O Senhor foi prefigurado na pessoa de Jó
O Bispo São Zeno de Verona (séc. IV) nos fala em seu Tratado sobre a prefiguração de Cristo na figura de Jó.
“Tanto quanto se pode entender, irmãos caríssimos, Jó prenunciava a figura de Cristo, o que é provado por uma comparação:
Jó é chamado de justo por Deus. Ora, Cristo é a Justiça de cuja fonte bebem todos os bem-aventurados. Dele se disse: Levantar-se-á para vós o Sol da Justiça.
Jó é dito veraz. O Senhor, que declara no Evangelho: Eu sou o Caminho e a Verdade, é a própria Verdade.
Jó foi rico. E quem mais rico do que o Senhor? D’Ele são todos os servos ricos, d’Ele o mundo inteiro e toda a natureza, no testemunho do Santo Davi: Do Senhor é a terra e sua plenitude, o orbe da terra e todos quantos nele habitam.
O diabo tentou Jó por três vezes. De modo semelhante, narra o Evangelista, por três vezes o mesmo diabo esforçou-se por tentar o Senhor.
Jó perdeu os bens que possuía. O Senhor, por nosso amor, abandonou os bens celestes e fez-Se pobre para enriquecer-nos.
O diabo, furioso, matou os filhos de Jó. E aos profetas, filhos de Deus, o louco povo fariseu assassinou.
Jó manchou-se pelas úlceras. O Senhor, assumindo a carne de todo o gênero humano, apareceu manchado com as sujeiras dos pecadores.
Jó foi instigado pela esposa a pecar. A sinagoga quis obrigar o Senhor a seguir a depravação dos anciãos.
Apresentam-se os amigos de Jó a insultá-lo. E ao Senhor insultaram os sacerdotes que deviam cultuá-Lo.
Jó senta-se no monturo coberto de vermes. Também o Senhor no verdadeiro monturo, isto é, na lama desse mundo se demorou rodeado de homens estuantes de crimes e paixões, os verdadeiros vermes.
Jó recuperou tanto a saúde quanto a riqueza. E o Senhor, ressuscitando, concedeu não só a saúde, mas a imortalidade aos que n’Ele creem e recuperou o domínio sobre toda a natureza, segundo Suas próprias palavras: Tudo me foi dado por meu Pai.
Jó teve filhos em substituição aos primeiros. O Senhor também gerou, depois dos filhos dos Profetas, os Santos Apóstolos.
Jó, feliz, descansou em paz. O Senhor, porém, permanece o Bendito eternamente, antes dos séculos, nos séculos e por todos os séculos dos séculos”.
Muitas vezes lembrando os sofrimentos dos justos, vem-nos, imediatamente, à lembrança Jó; mas quantos de nós fizemos um paralelo entre Jó e o Senhor?
Jó no seu tempo, fidelidade inquestionável a Deus.
O Servo Sofredor, no seu tempo, Amor que ama até o fim.
Quão belas lições podemos tirar deste Tratado, para fortalecimento de nossa espiritualidade na fidelidade ao Senhor!
Como Discípulos Missionários do Senhor,
trilhemos mesmo caminho,
Nutridos pelo Sagrado Pão, inebriados e
redimidos pelo Sagrado Vinho!
PS: Liturgia das Horas – Vol. III – pág. 252-253.
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