quinta-feira, 27 de junho de 2024

Paróquia: Escola de Comunhão e de Amor

Paróquia: Escola de Comunhão e de Amor

Como Igreja que somos, precisamos testemunhar a nossa Fé, dando solidez à Esperança, na vivência concreta e eficaz da Caridade, virtudes divinas que nos movem, sobretudo diante dos desafios da realidade em que nos encontramos.

Deste modo, abertos aos desafios da realidade em que a Igreja encontra-se inserida, urge testemunhar a nossa Fé, dando solidez à Esperança, na vivência concreta e eficaz da Caridade, virtudes divinas que nos movem.

Vivendo em comunidade, a nossa fé deve ser sempre iluminada pelo exemplo das primeiras comunidades fundadas pelos apóstolos: “As comunidades eram perseverantes na Doutrina dos Apóstolos, na Comunhão Fraterna, na Fração do Pão e na Oração” (At 2, 42-45).

Para tanto, todo o itinerário do discípulo, desde o chamado, deve ser  sempre vivido na comunhão com o Mestre, que se desdobra, necessariamente, na comunhão com os outros, de modo que a dimensão comunitária é fundamental na Igreja, pois se inspira na própria Santíssima Trindade, a perfeita comunidade de amor.

Sem comunidade, não há como viver autenticamente a experiência cristã, e a Paróquia tem o grande desafio de ser este espaço, como nos afirmou a Conferência de Aparecida (2007): “Entre as comunidades eclesiais, nas quais vivem e se formam os discípulos e missionários de Jesus Cristo, sobressaem as Paróquias. São células vivas da Igreja e o lugar privilegiado no qual a maioria dos fiéis tem uma experiência concreta de Cristo e a comunhão eclesial. São chamadas a ser casas e escolas de comunhão”.

A Conferência
 manifesta o desejo de uma valente ação renovadora das Paróquias, a fim de que sejam “espaços da iniciação cristã, da educação e celebração da fé, abertas à diversidade de carismas, serviços e ministérios, organizadas de modo comunitário e responsável, integradoras de movimentos de apostolado já existentes, atentas à diversidade cultural de seus habitantes.” (n. 170).

Num tempo marcado por incertezas e tantos desafios, como alegres e convictos discípulos missionários, devemos empregar todo esforço e recursos na necessária conversão das estruturas de nossas paróquias, para que, como espaço privilegiado da presença e do encontro com o Senhor, elas se coloquem a serviço da vida plena e definitiva.  

Não podemos nos acomodar, pois grande é o desafio da evangelização, a fim de que a Palavra do Senhor seja a todos os povos anunciada, e tenhamos Paróquias em contínuo processo de conversão, e comunidades que sejam verdadeiras escolas da comunhão e de amor à vida, construindo laços fraternos e eternos, iluminados pela Palavra, nutridos pela Eucaristia.

É preciso que continuemos o aprofundamento sobre as estruturas das Paróquias, e a necessária conversão, a fim de que nossas comunidades sejam, verdadeiramente, casas do Pão da Palavra, do Pão da Eucaristia e do Pão da Caridade, uma Igreja discípula, profética, missionária e misericordiosa, e como nos falou o Papa Francisco – “uma Igreja em saída”, presença nos mais diversos espaços, sobretudo nas periferias existenciais.

Uma súplica ao Deus rico em misericórdia

 

Uma súplica ao Deus rico em misericórdia

“Quem me viu, viu o Pai” (Jo 14,9)

Ó Deus, Vós que sois tão misericordioso, compassivo conosco, feitos à Vossa imagem e semelhança, plasmados da terra virgem, e acolhedores do sopro de vida do Vosso Espírito, nós Vos adoramos e glorificamos por meio do Vosso Filho e Senhor nosso.

Ó Deus, que por meio do Vosso Filho, o Cordeiro Imolado, tirais o pecado de todo o mundo, acolhei nossa penitência e concedei-nos a graça de fazer resplandecer Vossa luz  a todos quantos possamos, bem como iluminar o mundo, por vezes, tão sombrio e obscuro.

Ó Deus, Vós que sois rico em misericórdia, infinitamente justo e lento para a ira, e cuja face nos foi revelada por meio do Vosso Filho, volvei para nós Vosso olhar de ternura e bondade, e derramai em nossos corações o Vosso divino amor por, meio do Santo Espírito. Amém.

