A incomparável Misericórdia Divina!
A presença Divina como
“Porto Seguro” em nossa travessia...
No dia 06 de outubro, como Igreja, celebramos a Memória do Presbítero São Bruno (séc. XI).
Na Liturgia das Horas há uma Carta que o mesmo enviou aos seus filhos Cartuxos que, ora refletimos:
“Tomei conhecimento do inflexível rigor de vossa ponderada e louvável disciplina, pelos frequentes e agradáveis relatos de nosso caríssimo irmão Landovino.
Ouvindo também falar de vosso santo amor e incessante empenho por tudo quanto é íntegro e honesto, exulta meu espírito no Senhor.
Verdadeiramente exulto e sou levado a transportes de louvor e de ação de graças ao Senhor, mas ao mesmo tempo suspiro amargamente.
Exulto, sim, como é justo, pelo incremento dos frutos de vossas virtudes; tenho tristeza e vergonha de jazer incapaz e covarde na lama de meus pecados.
Alegrai-vos, então, irmãos meus caríssimos, pelo quinhão de vossa felicidade e pela liberalidade da graça de Deus em vós.
Alegrai-vos por terdes fugido dos múltiplos perigos e naufrágios deste mundo agitado.
Alegrai-vos porque alcançastes o tranquilo e seguro repouso do porto mais profundo. Muitos desejam aí chegar, muitos empregaram ingentes esforços e não o conseguem. E muitos, depois de obtê-lo, foram afastados, porque a nenhum deles foi dado perseverar.
Por isso, irmãos meus, tende por certo e provado que quem possuiu este bem desejável e o perdeu de qualquer modo que seja, sentirá tristeza até o fim, se de fato sentir preocupação e cuidado pela salvação de sua alma.
A vosso respeito, diletíssimos irmãos leigos, digo: Minha alma engrandece o Senhor (Lc 1,46), porque vejo a magnificência de Sua misericórdia sobre vós, através da exposição feita por Vosso prior e Pai amantíssimo, que muito Se gloria e Se alegra por vossa causa.
Alegremo-nos também nós, porque, mesmo desprovidos de instrução, poderoso é Deus, para com Seu dedo escrever em vossos corações não apenas o amor, mas também o conhecimento de Sua Santa Lei.
Na ação manifestais o que amais e o que sabeis. Pois, quando observais com toda a cautela e empenho a verdadeira obediência, torna-se evidente que também vós sabiamente recolheis o fruto suavíssimo e vital da Escritura Divina”.
Destaco quatro preciosas afirmações contidas na Carta:
- “Exulto, sim, como é justo, pelo incremento dos frutos de vossas virtudes; tenho tristeza e vergonha de jazer incapaz e covarde na lama de meus pecados...”;
- “Alegrai-vos porque alcançastes o tranquilo e seguro repouso do porto mais profundo.”;
- “... porque vejo a magnificência de Sua misericórdia sobre vós...”;
- “... poderoso é Deus, para com Seu dedo escrever em vossos corações não apenas o amor, mas também o conhecimento de Sua santa Lei.”
Não fosse a magnificência da misericórdia divina, estaríamos condenados à “lama de nossos pecados”. Mas não, Deus é nosso “tranquilo e seguro repouso do porto mais profundo”!
Que Deus continue escrevendo com Seu dedo em nossos corações o amor e Sua Lei em perfeita simultaneidade, porque a Lei de Deus é Amor!
A história que Deus deseja e escreve conosco é uma ininterrupta história de amor, tirando-nos sempre do lamaçal ou da areia movediça de nossos pecados, porque Ele é misericórdia.
Com Ele, nosso Porto Seguro, temos a certeza de que a travessia serena é possível, e os voos do Espírito, as mais preciosas riquezas serão tangíveis.
Quer navegando com Ele,
Quer voando em Suas asas,
A viagem para outra margem,
a mais bela aventura do amor
Nos levará a maior fidelidade ao Senhor!
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