A divina missão que o Senhor nos confia
No dia 26 de janeiro, celebramos a Memória de São Timóteo e São Tito, e ouvimos a passagem do Evangelho de Lucas (Lc 10,1-9).
Temos a oportunidade de refletir sobre o envio que Jesus faz aos Seus discípulos e as exigências da missão evangelizadora.
É missão do discípulo ser portador da paz, da vida e da esperança de um mundo novo, como também foi a missão dos profetas, como vemos na passagem do Livro do Profeta Isaías (Is 66, 10-14c).
O Profeta, mesmo numa situação difícil, em que o Povo de Deus se encontrava (martirizado, sofrido e angustiado), tem palavras de confiança e esperança.
Apresenta a ação divina com imagens de fecundidade e vida: somente Deus pode oferecer ao Seu povo o “shalom”, ou seja, saúde, fecundidade, prosperidade, amizade com Ele e com os outros, a felicidade total.
O Profeta tem sempre uma palavra que convida à alegria. Deus age por meio dele. Também nós somos Profetas, a voz de Deus num mundo também marcado pelo sofrimento, angústia, dores, prantos e morte.
Ontem e hoje, vivendo a vocação profética, somos convidados a superar o medo e a angústia e sentir a presença e a força de Deus conosco, não nos curvando diante dos temores que nos paralisam.
Deste modo, compreendemos a mensagem do Evangelho: somos continuadores da missão de Jesus, e pelo Batismo, chamados a anunciar a alegria do Reino de Deus, não obstante as dificuldades que possam surgir.
O comentário do Missal Dominical é enfático ao afirmar: “... Não há missão sem perseguição, sem sofrimento e sem Cruz.
A Cruz pelo Reino de Deus, aceita com amor, é o sinal da vitória sobre o mal e a morte...
O que o Senhor nos pede é a fidelidade a Ele, à Sua mensagem e ao Seu estilo de anúncio. Não nos garante o êxito” (pp. 1169-1170).
Jesus envia 72 discípulos, de dois em dois, pois a ação é comunitária, e apresenta a eles algumas exigências e advertências:
- Haverá dificuldades;
- Viverão a pobreza, confiando tão apenas na providência divina;
- Crerão na força libertadora da Palavra de Deus;
- Viverão a urgência da missão (não pode haver perda de tempo);
- Dedicarão totalmente à missão;
- Serão portadores da paz;
- Combaterão contra o mal que se contrapõe ao Reino de Deus;
- Exultarão de alegria por terem os nomes inscritos no céu, no Livro da Vida.
Urge que o discípulo missionário confie na Palavra e providência de Deus, com desprendimento, coragem, ousadia e paixão por Ele, carregando a cruz quotidiana. Somente Cristo interessa para nossa Salvação, de modo que nossa identificação com Ele se dará na intensidade que amarmos como Ele nos ama.
Neste sentido, oportuna é a passagem da Carta de Paulo aos Gálatas (Gl 6, 14-18), em que exorta a comunidade ao testemunho radical do Senhor, como discípulos missionários, que passa pela cruz, para nos tornarmos novas criaturas e alcançar a glória eterna:
“Só gerados e alimentados por essa fonte é que poderemos ser novas criaturas. No que diz respeito, Paulo declara que no centro da sua glória não está a observância rigorosa da Lei, mas Cristo Crucificado”
Reflitamos:
- Qual é a nossa fidelidade à missão que Deus nos confia?
- Quanto nos empenhamos para que percebam em nós a alegria da chegada do Reino de Deus?
- Somos, de fato, prisioneiros do mais belo Amor, Jesus Cristo, marcados pelo sinal da Cruz, com expressão do amor radical, da liberdade, da vida, doação e serviço?
- Como viver mais intensamente a missão que Deus nos confia com plena doação, entrega e fidelidade?
Concluo com a afirmação do Papa São Paulo VI: “O homem contemporâneo escuta com melhor boa vontade as testemunhas do que os mestres, dizíamos ainda recentemente a um grupo de leigos, ou então se escuta os mestres, é porque eles são testemunhas”
Partícipes das Mesas Sagradas do Senhor, sejamos iluminados e fortalecidos por Sua Palavra, e revigorados pelo Pão da Imortalidade, para continuarmos com coragem, alegria e fidelidade a missão que Ele nos confia. Amém.
PS: Reflexão apropriada para a quarta-feira da 28ª Semana do Tempo Comum, quando se proclama a passagem do Evangelho de Lucas (Lc 10,1-9).
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