quarta-feira, 29 de janeiro de 2025

Contemplemos a Cruz de Nosso Senhor

                                                              

 

      Contemplemos a Cruz de Nosso Senhor 

 
Sejamos enriquecidos pela Conferência de Santo Tomás de Aquino, em que nos apresenta a Cruz de Nosso Senhor, na qual não nos falta nenhum exemplo de virtude.
 
“Que necessidade havia para que o Filho de Deus sofresse por nós? Uma necessidade grande e, por assim dizer, dupla:
 
Para ser remédio contra o pecado e para exemplo do que devemos praticar.
 
Foi em primeiro lugar um remédio, porque na Paixão de Cristo encontramos remédio contra todos os males que nos sobrevêm por causa de nossos pecados. Mas não é menor a utilidade em relação ao exemplo.
 
Na verdade, a Paixão de Cristo é suficiente para orientar nossa vida inteira. Quem quiser viver na perfeição, nada mais tem a fazer do que desprezar aquilo que Cristo desprezou na Cruz, e desejar o que Ele desejou. Na Cruz, pois, não falta nenhum exemplo de virtude. Se procuras um exemplo de caridade:
 
Ninguém tem amor maior do que Aquele que dá Sua vida pelos amigos (Jo 15,13). Assim fez Cristo na Cruz. E se Ele deu Sua vida por nós, não devemos considerar penoso qualquer mal que tenhamos de sofrer por causa d’Ele.
 
Se procuras um exemplo de paciência, encontras na Cruz o mais excelente! Podemos reconhecer uma grande paciência em duas circunstâncias: Quando alguém suporta com serenidade grandes sofrimentos, ou quando pode evitar os sofrimentos e não os evita.
 
Ora, Cristo suportou na Cruz grandes sofrimentos, e com grande serenidade, porque atormentado, não ameaçava (1Pd 2,23); foi levado como ovelha ao matadouro e não abriu a boca (cf. Is 53,7; At 8,32). É grande, portanto, a paciência de Cristo na Cruz.
 
Corramos com paciência ao combate que nos é proposto, com os olhos fixos em Jesus, que em nós começa e completa a obra da fé. Em vista da alegria que lhe foi proposta, suportou a Cruz; não Se importando com a infâmia ( Hb 12,1-2).
 
Se procuras um exemplo de humildade, contempla o Crucificado: Deus quis ser julgado sob Pôncio Pilatos e morrer.
 
Se procuras um exemplo de obediência, segue Aquele que Se fez obediente ao Pai até a morte:
 
Como pela desobediência de um só homem, isto é, de Adão, a humanidade toda foi estabelecida numa condição de pecado, assim também pela obediência de um só, toda a humanidade passará para uma situação de justiça (cf. Rm 5,19).
 
Se procuras um exemplo de desprezo pelas coisas da terra, segue Aquele que é Rei dos reis e Senhor dos senhores, no qual estão encerrados todos os tesouros da sabedoria e da ciência ( cf. Cl 2,3), e que na Cruz está despojado de Suas vestes, escarnecido, cuspido, espancado, coroado de espinhos e, por fim, tendo vinagre e fel como bebida para matar a sede.
 
Não te preocupes com as vestes e riquezas, porque repartiram entre si as minhas vestes (Jo 19,24); nem com honras, porque fui ultrajado e flagelado; nem com a dignidade, porque tecendo uma coroa de espinhos, puseram-na em minha cabeça (cf. Mc 15,17); nem com os prazeres, porque em minha sede ofereceram-me vinagre (Sl 68,22)”.
A contemplação da Cruz e do Crucificado por si mesma nada adianta, pois esta procura precisa configurar nossa vida, com a revisão de nossas atitudes e pensamentos, transformando a nossa vida.

Crendo n’Aquele que nos amou e na Cruz morreu, precisamos ter os mesmos  sentimentos, completando em nossa carne o que falta à Sua Paixão por amor à Sua Igreja (cf. Fl 2,5; Cl 1,24), e dizer como Paulo -  “Para mim viver é Cristo” (cf. Fl 1,21).
 
Coloquemo-nos diante da Cruz e do Crucificado, renovemos sagrados compromissos com os crucificados da história, pelos quais Ele deu, livremente, por amor, Sua Vida para que todos tenhamos vida.
 
Para Santo Tomás, na Cruz, contemplando o Crucificado, não nos falta nenhum exemplo de virtude. Dentre as quais ele destaca: Caridade, paciência, humildade, obediência e o desprezo pelas coisas da terra, sinônimo de absoluto despojamento.
 
O que de melhor possamos desejar e procurar, encontraremos na Cruz e no Crucificado: Amor, ternura, bondade, perdão, carinho, solidariedade, mansidão, acolhida; sabedoria com traços e aparência de loucura, Onipotência na aparência da fragilidade; bondade suprema para além de toda maldade extrema!
 
Procuremos as virtudes na Cruz, a cada dia, para que vivamos maior fidelidade ao Senhor, com renúncias necessárias, carregando nossa cruz, sem lamentos e reclamações inúteis.
 
Eis o caminho que tanto procuramos: A Cruz. Inevitavelmente a Cruz; Cruz redentora, Cruz salvadora, pois, do Crucificado ao mundo foram abertas as entranhas de misericórdia, de felicidade, de eternidade...
 
Quem por Ele procurar, será encontrado, quem por Ele chamar não será decepcionado: Batei e vos será aberto, pedi e vos será concedido. 
 
Contemplando a cruz, encontramos o que tanto procuramos, ou no mínimo o que tanto deveríamos desejar e viver.
 
Há procuras insólitas e extenuantes; procuras que consistem em perdas sem retornos. Santo Tomás nos aponta verdadeiras e salutares procuras.
 
E, às vezes, como procuramos mal, quer pelo seu conteúdo, quer pelo seu lugar.
 
Eis o caminho que tanto procuramos: A Cruz. Inevitavelmente a Cruz.
Cruz redentora, Cruz salvadora, pois, do Crucificado ao mundo foram abertas as entranhas de misericórdia, de felicidade, de eternidade...
 
Quem por Ele procurar, será encontrado, quem por Ele chamar não será decepcionado: "Batei e vos será aberto, pedi e vos será concedido" (cf. Mt 7,7-8).
 
Coloquemo-nos em atitude de verdadeira e santa procura, carregando nossa cruz de cada dia, com as renúncias que se fizerem necessárias.
 
 
 
PS: Reflexão oportuna para o dia 28 de janeiro quando se celebra a Memória de Santo Tomás de Aquino (Presbítero e Doutor da Igreja) e a Festa da Exaltação da Santa Cruz no dia 14 de setembro.


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