
Devoção a Maria é fonte de vida
cristã profunda
A devoção a Maria é fonte de
vida cristã profunda, como vemos na Homilia do Papa São João Paulo II, quando
da Dedicação da Basílica Nacional de Aparecida - SP em 1980.
“ ‘Viva a Mãe de Deus e
nossa, sem pecado concebida! Viva a Virgem Imaculada, a Senhora Aparecida!’
Desde que pus os pés em terra
brasileira, nos vários pontos por onde passei, ouvi este cântico. Ele é, na
ingenuidade e singeleza de suas palavras, um grito da alma, uma saudação, uma
invocação cheia de filial devoção e confiança para com aquela que, sendo
verdadeira Mãe de Deus, nos foi dada por seu Filho Jesus no momento extremo da
Sua vida para ser nossa Mãe.
Sim, amados irmãos e filhos,
Maria, a Mãe de Deus, é modelo para a Igreja, é Mãe para os remidos. Por sua
adesão pronta e incondicional à vontade divina que lhe foi revelada, torna-se
Mãe do Redentor, com uma participação íntima e toda especial na história da
salvação. Pelos méritos de seu Filho, é Imaculada em sua Conceição, concebida
sem a mancha original, preservada do pecado e cheia de graça.
Ao confessar-se serva do Senhor
(Lc 1,38) e ao pronunciar o seu
sim, acolhendo ‘em seu coração e em seu seio’ o Mistério de Cristo Redentor,
Maria não foi instrumento meramente passivo nas mãos de Deus, mas cooperou na
salvação dos homens com fé livre e inteira obediência. Sem nada tirar ou
diminuir e nada acrescentar à ação daquele que é o único Mediador entre Deus e
os homens, Jesus Cristo, Maria nos aponta as vias da salvação, vias que
convergem todas para Cristo, seu Filho, e para a sua obra redentora.
Maria nos leva a Cristo, como
afirma com precisão o Concílio Vaticano II: ‘A função maternal de Maria, em
relação aos homens, de modo algum ofusca ou diminui esta única mediação de
Cristo; antes, manifesta a sua eficácia. E de nenhum modo impede o contato
imediato dos fiéis com Cristo, antes o favorece’.
Mãe da Igreja, a Virgem
Santíssima tem uma presença singular na vida e na ação desta mesma Igreja. Por
isso mesmo, a Igreja tem os olhos sempre voltados para aquela que, permanecendo
virgem, gerou, por obra do Espírito Santo, o Verbo feito Carne. Qual é a missão
da Igreja senão a de fazer nascer o Cristo no coração dos fiéis, pela ação do
mesmo Espírito Santo, através da evangelização?
Assim, a ‘Estrela da
Evangelização’, como a chamou o meu Predecessor Paulo VI, aponta e ilumina os
caminhos do anúncio do Evangelho. Este anúncio de Cristo Redentor, de sua
mensagem de salvação, não pode ser reduzido a um mero projeto humano de
bem-estar e felicidade temporal. Tem certamente incidências na história humana
coletiva e individual, mas é fundamentalmente um anúncio de libertação do
pecado para a comunhão com Deus, em Jesus Cristo. De resto, esta comunhão com
Deus não prescinde de uma comunhão dos homens uns com os outros, pois os que se
convertem a Cristo, autor da salvação e princípio de unidade, são chamados a
congregar-se em Igreja, sacramento visível desta unidade humana salvífica.
Por tudo isto, nós todos, os que
formamos a geração hodierna dos discípulos de Cristo, com total aderência à
tradição antiga e com pleno respeito e amor pelos membros de todas as
comunidades cristãs, desejamos unir-nos a Maria, impelidos por uma profunda
necessidade da fé, da esperança e da caridade.
Discípulos de Jesus Cristo neste
momento crucial da história humana, em plena adesão à ininterrupta Tradição e
ao sentimento constante da Igreja, impelidos por um íntimo imperativo de fé,
esperança e caridade, nós desejamos unir-nos a Maria.
E queremos fazê-lo através das
expressões da piedade mariana da Igreja de todos os tempos. A devoção a Maria é
fonte de vida cristã profunda, é fonte de compromisso com Deus e com os irmãos.
Permanecei na escola de Maria, escutai a sua voz, segui os seus exemplos. Como
ouvimos no Evangelho, ela nos orienta para Jesus: ‘Fazei o que ele vos
disser’ (Jo 2,5). E, como outrora em Caná da Galileia, encaminha ao
Filho as dificuldades dos homens, obtendo dele as graças desejadas. Rezemos com
Maria e por Maria: ela é sempre a ‘Mãe de Deus e nossa’.”
Rezemos com Maria e por meio
dela, com a certeza de que ela caminha conosco, como Mãe da Igreja e nossa Mãe,
“Estrela da Evangelização”.
Sintamos sua presença maternal
em todos os momentos, ouvindo suas palavras nas Bodas de Caná que ressoa por
todos os séculos; “Fazei tudo o que Ele vos disser” (Jo 2,5).
Oremos:
“Ó Deus todo-poderoso, ao
rendermos culto à Imaculada Conceição de Maria, Mãe de Deus e Senhora nossa,
concedei que o povo brasileiro, vivendo na paz e na justiça, possa chegar um
dia à pátria definitiva. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus
e convosco vive e reina, na unidade do Espírito Santo, por todos os séculos dos
séculos. Amém”
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