Efeitos da divina luz!
Sejamos enriquecidos pelos escritos do Abade São Máximo Confessor (séc.VII).
“A lâmpada posta
sobre o candelabro é a paterna e verdadeira luz que ilumina todo ser humano que
vem ao mundo (cf. Jo 1,9), nosso Senhor Jesus Cristo. Por ser um de nós e ter
assumido nossa carne, tornou-se e foi chamado lâmpada. Isto é, a sabedoria e a
palavra do Pai por natureza, que na Igreja de Deus é pregada com fé pura e,
pela vida orientada pela virtude e observância dos mandamentos, é erguida e
resplandece entre as nações.
Ilumina a todos
que estão em casa (a saber, neste mundo), conforme a mesma Palavra de Deus em
certo trecho: Ninguém acende uma lâmpada e a põe sob uma vasilha, mas sobre o
candelabro. E iluminará a todos que estão em casa (Mt 5,15), dando a si mesmo
claramente o nome de lâmpada, porquanto, sendo Deus por natureza, fez-se homem
segundo o desígnio divino.
Parece-me que
também o grande Davi, compreendendo isto, diz ser o Senhor uma lâmpada, ao
dizer: Lâmpada para meus pés, a tua lei é luz para meus caminhos (Sl 118,105).
Meu Salvador e Deus é tão luminoso que dissipa as trevas da ignorância e do
vício. Também por isto a Escritura o designa como lâmpada.
Na verdade só
ele, qual lâmpada, desfaz a escuridão da ignorância, repele o negrume da
maldade e do vício. Por este motivo fez-se o caminho de salvação para todos.
Pelo poder e a ciência conduz ao Pai aqueles que estão resolvidos a nele
caminhar, como pela via da justiça, nos divinos mandamentos. Por candelabro
entende-se a santa Igreja, onde a palavra de Deus refulge pela pregação diante
de todos quantos habitam neste mundo como em uma casa, ilumina com o esplendor
da verdade e os espíritos ficam repletos da ciência divina.
A palavra não se
sujeita a ser posta sob uma vasilha, ela que se destina a ser colocada no mais
alto cume e na imensa beleza da Igreja. Enquanto a palavra se acha presa à
letra da lei, como sob uma vasilha, todos se privam da luz eterna. Não seria
fonte de contemplação espiritual para aqueles que procuram libertar-se da
sedução enganadora dos sentidos que nos inclinam a captar somente as coisas
passageiras e materiais. Mas é colocada no candelabro da Igreja, a fim de
iluminar a todos pela adoração em espírito e verdade.
Se a letra não é interpretada segundo o seu espírito, não tem senão o valor
material de sua expressão, e não permite que a alma chegue a compreender o
sentido do que está escrito.
Por conseguinte,
tendo acendido a lâmpada (quer dizer, o sentido que acende a luz da ciência)
pelo ato da contemplação e da ação, não a ponhamos sob uma vasilha. E também
não sejamos acusados de falta por comprimir na letra o indizível poder da
sabedoria. Mas sim sobre o candelabro (a santa Igreja) para que, do alto
vértice da verdadeira contemplação, estenda a todos o facho da divina doutrina.”
Trata-se da resposta do
Abade a Talássio, apresentando os efeitos da luz divina em nossa vida; a missão
da Igreja de resplandecer esta mesma luz nas nações, a partir da contemplação e
da ação, da prática da Lei Divina contida nos mandamentos sagrados.
Reflitamos:
- Jesus é
verdadeiramente a luz da minha vida?
- Deixo-me
iluminar por Sua palavra e Seus ensinamentos?
- Minha vida é
marcada pela contemplação e ação?
- De que modo sou
luz para o mundo?
- À luz da Palavra
divina, tenho me afastado de toda ignorância, maldade e vício; de tudo aquilo
que ofusca o brilho divino que em mim habita?
- Qual a intensidade do esplendor da verdade por mim vivido?
- De que modo a
Igreja reflete e testemunha ao mundo o esplendor da Verdade que é Jesus Cristo,
Nosso Senhor?
É tempo de
mergulharmos dentro de nós mesmos, para o encontro com a indizível
claridade divina que em nós habita.
Há um canto do Pe.
Zezinho que expressa muito bem isto:
“Dentro de mim”:
“Dentro de mim existe uma luz,
que me mostra por onde deverei andar.
Dentro de mim também mora Jesus,
que me ensina buscar o Seu jeito de amar.
Minha luz é Jesus,
e
Jesus me conduz pelos caminhos da paz...”
Nenhum comentário:
Postar um comentário