terça-feira, 17 de outubro de 2023

Quando a Cruz parecer pesada demais... Sejamos cristãos de fato! (parte 1)

Quando a Cruz parecer pesada demais... Sejamos cristãos de fato!

Sejamos iluminados pela Carta aos Romanos, escrita pelo Bispo e Mártir Santo Inácio de Antioquia (séc I).

“A ninguém jamais seduzistes, mas ensinastes a outros. Quanto a mim também quero que continue firme o que ensinais e prescreveis.

Pedi apenas para mim as forças interiores e exteriores, a fim de que não só fale, mas o queira; para que não só seja chamado de cristão, mas reconhecido como tal.

Se me reconhecerem, então serei chamado cristão e minha fé será manifesta, quando não mais aparecer aos olhos do mundo.

Nada do que é aparente é bom. Pois o nosso Deus, Jesus Cristo, Ele mesmo, de novo vivo no Pai, agora Se manifesta sempre mais.

O Cristianismo não é resultado de persuasão, mas de grandeza, quando é objetivo de ódio para o mundo.

Tenho escrito a todas as Igrejas e a todas elas faço saber que com alegria morro por Deus, contanto que vós não me impeçais.

Suplico-vos: Não demonstreis por mim uma benevolência intempestiva.

Deixai-me ser alimento das feras, porque através delas, pode-se alcançar a Deus.

Sou trigo de Deus: Que seja eu triturado pelos dentes das feras para tornar-me puro Pão de Cristo!

Instigai, ao contrário, os animais para que neles encontre o meu sepulcro e nada reste de meu corpo para não ser pesado a ninguém, depois de adormecer.

Então serei verdadeiramente discípulo de Cristo, quando o mundo não mais vir sequer o meu corpo.

Suplicai a Deus por mim, que por este meio me torne uma hóstia para Deus.

Não vos dou ordens como Pedro e Paulo. Eles são apóstolos, eu, um condenado, eles, livres, eu, escravo até agora.

Mas se eu sofrer serei um liberto de Jesus Cristo e n’Ele ressurgirei livre. Agora, algemado, aprendo a nada cobiçar.

Desde a Síria até Roma venho lutando, com as feras, de dia e de noite, por terra e mar, amarrado a dez leopardos, isto é, ao grupo de soldados.

Eles, ao receberem benefício tornam-se ainda piores. Aprendo mais com suas injúrias, mas só por isso não sou justificado.

Quem me dera alegrar-me com as feras preparadas para mim! Desejo-as bem velozes. Afagá-las-ei para que me devorem depressa.

Não aconteça comigo como a alguns nos quais nem sequer, medrosas, tocaram. Se elas resistirem e não me quiserem, eu as obrigarei à força.

Perdoai-me! Eu sei o que me convém. Agora começo a ser discípulo.
Que nada, tanto das coisas visíveis quanto das invisíveis, segure o meu espírito, a fim de que eu possa alcançar Jesus Cristo.

Que o fogo, a cruz, um bando de feras, os dilaceramentos, os cortes, a deslocação dos ossos, o esquartejamento, as feridas pelo corpo todo, os duros tormentos do diabo venham sobre mim para que eu ganhe unicamente a Jesus Cristo!”

Esta Carta, lida dentro de seu tempo, e em todo tempo, oferece-nos incontáveis questionamentos, pois Santo Inácio é uma ressonante voz de quem se enamorou, irrenunciavelmente e irrevogavelmente, por Jesus Cristo.

O mundo Pós-Moderno precisa de “Inácios de Antioquia”. A cada tempo a Igreja tem seus “Inácios”, corajosos e confiantes no Senhor!

A Comunhão dos Santos, verdade de nossa fé, nos coloca em plena comunhão com uma voz que nunca mais calou:

Porque morto, por amor a Jesus, por Deus foi Ressuscitado.  Santo Inácio está junto daqueles que continuam falando conosco, pela memória, pela palavra anunciada e testemunhada.

Santo Inácio não falou apenas com palavras, com os lábios, mas com a vida, e, no ato máximo da doação, com o martírio.

Acolher seu testemunho nos fará mais fortes nas provações, inquietações, incompreensões na família, na comunidade e em todo lugar.

Percebemos o quanto ainda nos falta amadurecer na fé, na fidelidade, na coragem, no seguimento, na missão que o batismo nos confiou.

Recoloca-nos no caminho da fidelidade mais audaciosa e mais corajosa no seguimento de Cristo.

Reclamaremos sempre menos, quando o nosso amor por Jesus for um pouco mais.

É preciso que sejamos cristãos, de fato. Verdadeiramente cristãos, fazendo de seu exemplo mais uma luz a acender em nosso caminho e revigore nossa espiritualidade cristã!

Reflitamos:

- Como tenho vivido meu Batismo?
- Tenho sido cristão, de fato, em todos os lugares e circunstâncias?

- Quais as provações que já enfrentei por causa de Jesus e Seu Evangelho?
- Quais as que ainda persistem no meu caminho?

- O que este tão belo testemunho desperta em minha reflexão?
- Sou puro trigo de Deus, para ser puro pão de Cristo como Santo Inácio o foi?

Creio em Deus Pai todo Poderoso...

PS: Liturgia das Horas Vol.III - pp. 289-290. 

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