“Senhor, ensina-nos a rezar...”
Reflexão à luz da passagem do Evangelho de Lucas (Lc 11,5-13), sobre a oração.
Sejamos enriquecidos por este comentário:
“O ensinamento sobre a oração termina com umas palavras que são paradoxalmente decisivas ‘O Pai do céu dará o Espírito Santo àqueles que Lho pedem’ (Lc 11,13).
Dentro do contexto, supõe-se que podemos pedir a Deus o que quisermos. Se a nossa oração tiver sido verdadeira, receberemos sempre o mesmo grande dom: o Espírito.
Oração significa estar abertos ao amor (Reino) do Pai. Estar abertos com Jesus que confiou na palavra do Seu Pai e vive imerso na exigência (na vinda) do seu Reino.
Descobrimos, assim, que toda a oração cristã consiste em nos tornarmos transparentes perante o dom de Deus que vem.
Por isso, sempre que pedimos algo de verdade, estamos ansiando pela vinda de Deus até nós. Se a oração tiver sido verdadeira, recebemos o Espírito (a força do Reino de Deus no meio de nós).” (1)
Como vemos, a oração tem algumas exigências para que chegue até Deus, que está sempre pronto a nos ouvir e nos atender:
- a oração precisa ser verdadeira, para que recebamos o mais importante: o Espírito Santo;
- a oração implica em total abertura do orante ao Reino do Pai, como rezamos na oração que o Senhor nos ensinou – “seja feita a Tua vontade” (Lc 11,2);
- plena comunhão com Jesus, que confiou plenamente na Palavra do Seu Pai e intercede por nós para o anúncio do Reino;
- a transparência necessária, para acolhida do dom do Espírito, que vem ao nosso encontro, em socorro de nossas fraquezas;
- concede-nos a graça de contemplar e participar da construção do Reino de Deus, que já se encontra em nosso meio.
Além do que foi mencionado, acrescenta-se a necessária confiança, humildade e sincero compromisso, para que a oração transforme todo o nosso viver, levando-nos à contemplação e à ação, inseparavelmente (contemplação ativa).
A oração bem feita nos ajuda, para que façamos progressos contínuos no amor a Deus (primeiro na ordem dos preceitos), e no amor ao próximo (primeiro na ordem da prática), como nos ensinou o Bispo Santo Agostinho (séc. V):
"Esses dois Preceitos devem ser sempre lembrados, meditados, conservados na memória, praticados, cumpridos. O amor de Deus ocupa o primeiro lugar na ordem dos Preceitos, mas o amor do próximo ocupa o primeiro lugar na ordem da execução. Pois, quem te deu esse duplo preceito do amor não podia ordenar-te amar primeiro ao próximo e depois a Deus, mas primeiramente a Deus e depois ao próximo".
(1) Comentários à Bíblia Litúrgica – Editora gráfica de Coimbra – Palheira – pp.1129-1130)
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