Confiança plena somente no Senhor

                                                  

Confiança plena somente no Senhor

“...Que é a Rocha sobre a qual deve ser edificada a nossa vida,
pois Ele é o verdadeiro legislador e verdadeiro Mestre.”

A Liturgia da quinta-feira da 12ª semana do Tempo Comum (ano par) nos apresenta a página de um momento dificílimo vivido pelo Povo de Deus, como vemos na primeira Leitura (2 Rs 24,8-17).

Jerusalém, confiando nas forças humanas, caminhou para a sua própria destruição, tornando-se escrava de um poder esmagador, avassalador.

Com a subida do jovem rei Joaquim ao trono, por sua má conduta, atrai sobre Jerusalém a invasão do império dos babilônios (ano de 597 a.C.) com seu Rei Nabucodonosor  e soldados. Ocorre a primeira deportação e com isto um cenário desolador marcado por saques.

Ocorre a deportação das pessoas adultas da população; a família real é deportada para a Babilônia, com os funcionários, guerreiros, guias espirituais, artesãos e homens de valor.

Os tristes acontecimentos históricos, com todo cuidado narrados pelo hagiógrafo, nos apresentam um aparente fim, mas a promessa do rei da descendência de Davi se cumprirá mais tarde, com a vinda do Messias, Jesus Cristo, no qual se pode confiar plenamente.

Este momento vivido não consiste numa simples narrativa, pois traz implícita uma mensagem para aqueles que têm fé, que ultrapassarem aquele momento vivido:

“Mesmo as vicissitudes mais dolorosas, mesmo os acontecimentos mais obscuros ganham sentido se lidos à luz da Palavra de Deus, e se são acolhidos com confiança e obediência, entram a fazer parte de um desígnio de salvação. Nada é neutral na nossa vida” (1)

E relacionando com a passagem do Evangelho deste mesmo dia (Mt 7,21-29), sobre a construção da casa sobre a rocha, evidencia uma outra mensagem: nossa segurança somente se encontra no Senhor, que é a Rocha sobre a qual deve ser edificada a nossa vida, pois Ele é o verdadeiro legislador e verdadeiro Mestre.

O Senhor Jesus não é alguém que veio transmitir palavras alheias, mas a Palavra do Pai, sendo Ele a própria revelação de Deus:

 “Quem me viu, viu o Pai” (Jo 14,9); e ainda, “Eu e o Pai somos um” (17, 22).

Toda vida humana, se não enraizada em Cristo e em Sua Palavra, tende ao vazio, ao desmoronamento. Somente sobre Ele e Sua Palavra é que se pode construir uma vida marcada pelo êxito e solidez, que suporte “os ventos e tempestades” que nos acompanham no entrelaçar dos acontecimentos de nossa história, bem como de nossas famílias, comunidade e a própria história da humanidade, num contexto mais amplo.

Os verdadeiros discípulos missionários do Senhor, não colocam sua confiança nos homens, nos poderes que passam, mas tão somente em Deus, que deve ser adorado e amado com todo coração, alma e entendimento.

A garantia de uma vida feliz, alcançamos na escuta e na prática a Palavra de Deus, indispensável para que entremos no gozo da eternidade, no Reino dos Céus, como o próprio Jesus afirmou.


(1) Lecionário Comentado - Editora Paulus- Lisboa - pp. 593-594.

Em poucas palavras...

 


Liturgias terrestre e celeste

«Na liturgia da terra, participamos, saboreando-a de antemão, na liturgia celeste, celebrada na cidade santa de Jerusalém, para a qual nos dirigimos como peregrinos e onde Cristo está sentado à direita de Deus, como ministro do santuário e do verdadeiro tabernáculo; com todo o exército da milícia celestial, cantamos ao Senhor um hino de glória; venerando a memória dos santos, esperamos ter alguma parte e comunhão com eles; e aguardamos o Salvador, nosso Senhor Jesus Cristo, até que Ele apareça como nossa vida e também nós apareçamos com Ele na glória» (1).

