terça-feira, 11 de junho de 2024
Irradiar uma única Luz
segunda-feira, 10 de junho de 2024
Olhar de fé contemplativo e transcendente
Olhar
de fé contemplativo e transcendente
Sejamos
enriquecidos pelo Comentário sobre o Cântico dos Cânticos, escrito por Orígenes
(séc. III)
“O Apóstolo Paulo
nos ensina a compreender as coisas invisíveis de Deus através das visíveis, e a
contemplar, sobre a base da razão e da semelhança, as coisas que não se veem,
partindo das que se percebem.
Com isso Paulo nos
demonstra que este mundo visível nos instrui sobre o invisível, e que esta
situação terrenal contém certas reproduções das realidades celestes, de modo
que a partir das coisas de baixo podemos subir às do alto, e pelas que vemos na
terra podemos perceber e compreender as que existem no céu.
A semelhança destas
realidades celestes, para que se pudessem perceber e deduzir mais facilmente as
diferenças, o Criador conferiu a forma às criaturas terrenais. E, como fez ao
homem à sua imagem e semelhança, possivelmente também criou as demais criaturas
à imagem de certas realidades celestes por razão de semelhança.
E possivelmente
também cada uma das realidades terrenas tem imagem e semelhança nas celestes, a
tal ponto de que o próprio grão de mostarda, que é a menor de todas as
sementes, tem sua parcela de imagem e semelhança nos céus; e o fato de que
tenha um desenvolvimento natural tão complexo que, mesmo sendo a menor entre as
sementes, se torna o maior dos arbustos, tanto que as aves do céu podem vir e
habitar em seus ramos, faz com que tenha semelhança, não só de qualquer
realidade celeste, mas do próprio Reino dos Céus.
Por isso é possível
que também as outras sementes que existem na terra tenham nos céus alguma
semelhança e razão. E se isto têm as sementes, também o terão as plantas; e se
as plantas, também e sem dúvida os animais: alados, répteis ou quadrúpedes.
Mas ainda pode-se
entender outra coisa: como o grão de mostarda não oferece apenas uma
semelhança, ou seja, a do Reino dos Céus e morada dos pássaros em seus ramos,
mas tem também outra semelhança, a saber: é imagem da perfeição da fé, tanto
que, se alguém tem fé assim como um grão de mostarda, pode dizer ao monte que
se translade e ele se transladará, da mesma forma é possível que também as
demais coisas terrenas sejam portadoras de imagem e semelhança das realidades
celestes, não mais sob um só aspecto, mas em vários.
E como, por exemplo,
no grão de mostarda são muitas as propriedades que representam imagens das
realidades celestes, e a última de todas é o uso que dele fazem os homens no
serviço do corpo, assim também nos outros: sementes, plantas, raízes de ervas,
e inclusive animais, podemos entender que certamente prestam aos homens um uso
e um serviço corporal, mas que ainda têm formas e imagens de realidades
incorpóreas com as quais a alma pode
aprender e instruir-se para contemplar também as realidades invisíveis e
celestes.
Pelas coisas que
vemos na terra podemos perceber e compreender as que existem no céu.” (1)
De
fato, pelas coisas que vemos na terra podemos perceber e compreender as que
existem no céu.
Que
o Senhor nos conceda o colírio da fé, para que tenhamos este olhar
contemplativo das coisas que passam, sem jamais deixar de fixar nossos olhares
naquelas que não passam.
Para isto, precisamos contar com a abertura de coração e mente, a
presença e ação do Espírito Santo que nos guia, ilumina e conduz, rumo à
eternidade, na espera de um novo céu e uma nova terra. Amém.
(1)
Lecionário Pastrístico Dominical - Editora Vozes - 2013 - pág.
408-409
Guiados pelo Espírito à plenitude de Cristo
Guiados
pelo Espírito à plenitude de Cristo
Sejamos
enriquecidos pelo Sermão de um Autor anônimo (séc. IV):
“Aqueles que
chegaram a ser filhos de Deus e foram considerados dignos de renascer do alto
pelo Espírito Santo, e possuem em si a Cristo, que os ilumina e os recria, são
guiados pelo Espírito através de vários modos diversos, e os seus corações são
conduzidos de maneira suave e invisível pela ação da graça.
Às vezes eles choram
e se lamentam pelo gênero humano e suplicam por ele com lágrimas e pranto,
abrasados de amor espiritual para com o mesmo.
Outras vezes, o
Espírito Santo os inflama com uma alegria e um amor tão grandes que, se
pudessem, abraçariam em seu coração a todos os homens, sem distinção de bons e
maus.
Outras vezes
experimentam um sentimento de humildade que se colocam abaixo de todos os
outros homens, tendo-se a si mesmos como os mais abjetos e desprezíveis.
Outras vezes, o
Espírito lhes comunica uma alegria inefável.
Outras vezes são
como um homem valoroso que, equipado com toda a armadura régia e lançando-se ao
combate, batalha com valentia contra os seus inimigos e os vence.
Da mesma forma o
homem espiritual, tomando as armas celestiais do Espírito, lança-se contra o
inimigo e o submete sob os seus pés.
Outras vezes, a alma
repousa em um grande silêncio, tranquilidade e paz, gozando de um maravilhoso
otimismo e bem-estar espiritual, e de um sossego inefável.
Outras vezes, o
Espírito lhes concede uma inteligência, uma sabedoria e um conhecimento
inefáveis, superiores a tudo o que possa se falar ou se expressar.
Outras vezes não
experimenta nada de especial.
Assim, a alma é
conduzida pela graça através de vários e diversos estados, conforme a vontade
de Deus, que desta forma a favorece, exercitando-a de diversas formas, com a
finalidade de torná-la íntegra, irrepreensível e sem mancha diante do Pai
celestial.
Peçamos também nós a
Deus, e o peçamos com muito amor e esperança, que nos conceda a graça celestial
do dom do Espírito, para que também nós sejamos governados e guiados pelo mesmo
Espírito, tal como o dispuser em cada momento a vontade divina, e para que ele
nos reanime com seu consolo multiforme; assim, como o auxílio de sua direção e
exercitação, e de sua moção espiritual, poderemos chegar à perfeição da
plenitude de Cristo, como afirma o Apóstolo: ‘Assim chegareis à vossa
plenitude, conforme a plenitude de Cristo’.” (1)
Com
o Sermão contemplados as diversas manifestações e ação do Espírito Santo em
nossas vidas.
Sejamos
sempre guiados pelo Espírito à plenitude de Cristo, a fim de que cada vez mais
por pensamentos, palavras e obras, correspondamos aos desígnios divinos.
Oremos:
“Vinde
Espírito Santo, enchei os corações dos vossos fiéis com a luz do Espírito
Santo...”
(1)
Lecionário Patrístico Dominical - Editora Vozes - 2013 - pág.
411-412
Bem-Aventuranças e Santidade