A Vinha do Senhor e os frutos esperados por Deus
Com a Liturgia do 27º Domingo do Tempo Comum (ano A), refletimos sobre os frutos abundantes que o Senhor espera encontrar em nossa vida.
Verdadeiramente abundantes porque muito nos foi dado, à luz de uma imagem tão bela e inspiradora, a imagem da Vinha que é a imagem do Povo de Deus, e dos frutos que, como Povo de Deus, devemos produzir: amor, paz, justiça, bondade e misericórdia...
Se não produzirmos os frutos por Deus esperados, Ele tirará de nós a Vinha e confiará a outros; grande é, portanto, a nossa responsabilidade.
Na passagem da primeira Leitura, o Profeta Isaías falando do Povo como Vinha (Is 5,1-7), a compara como uma esposa que deixou de ser fiel e se converteu numa prostituta (Is 1,21-26). É preciso superar a infidelidade à Aliança voltando-se para Deus.
O Profeta Isaías exerceu o seu ministério em Jerusalém por um longo período. Após uma fase mais tranquila, deparou-se com uma realidade marcada pela exploração dos empobrecidos, contrastando com o fausto cultural, incoerente e mentiroso, porque não era resultado de verdadeira adesão a Javé e Seu projeto de vida plena para todos.
Ele se apropria da imagem da Vinha como que de uma “cantiga de amor”, como recurso para a transmissão da mensagem que Deus lhe confiou, a fim de que resgate o povo a que pertence, em total e incondicional fidelidade ao Pai que não se cansa de amar, perdoar e libertar Seu povo. É próprio do Amor de Deus não se cansar e não desistir da nossa salvação.
O Profeta/Poeta brinca com as sonoridades e com o ritmo, em alternância de sons doces de canções de amor e a aspereza das canções de trabalho. Mas num momento ápice o cântico se transforma em queixa e grito pela justiça, numa interpelação direta de seus interlocutores para que cessem os gritos de horror que procedem dos empobrecidos que são como os frutos selvagens de que fala o Profeta/Poeta. Estes frutos são as injustiças, arbitrariedades, violência e sangue dos inocentes e consequentemente a não defesa do direito dos pobres.
Deste modo a imagem da vinha, com seus frutos amargos, é a mais perfeita expressão da imagem do povo infiel a Deus, que multiplica o número dos sofredores. De outro lado o Profeta é incansável em proclamar o Amor de Deus que nos ama para nos transformar, de modo que, transformados por Seu amor, amemos nosso próximo.
A história da Vinha da primeira Leitura é, numa palavra, a História do Amor de Deus por nós que não cessa.
Reflitamos:
- De que modo correspondemos a este Amor?
- Quais os frutos que estamos produzindo? São os frutos esperados por Deus?
- Produzimos frutos de tolerância, misericórdia, bondade e compreensão?
- Nossas Missas e Celebrações têm nos levado a inadiáveis compromissos com a vida dos mais necessitados?
- Quais são as implicações concretas de nossos cultos e louvores que a Deus sobem?
A passagem da segunda Leitura (Fl 4,6-9) é escrita por Paulo; preso provavelmente em Éfeso expressa mais uma vez o seu carinho pela comunidade. Fala um pouco de si e exorta a comunidade à fidelidade, recordando as obrigações inadiáveis de uma comunidade que professa a fé no Ressuscitado.
O Apóstolo lembra que em nossa fraqueza é preciso que nos apoiemos na oração. Devemos pedir a graça da fidelidade, para que possamos dar muitos frutos, guardando nossos corações e pensamentos em Cristo Jesus.
A comunidade deve viver na alegria, porque vive na comunhão com Cristo. Deve sentir-se segura nos braços de Deus, na presença constante da bondosa mão de Deus.
Enumera certas questões que a comunidade deve cultivar e apreciar: a verdade, a nobreza, a justiça, a pureza, amabilidade e a boa reputação, ou seja, tudo que for digno de louvor. Esta Carta de Paulo é a chamada “magna carta do humanismo cristão”.
A comunidade deve multiplicar os arautos e testemunhas dos valores humanos. Deve viver os valores humanos em confronto constante com a Palavra, e com fidelidade sem jamais trair e renegar a Boa Nova do Evangelho. Ser sal, fermento e luz de um Mundo Novo(cf. Mt 5,13-16).
A comunidade enxertada em Cristo pode produzir muito mais, na serenidade e tranquilidade em total confiança em Deus, o que a caracterizará não como comunidade de fracassados, alienados e falhos, mas uma comunidade constituída pelos mais do que vencedores n’Aquele que nos amou, Jesus.
Reflitamos:
- - Como comunidade, como vivemos aacolhida, a simpatia que deve interligar todos entre si, a amabilidade, a verdade, a coerência?
- - Como estando no mundo não comungar aquilo que venha afetar e esvaziar a nossa fé?
