“Minha hora ainda não chegou”
“Mulher, por que dizes isto a mim?
Minha hora ainda não chegou” (Jo 2,4).
Reflexão à luz da passagem do Evangelho de João (Jo 2,1-11), que nos apresenta o primeiro sinal realizado por Jesus.
Retomo as Palavras de Jesus ao pedido de Sua mãe, sobre o fato de não terem mais vinho: – “Mulher, por que dizes isto a mim? Minha hora ainda não chegou” (Jo 2,4).
Oportuno refletir sobre esta “hora” mencionada pelo Senhor; contemplando os Evangelhos, refletimos sobre a Hora na qual Jesus Se prepara para ser glorificado, não fugindo da cruz, onde testemunhará, com Sua entrega, a expressão máxima do amor de Deus.
Chegando a Hora, como ainda não o era nas Bodas de Caná, com Seu Sangue derramado, sela a Nova e Eterna Aliança de Amor: de Deus com a humanidade.
Do Coração trespassado jorra a “tinta” do Amor: Seu Sangue, para escrever no coração da humanidade esta aliança irrevogável, esta reconciliação tão desejada.
A Hora de Jesus possibilita-nos eternizar nossa vida, concede-nos força para a hora presente, leva-nos a alcançar a Hora da eternidade do Amor Divino…
Ressoam em nosso coração Suas próprias palavras, em que transborda toda a Sua humanidade:“Agora sinto-me angustiado...” (Jo 12,27), e a Carta aos Hebreus – “Cristo, nos dias de Sua vida terrestre, dirigiu preces e súplicas, com forte clamor e lágrimas Àquele que era capaz de salvá-Lo da morte. E foi atendido, por causa de Sua entrega a Deus. Mesmo sendo Filho, aprendeu o que significa a obediência a Deus, por aquilo que sofreu” (Hb 5, 7-8).
Contemplemos Jesus, verdadeiramente homem, verdadeiramente Deus!
O Papa Leão Magno (séc, V), assim se referiu a Jesus:
“Como poderá ficar fora da comunhão com Cristo, quem recebe Aquele que assumiu a sua própria natureza e é regenerado pelo mesmo Espírito, por obra do qual nasceu Jesus?
Quem não reconhece n'Ele as fraquezas próprias da condição humana? Quem não vê que alimentar-se, buscar o repouso do sono, sofrer angústia e tristeza, derramar lágrimas de compaixão, eram próprios da condição de servo?” (1).
Nossas horas terão densidade de vida, sentido, esplendor… se assumirmos a grande Hora de Jesus, na radicalidade da proposta, de tomar nossa cruz de cada dia para segui-Lo.
Em empenho sincero com a vida, com a realização do Reino, superando todo e qualquer sinal de morte que nos cerque: analfabetismo, fome, nudez, violência, conflitos étnicos, gastos com armas, exploração de toda forma, nome, conteúdo e gênero, destruição do meio ambiente…
Vivamos cada hora até a hora de nossa morte, quando, pelo mérito da Hora de Jesus, poderemos adentrar na eternidade, vivendo intensamente e eternamente a Hora de Deus, contemplando-O, ao lado da Rainha dos céus, dos Seus Santos, Santas e Anjos.
(1) Liturgia das Horas p.281 – Vol. II
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