregou às mãos dos inimigos e sofreu o suplício da cruz. 

Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo. Amém.”   (1)

 
  

(1) oração das “Laudes” da Sexta-Feira da Paixão

 

Supremo Amor (18/04)

                                                                  

Supremo Amor

"O sol havia parado de brilhar, o véu do santuário rasgou-se pelo meio. e Jesus clamou com voz forte: 'Pai em tuas mãos entrego o meu espírito'" (Lc 23,46)

Jamais alguém nos amou como Ele.
Para o Senhor nosso coração seja um Altar;
Um Altar ao Senhor ofereçamos.

No alto, corpo cravado, suspenso numa Cruz, inerte;
Agonia, dor, sofrimento, abandono, desolação...
Quem, por nós pecadores, suportaria tanta humilhação?

Somente um Coração pleno de ternura e Amor
Encontra força para Palavras ternas balbuciar,
Expressando a incompreensível Misericórdia Divina:

“Pai, perdoa-lhes, porque não sabem o que fazem”;
“Em verdade te digo: hoje estarás comigo no Paraíso”
“Pai, em Tuas mãos entrego o meu Espírito”.

Na primeira Palavra Se revela mais uma vez
Como Divina Fonte de todo Amor e perdão,
Suplicante e intercessor nosso junto do Pai.

Na segunda nos revela novamente a face do Pai,
Que pronto sempre está para o perdão comunicar,
Desde que de nossos pecados nos arrependamos.

Na terceira a confiança no Pai que não O abandona,
Ali está livre plenamente, em total adesão ao Pai,
Realizando o Plano de Salvação que passa pela Cruz.

Três palavras o Evangelista da misericórdia escreveu,
Tão sabiamente, para que, em nossas almas sequiosas,
Fossem impressas, no coração gravadas e eternizadas.

Silenciemo-nos diante da Cruz Redentora.
Quem não se enleva diante deste Sinal,
Por uma amatividade tão incompreensível?

Como a Trindade Santa não adorar com imaculado amor?
Como também nosso coração a Deus não entregar?
Como não por n’Ela toda nossa confiança e esperança?

Como não nos abrirmos para esta Divina Fonte,
Envolvidos por Sua misericórdia, enternecidos,
Transformados pelo Amor para também amarmos?

Que lições tão belas, eternas e profundas
Do Divino Mestre, no alto da Cruz redentora,
Sejam, pela humanidade, aprendidas, vividas...

Súplicas ao Senhor, como Igreja, elevemos:
“Não aconteça que perante a Vossa Cruz, Senhor,
As pedras e os sepulcros sejam mais sensíveis”.

Seja nosso coração um Altar para Vós,
Para que possais nele suavemente reclinar,
Nunca, jamais uma cruz para Vos ofertar.

Contemplando Vossas Chagas dolorosas,
Multiplicadas em tantos que no mundo sofrem,
Sem covardia ou omissão, o olhar não desviemos.

As Chagas dolorosas no irmão, identificadas,
Sejam apelos de compromissos e de solidariedade,
Eis a devoção mais bela a ser vivenciada.

Somente assim as Vossas Chagas Gloriosas,
Um dia, na eternidade, a graça, então, tenhamos
De vê-las, tão vencedoras, tão maravilhosas! Amém.

Quem sou eu

Minha foto
4º Bispo da Diocese de Guanhães - MG