Quaresma: Deus é bondoso e paciente e espera nossa conversão
Ouvimos na quinta-feira da 4ª semana do Tempo da Quaresma, a passagem do Livro do Êxodo (Ex 32,7-14), em que nos revela um Deus que é paciente e sempre adia o castigo ao Seu povo..
A Sagrada Escritura nos apresenta algumas passagens, de modo especial os Salmos, que oferecem uma concepção de um Deus impaciente, que queima as etapas, em que os apelos à vingança são bastante frequentes (1Rs 18,40; Sl 82 e 108).
Os Profetas falam da cólera de Deus, que não é o último e definitivo momento da manifestação divina: o perdão sempre vence.
A Bíblia nos apresenta Javé, rico em graça e fidelidade, e sempre pronto a retirar Suas ameaças, quando Israel volta novamente ao caminho da conversão (Sb 12,12.16-19).
O Profeta Elias, cheio de zelo, em experiência pessoal, compreende que Deus não está no furacão ou no terremoto; Ele Se apresenta na brisa leve, no sopro do vento mais delicado (1Rs 19,9-13).
No Novo Testamento, os Apóstolos Tiago e João são censurados por causa do desejo de fazer cair raios sobre os samaritanos que não acolhem Jesus (Lc 9,51-55; Mt 26,51).
Esta foi a Boa-Nova do Reino inaugurada por Jesus, anunciada a todos e, de modo especial, aos pecadores, sem exclusão de ninguém no Seu Reino: todos são a ele chamados, todos podem aí entrar.
Em todos os momentos, Jesus encarnou e viveu a paciência divina, e nisto consiste a missão da Igreja, Corpo de Cristo, encarnar entre os homens a paciência de Jesus.
Como Igreja, temos que revelar no mundo a verdadeira face do amor, sem jamais destruir as pontes de comunicação com a força misericordiosa de Deus, como vemos no Evangelho (Mt 13,24-43).
“Na terra, o trigo está sempre misturado com o joio, e a linha de demarcação entre um e outro não passa pelas páginas dos registros paroquiais ou pelas fronteiras dos países; está no coração e na consciência de cada homem. Deve-se sempre recordar que a separação entre os bons e os maus só será feita depois da morte”.
Urge aprender com Deus a viver a divina paciência diante das dificuldades do mundo, com os que pensam e agem diferente de nós.
A divina paciência é alcançada quando nos reconhecemos diante de Deus como frágeis criaturas modeladas por Sua Mão, e nos configuramos a Jesus Cristo, que Se apresentou a nós manso e humilde de coração.
Cabe a Deus o julgamento final, não nos cabe catalogar as pessoas entre trigo e joio. Ao contrário, é preciso que nosso coração seja entranhado pela misericórdia e paciência divina, para que sejamos puro trigo de Deus em Sua seara.
Somente a abertura e acolhida do Espírito e a vivência da Palavra que Jesus nos comunicou, é que nos farão verdadeiramente puros trigos de Deus.
PS: Fonte inspiradora - Missal Dominical – Editora Paulus - pág. 749.
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