A Sagrada Aliança Matrimonial
Reflitamos sobre a Aliança Matrimonial que, no Projeto de Deus, consiste na formação de uma comunidade de amor, estável e indissolúvel, que seja reflexo do próprio Amor de Deus.
Acolher a Boa-Nova do matrimônio na construção do Reino, é testemunhar ao mundo a indissolubilidade deste Sacramento, passando pelo amor-doação, com entrega, renúncias e sacrifícios.
O casal deve contemplar no Amor de Cristo a fonte inspiradora e inovadora do matrimônio, que tem propriedades essenciais e irrenunciáveis: amor, liberdade, fidelidade, indissolubilidade, fecundidade.
O matrimônio cristão, dentro do Plano Divino, sinaliza para o mundo o Amor de Deus pelo Povo, o Amor de Cristo pela Igreja. O casal cristão, pelo amor vivido, viabiliza o movimento do Amor de Deus que é desde sempre e eterno.
Assim vemos na passagem do Livro de Gênesis (Gn 2,18-25), que fala da união do homem e mulher pelo vínculo do matrimônio, formando uma só carne.
Uma comunhão de amor indissolúvel; um amor que é mais forte do que qualquer outro vínculo, de modo que uma vida compartilhada é caminho para a felicidade a ser alcançada.
O texto é antes uma catequese sobre a origem da vida. A criação de Deus somente se completa com a criação da mulher.
O sono profundo revela que a criação é um “segredo de Deus” e a mulher goza de igualdade, complementaridade em relação ao homem (não há qualquer possibilidade de uma relação de dominação e dominado, de escravidão, prepotência, egoísmo, machismo...).
O que deve ser buscado é a unidade a que estão destinados, vivendo em comunhão um com o outro.
Portanto, somos vocacionados para o amor. A solidão (mesmo acompanhada de todos os bens) é caminho da infelicidade, da incompletude. O sentido da existência é a realização humana no amor, porque obra do Amor de Deus.
Na passagem da Carta aos Hebreus (Hb 2,9-11), vemos que a “qualidade do Amor de Deus” é uma doação até às últimas consequências. Assim também o casal cristão deve amar, na doação total e eterna, sem limites.
Na passagem do Evangelho (Mc 10, 1-12), Jesus é questionado sobre o divórcio, e reafirma a indissolubilidade do matrimônio desde o princípio da criação.
A concessão ao divórcio deve-se à mediocridade humana, pelo matrimônio homem e mulher formam uma só carne, comunhão total, amor eterno.
Jesus coloca o matrimônio no patamar mais alto do amor: amor estável, duradouro e indissolúvel.
É preciso que se edifique a família em bases sólidas, para que se evite o fracasso do amor. Com simplicidade e confiança, devem amadurecer num processo constante, fortalecendo os vínculos do amor, de modo que o Sacramento do matrimônio segue na contramão da sociedade, apresentando ao mundo a marca da indissolubilidade e indestrutibilidade da Aliança abençoada por Deus.
Evidentemente, a Igreja não deixa de reconhecer e acolher com misericórdia os casais que vivem em segunda união.
Em nenhuma circunstância as pessoas divorciadas devem ser marginalizadas da vida da comunidade cristã, que deve, em todos os instantes, acolher, integrar, compreender, ajudar aqueles a quem as circunstâncias da vida impediram de viver o projeto ideal de Deus.
Entretanto, não se trata de renunciar, revogar o ideal que Deus propõe, antes é o testemunho da bondade e misericórdia de Deus para com todos que, por diversas razões não puderam realizar o ideal que um dia diante de Deus, do altar e de toda a comunidade, se comprometeram a viver.
Os Documentos da Igreja (Papa São João Paulo II, Papa Francisco), exortam ao acolhimento com misericórdia e envolvimento dos mesmos, em atividades de caridade para com o próximo.
Como vimos, o Sacramento do matrimônio é um dos sinais do Amor de Deus. Que em cada Eucaristia celebrada as forças sejam renovadas para sua solidificação e santificação.
O casal cristão experimenta nas provações, dificuldades, ventos contrários, a presença e a ajuda de Cristo que dá força, conforto e esperança.
Urge anunciar e testemunhar o valor sagrado e irrevogável do Sacramento do matrimônio, para que tenhamos famílias sólidas e felizes, sem nunca esquecermos:
“Como Jesus não abandonou nem a Humanidade, nem a Igreja quando O pregavam na Cruz, assim cada Matrimônio contraído ‘no Senhor’ conserva a indissolubilidade da união entre Cristo e a Igreja, mesmo quando a Cruz está presente” (1).
E ainda: “Quem se reveste deste Espírito nos dias felizes, poderá continuar a viver desta mesma esperança nas horas difíceis da prova. E isto como a ‘criança’ que nos braços da mãe se sente segura, porque sabe acolher na transparência e na proximidade tudo o que lhe reserva a vida, certa do amor materno que a envolve” (2)
Que todos os que desejam um dia contrair esta aliança indissolúvel de amor, reflitam a beleza do sagrado compromisso , para que sejam um sinal do Amor eterno e indissolúvel de Deus.
(1) (2) Lecionário Comentado - Volume II - Tempo Comum - Editora Paulus - Lisboa - pág. 493.
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