- - Como viver a fé sem cair em contradições que empobreceria a nossa missão?
Com a passagem do Evangelho (Mt 21,33-43) mais uma vez voltamos à temática da Vinha.
O cenário é a cidade de Jerusalém, com a presença dos opositores de Jesus que o levarão à prisão, julgamento, condenação e morte. Jesus está plenamente consciente do destino que lhe está reservado.
Jesus enfrenta os dirigentes de Seu tempo (aqueles que detêm os poderes políticos, religiosos, econômicos e ideológicos); sabe que será condenado implacavelmente, porque não acolherão a Boa Nova do Reino que veio inaugurar.
O cenário é a cidade de Jerusalém, com a presença dos opositores de Jesus que o levarão à prisão, julgamento, condenação e morte. Jesus está plenamente consciente do destino que lhe está reservado.
Jesus enfrenta os dirigentes de Seu tempo (aqueles que detêm os poderes políticos, religiosos, econômicos e ideológicos); sabe que será condenado implacavelmente, porque não acolherão a Boa Nova do Reino que veio inaugurar.
A Parábola contada por Jesus é riquíssima em simbolismo:
A Vinha é Israel, o Povo de Deus;
O Dono da Vinha é o próprio Deus;
Os vinhateiros homicidas são os líderes religiosos;
Os servos assassinados são os Profetas que Deus havia enviado; o Filho assassinado é o próprio Jesus.
Com a Parábola, Jesus insiste na necessidade de se produzir os frutos do Reino, vivendo na radicalidade à Sua proposta.
Os frutos são: amor, serviço, doação, justiça, paz, tolerância, partilha... É preciso dizer não ao comodismo, à instalação, a procura de facilidades.
Reflitamos:
- Qual é o nosso compromisso com o Reino?
- Quais os frutos que estamos produzindo na nossa vida, com o nosso agir?
- Como temos assumido a missão de trabalhar na Vinha do Senhor?
- Quais os frutos que produzimos dentro e fora da Igreja?
- É muito simples condenar os vinhateiros homicidas, mas o que fazemos com o Mandamento da Lei de Deus, que se resume no amor a Deus e ao próximo, como Ele nos ordenou?
- Escutamos os mensageiros que nos foram enviados por Deus?
- O que precisa ser transformado em nossa vida, para que, na Vinha trabalhando, frutos mais saborosos e abundantes possamos multiplicar?
Deus nos ama e espera pacientemente que nos convertamos. Trabalhando na Vinha que Ele nos confia, jamais faltarão frutos saborosos em nossas mesas. Deus nunca desiste de Sua obra de amor e salvação.
Se nada produzimos ou se frutos amargos produzimos, não é culpa de Deus, mas porque não soubemos corresponder ao amor e confiança que Ele em nós depositou.
É tempo de nos convertemos, para que Deus fique satisfeito com os frutos que venhamos a produzir, que na verdade não serão para Ele, mas para nós mesmos.
Deus não quer outra coisa senão a nossa felicidade! Frutos doces e saborosos sempre, amargos jamais!
Esterilidade da Vinha impensável, frutos abundantes e permanentes jamais faltarão se a Ele nos abrirmos e n’Ele confiarmos, correspondendo cada vez mais ao Seu Amor!
Somos todos membros do Povo de Deus, a Igreja, que tem a missão de produzir frutos, para não frustrar as esperanças do Senhor na hora da colheita.
Ao chamar os Seus para que O seguisse, Jesus lhes dá uma missão precisa: anunciar o Evangelho do Reino a todas as nações (cf. Mt 28, 19 ; Lc 24, 46-48). Por isso, o discípulo é missionário, pois Jesus o faz partícipe de Sua missão, ao mesmo tempo em que o vincula como amigo e irmão:
“Cumprir essa missão não é tarefa opcional, mas parte integrante da identidade cristã, porque é a extensão testemunhal da Vocação mesma” (Aparecida, 144).
Nesta perspectiva, consideremos e meditemos as palavras de S. Paulo: “Irmãos ocupai-vos com tudo o que é verdadeiro, respeitável, justo, puro, amável, honroso, tudo o que é virtude ou de qualquer modo mereça louvor; é o que deveis ter no pensamento” (Fl 4,8).
Eis a nossa Missão: como batizados, trabalhar, com
alegria, amor e fidelidade, na Vinha do Senhor.
Não desapontemos o querer de Deus!
Oremos:
“Pai justo e misericordioso, que velas incessantemente
sobre a Vossa Igreja, não abandoneis a Vinha que à
Vossa direita plantou: continuai a cultivá-la e a
enriquecê-la de servos missionários escolhidos,
para que, enxertada em Cristo, verdadeira Videira,
Amém”!
PS: Oportuno para reflexão sobre a passagem do Evangelho de Marcos (Mc 12,1-12), proclamada na segunda-feira da 9ª Semana do Tempo Comum.
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