sábado, 9 de março de 2024

Quaresma: sinceridade e pureza de coração

                                                          

Quaresma: sinceridade e pureza de coração

Com a Liturgia do sábado da 3ª semana do Tempo da Quaresma, refletimos sobre a nossa proximidade com o Altar e as exigências próprias no quotidiano, e também a nossa responsabilidade diante de Deus e da Comunidade.

A vivência da verdadeira religião consiste na fidelidade aos preceitos divinos, na defesa da vida, preferencialmente a defesa dos empobrecidos.

Contemplamos na Sagrada Escritura que Deus está sempre pronto para escutar e intervir na defesa dos empobrecidos, e por isto, a oração destes chega sempre aos Seus ouvidos e não fica sem resposta, como vemos na passagem do Livro do Eclesiástico (Eclo 35,15b-17.20-22a).

A proximidade do Altar pede confiança, generosidade, gratuidade, simplicidade, coerência e entrega da própria vida no bom combate da fé, como fez o Apóstolo Paulo (2Tm 4,6- 8.16-18).

Trilhando com coragem o caminho da fé e do discipulado, Paulo tornou-se para nós modelo de crente, que nos leva a duas atitudes: reconhecimento dos nossos próprios limites e a confiança na misericórdia divina contra toda autossuficiência.

Deste modo, na Parábola que encontramos na passagem do Evangelho, Jesus revela o rosto misericordioso de Deus, por aqueles que se reconhecem pecadores, de modo que a humildade acompanhada da confiança na misericórdia de Deus nos permite ser melhores.

Deus não Se preocupa tanto com nossos pecados, mas com a autenticidade de nossa amizade com Ele: quanto mais amigos d’Ele formos, menos pecadores o seremos!

“Tende compaixão de mim porque sou pecador” (Lc 18,9-14) há de ser nossa suplica diante de Deus. De modo poético, diz Santo Agostinho, referindo-se se ao pecador público nesta passagem mencionada: “... o remorso o afastava, mas a piedade o aproximava; o remorso o rebaixava; mas a esperança o elevava”.

Se de um lado o remorso sincero dos pecados rebaixa, por outro nos aproxima e nos eleva. Lição tão difícil de aprendermos, porém indispensável...

Aprendemos que não podemos nos colocar em relação ao outro como melhor, superior, perfeito... A atitude de pequenez, para que se possa ser justificado e alcançar a misericórdia, o amor e a bondade de Deus é mais do que desejável:

“Hoje a suficiência farisaica não é mais a observância de uma lei: toma outro nome. Em muitos ela é a convicção de que o homem pode salvar-se como homem, apelando unicamente para os seus recursos.

O homem salva o homem mediante a ciência, a política, a arte... é por isso mais do que nunca necessário que os cristãos anunciem ao mundo Cristo como Salvador. A Salvação que Ele traz não se opõe a salvação humana, mas a conduz à plenitude.

Com a celebração dos Sacramentos, especialmente da Eucaristia, os cristãos dão testemunho da necessidade da intervenção divina na vida do homem, põem-se sob a ação do Deus presente, com Seu Espírito, e fazem a experiência privilegiada da justificação obtida mediante a fé em Jesus Cristo.

Devem, por isso, estar continuamente vigilantes para não participarem dos Sacramentos com espírito farisaico”. (1)

A proximidade do Altar não significa que haja proximidade com Deus, e aqui o perigo que a Parábola revela: uma boa dose dos sentimentos do publicano, nos levará a menor farisaísmo e orações mais autênticas que agradarão ao Senhor.

Vivendo o fecundo Tempo Quaresmal, firmemos os passos na caminhada de fé, no “bom combate da fé”, alimentados pela verdadeira atitude orante.

Sintamos a presença de Jesus que caminha ao nosso lado e a glória de Deus será elevada, verdadeiramente, se não separamos o culto da vida.

Deste modo, podemos afirmar que quanto mais próximos do Altar, maior será a exigência de Deus para conosco!

(1) - Missal Dominical - Editora Paulus - pág. 1276

Um comentário:

Anônimo disse...

Amém

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4º Bispo da Diocese de Guanhães - MG