 

(1) Catecismo da Igreja Católica – parágrafo n. 1090 – citação da SC 8 e LG 50.

quarta-feira, 26 de junho de 2024

Com o Bom Jesus, sigamos em frente


 

Com o Bom Jesus, sigamos em frente

 

“O amor de Cristo nos impele”

 (2 Cor 5,14)

Jubileu vivido, beleza da vida contemplada

Na obra da criação e suas criaturas,

Vida da Fonte de nossa plena existência, adorado,

Jesus, o Amado Senhor Bom Jesus.

 

Com Ele, encontro envolvente e indizível,

Na Palavra proclamada e na Eucaristia,

No silêncio, nos cantos e louvores,

E no coração de cada irmão e irmã.

 

A noite escreveu mais uma página,

O sol desponta no alto do céu no horizonte,

Seus raios rasgam a escuridão novamente,

E vou seguir em frente, não posso parar.

 

Há mares a atravessar, ventos contrários,

Naufrágios aparentes e medo no coração,

Com a presença serena do Senhor, confiar

Com Sua Palavra, coragem e necessária travessia.

 

Meio do dia, sol a pino, as horas vão se passando,

Cada um pode ter na face o brilho das lágrimas,

E seus reflexos, revelam os revezes por que possamos passar,

Peçamos que o calor da ternura do Bom Jesus às seque.

 

Em todo o tempo, o Senhor conhece nossas fraquezas,

Compreende nossas quedas, e dores da alma cortantes,

Pois viveu em tudo, como nós, a condição humana,

Exceto o pecado, redimindo-nos para sempre.

 

Ao cair da tarde, o sol se põe atrás das verdes montanhas,

E a cada instante, cenários indizíveis com cores e contrastes,

Com a promessa de que no outro dia, sem dúvida, voltará,

Brindando-nos com sua luz, brilho e calor.

 

O cair da tarde, também em nossas vidas se repete,

Deixando na memória seus cenários,

Com paisagens de ternas lembranças ou não,

Mas em todas elas o Bom Jesus conosco compartilhou.

 

Já é noite, não há mais a luz do sol,

A noite com o luar e o brilho das estrelas,

Tempo do recolhimento necessário com sonhos e sonos

Descanso, forças a recuperar, para um novo dia recomeçar.

 

No céu, sol posto, mas em todo o tempo o Sol Nascente,

O Senhor Bom Jesus nos envolve com Sua ternura,

E com Ele, um novo dia poderemos sempre contar

E Seu amor, luz, alegria e paz ao mundo testemunhar.


PS: 237º Jubileu do Santuário Bom Jesus de Matosinhos - Conceição de Mato Dentro - MG. - de 13  a 24 de junho de 2024.

O coro dos Profetas

                                                          

O coro dos Profetas

A Liturgia da quarta-feira da 12ª semana do Tempo Comum apresenta a passagem do Evangelho (Mt 7,15-20), que nos remete à reflexão sobre o verdadeiro e o falso profeta.

O verdadeiro Profeta é aquele que, lendo a História e a interpretando à luz da Palavra de Deus, consegue provocar a conversão das pessoas com quem estabelece relacionamentos, através das palavras e ações o acompanham, e que podem ser traduzidas em frutos, conforme nos fala o Evangelho.

Assim lemos no Lecionário Comentado:

“É muito humana e viva a imagem do falso profeta, que se apresenta com garbo e agrado, procurando obter a complacência das massas para lhes contentar as aspirações mais baixas.

E é também muito atual: os meios de comunicação social, que manipulam as mentes e os comportamentos dos seus utentes, servem-se da ‘captatio benevolentiae’, conseguindo obter consensos e sequazes e modelando a sociedade.

Mais fácil é seguir os falsos profetas, os magos, os adivinhos e os corruptores dos costumes, os quais, servindo-se das pulsões mais baixas da pessoa, satisfazem-lhes as necessidades superficiais, estimulam-lhes as ambições, as falsas seguranças, e não as ajuda a crescer.

A vida cristã não se constrói sobre as seguranças humanas, pelo contrário, comporta aceitar o risco, a aventura, a aposta na única Palavra eficaz e vencedora.” (1)

De fato, vivemos numa sociedade em que existem profetas que falam o que as pessoas gostam de ouvir, e, felizmente, temos também Profetas que falam o que deve ser dito.

