quinta-feira, 18 de abril de 2024

Pão da Vida e Cálice da Salvação

                                                                 

Pão da Vida e Cálice da Salvação

“São eles que alimentam e revigoram
a substância de nossa carne.”

Sejamos enriquecidos pelo “Tratado contra as Heresias”, escrito pelo Bispo Santo Irineu (séc. I), para aprofundamento sobre a Eucaristia, fonte e ápice da vida Cristã.

“Se não há salvação para a carne, também o Senhor não nos redimiu com o Seu Sangue. Sendo assim, nem o Cálice da Eucaristia é a comunhão do Seu Sangue nem o Pão que partimos é a comunhão do Seu Corpo.

O sangue, efetivamente, procede das veias, da carne, e do que pertence à substância humana. Essa substância, o Verbo de Deus assumiu-a em toda a sua realidade e por ela nos resgatou com o Seu Sangue, como afirma o Apóstolo: Pelo Seu Sangue, nós fomos libertados. N’Ele, as nossas faltas são perdoadas (Ef 1,7).

Nós somos Seus membros e nos alimentamos das coisas criadas que Ele próprio nos dá, fazendo nascer o sol e cair a chuva segundo Sua vontade.

Por isso, o Senhor declara que o Cálice, fruto da criação, é o Seu Sangue, que fortalece o nosso sangue; e o Pão, fruto também da criação, é o Seu Corpo, que fortalece o nosso corpo.

Portanto, quando o cálice de vinho misturado com água e o pão natural recebem a Palavra de Deus, transformam-se na Eucaristia do Sangue e do Corpo de Cristo. São eles que alimentam e revigoram a substância de nossa carne.

Como é possível negar que a carne é capaz de receber o dom de Deus, que é a vida eterna, essa carne que se alimenta com o Sangue e o Corpo de Cristo e se torna membro do Seu Corpo? 

O Santo Apóstolo diz na Carta aos Efésios: Nós somos membros do Seu Corpo (Ef 5,30), da Sua Carne e de Seus ossos (cf. Gn 2,23); não é de um homem espiritual e invisível que ele fala – o espírito não tem carne nem ossos (cf. Lc 24,39) – mas sim do organismo verdadeiramente humano, que consta de carne, nervos e ossos, que se nutre com o Cálice do Seu Sangue e se robustece com o Pão que é Seu Corpo.

O ramo da videira plantado na terra frutifica no devido tempo, e o grão de trigo, caído na terra e dissolvido, multiplica-se pelo Espírito de Deus que sustenta todas as coisas.

Em seguida, pela arte da fabricação, são transformados para uso do homem. Recebendo a Palavra de Deus, tornam-se a Eucaristia, isto é, o Corpo e o Sangue de Cristo.

Assim também os nossos corpos, alimentados pela Eucaristia, depositados na terra e nela desintegrados, ressuscitarão a seu tempo, quando o Verbo de Deus lhes conceder a Ressurreição para a glória do Pai.

É Ele que reveste com Sua imortalidade o corpo mortal e dá gratuitamente a incorruptibilidade à carne corruptível. Porque é na fraqueza que se manifesta o poder de Deus”

Verdadeiramente a Eucaristia é penhor da Ressurreição, e sem ela não temos o vigor necessário para testemunhar a vida de fé. Ela sendo verdadeiramente Pão, verdadeiramente Bebida, além de nos nutrir, nos coloca em relação filial para com Deus e de irmãos para com nosso próximo.

Ela nos robustece, tornando-nos vigorosos e intrépidos servidores do Reino, zelosas sentinelas do rebanho que nos foi confiado e é indispensável nesta travessia, como Banquete em que nos saciamos do próprio Corpo e Sangue do Senhor, até que possamos participar um dia do Banquete Eterno, preparado para quem perseverar até o fim, no bom combate da fé.

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4º Bispo da Diocese de Guanhães - MG