Devemos sempre ficar atentos e vigilantes para os falsos profetas, pois sua palavra não provoca mudança de vida, não produz fruto algum, ao contrário, condena as pessoas à solidificação de uma espiritualidade estéril; vivendo em conformidade com a situação que for mais favorável e realizadora das satisfações e interesses próprios.

Urge que se multipliquem entre nós os verdadeiros Profetas, para que, com coragem, com o discernimento do Espírito, falemos o que precisa ser ouvido para alcançarmos mutuamente a conversão, mudança de vida, numa verdadeira metanoia, produzindo frutos que permaneçam.

Urge, também,  entre nós Profetas que não se conformem com a situação atual, quando marcada por privilégios e pecados, mas com ânsia de transformação desta, porque têm interesse de que o Reino de Deus aconteça, com um modo de viver marcado por novas relações, fundadas e alicerçadas nos valores da fraternidade, da comunhão, da alegria, da solidariedade, da paz.

A História da Humanidade nos apresenta inúmeros Profetas, e o último deles foi João Batista, o maior de todos os homens nascidos de mulher, segundo o próprio Jesus; o maior de todos os Profetas, João Batista, que apontou Aquele que anunciou, e, vivendo sua missão, levou muitos à conversão, ainda que fosse uma voz solitária clamando no deserto.

Sendo a nossa vida uma grande travessia no deserto, urge que nossa voz se una a de João, para também anunciarmos a Vida Nova que o Senhor Jesus veio nos trazer.

É preciso que cresça o número do coro dos Profetas que plantem sementes de um mundo novo, enquanto é dia, sonhem acordados também enquanto seja dia, e continuem sonhando na noite da história, até acordar num novo, belo e indescritível amanhecer da chegada do Reino, de um novo céu e de uma nova terra, porque as coisas antigas já terão passado.  


(1) Lecionário Comentado - Editora Paulus - pp. 590-591.

Vivamos a Palavra do Senhor

                                                            

Vivamos a Palavra do Senhor

“Por seus frutos podereis conhecê-los.”
(Mt 7,15-20)

Ressoem, Senhor, em nosso coração as palavras do Vosso Apóstolo:

"Ponde em prática a Palavra! Não vos contenteis só de ouvir; para não vos enganardes a vós mesmos. Se alguém se limita a ouvir a Palavra sem a pôr em prática, assemelha-se a alguém que se mira ao espelho, depois sai e se esquece de sua fisionomia” (Tg 1,22-23).

Oremos:

Senhor, concedei-nos a divina sabedoria para redescobrirmos sempre a força e luminosidade de Vossa Palavra no caminho a ser trilhado.

Não permitais que vivamos uma “religião do livro”, porém da fidelidade à Vossa Palavra e Pessoa que muda nossa vida, dando-lhe novo sentido, horizontes se alargam.

Ajudai a nos colocarmos sempre em comunicação com a Vossa Pessoa, configurando plenamente nossa vida, pensamentos, palavras e ação a Vós.

Enviai sobre nós Vosso Espírito, para que façamos da Sagrada Escritura não apenas um livro, mas o indispensável Livro da Vida, Palavra de Vida.

Não permitais que releguemos a Sagrada Escritura ao nível de cultura, erudição, conhecimento estéril, ou simples audição, esvaziando sua natureza íntima, sem o acompanhamento de frutuosa prática.

Não permitais que reduzamos nossa fé cristã a um cristianismo de tão apenas doutrina, que se deve conhecer, mas uma nova forma de viver, de modo que sejamos, de fato, sal, fermento e luz.

Senhor, que ao pôr em prática Vossa Palavra, tenhamos coragem de nos pormos em crise necessária, como expressão de discernimento e corajosa decisão de Vos amar, temer e, com fidelidade, seguir.

Iluminai os ângulos mais ocultos de nossa alma, aclarai com a Divina Luz do Vosso Espírito, a fim de que sejam mais serenas e autênticas nossas relações com nosso próximo.

Enfim, Senhor, por Vós e Vossa Palavra, pelo Espírito Santo conduzidos, assistidos e iluminados, tenhamos coragem de lançar fora os ídolos de tantos nomes que nos desviam do Deus Vivo e Verdadeiro, Vosso Pai que nos revelastes.


Livre adaptação do Missal Cotidiano - Editora Paulus - pp. 940-941.943 

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4º Bispo da Diocese de Guanhães - MG