Amor puro e verdadeiro
"Se a vossa
justiça não for maior que a
justiça dos mestres
da Lei e dos fariseus,
vós não entrareis
no Reino dos Céus” (Mt 5, 20).
Na quinta-feira da décima Semana do
Tempo Comum, ouvimos a passagem do Evangelho de Mateus (Mt 5, 20-26), desdobramento
do Sermão da Montanha (Mt 5,-12a).
Contemplamos o Projeto de Salvação para
a humanidade, cientes de que somente na fidelidade ao Senhor e aos Seus Mandamentos, alcançaremos vida plena e feliz.
Não será o cumprimento das regras
externas que nos levará ao alcance da felicidade e de uma religião a Deus
agradável, mas antes a atitude de adesão interior a Deus e à Sua Proposta.
Viver as Bem-Aventuranças, e ser sal da terra e
luz do mundo, é viver um amor que quer e cria o bem do amado.
Deste modo, somos remetidos a
dois grandes Santos da Igreja, São Tomás de Aquino e São João da Cruz que,
respectivamente, assim disseram:
“Enquanto o amor humano tende a
apossar-se do bem que encontra no seu objeto, o amor divino cria o bem na
criatura amada" .
"O afeto e o apego da alma à
criatura torna-a semelhante a esta mesma criatura. Quanto maior a afeição,
maior a identidade e semelhança, porque é próprio do Amor, tornar aquele que
Ama semelhante ao amado."
Por isto, Jesus dá o exemplo de que o
amor verdadeiro e puro tem que falar mais alto, se sobrepondo a qualquer
sentimento de ódio, indiferença, ira, posse, condenação, falsidade.
Urge fortalecer as relações fraternas, promovendo a contínua necessidade da
reconciliação, pois o amor fraterno, preocupado com a
reconciliação, torna frutuoso e agradável o sacrifício que oferecemos a Deus.
E ainda, o Senhor nos alerta que quem
comparecer diante do divino Juiz sem haver perdoado será condenado a pagar até
o último centavo (v.24).
A questão essencial é: para quem quiser
viver na dinâmica da Boa Nova do Reino de Deus, não basta o cumprimento
rigoroso e escrupuloso da Lei, seguindo a casuística das regras da Lei.
Deve-se procurar a justiça através do
perdão e do amor, um amor novo, gratuito que vai além dos méritos; uma justiça
que leva em conta não somente as ações em si, mas suas retas intenções:
“A oferenda da própria vida em
oblação a Deus ( 1 Cor. 13,3) e o próprio sacrifício eucarístico não são
aceitos por Deus, se não procedem do amor e da paz recíproca” (1).
É preciso que se tenha uma atitude
interior nova, que revele um compromisso verdadeiro com Deus, envolvendo a pessoa
toda, transformando seu coração, suas escolhas, seus relacionamentos, sua
postura diante do Criador e Suas criaturas.
Em relação a Deus sejamos filhos e
filhas, em relação ao próximo sejamos fraternos e solidários.
O Sermão de Nosso Senhor foi e continua sendo ouvido na montanha, mas é preciso que desçamos à planície do quotidiano. Eis o grande desafio para todos nós.
Temos a missão de ser sal da terra e luz do mundo. Por isto, se faz necessária a invocação da Sabedoria Divina, a Sabedoria do Santo Espírito, para que sejamos uma Igreja no coração do mundo, e ao mesmo tempo homens e mulheres do mundo no coração da Igreja.
Somente assim não seremos sal insípido, sem gosto, que para nada serve, como já nos alertara o Senhor.
Reflitamos:
- Cumprimos os Mandamentos da Lei
Divina por medo ou amor?
- Para Jesus, “não matar” é evitar
tudo aquilo que cause dano ao próximo (egoísmo, prepotência, autoritarismo,
injustiça, indiferença...). O que podemos evitar para que sejamos fiéis ao
Senhor?
- Em que as afirmações dos Santos da
Igreja, citadas acima, nos ajudam para que vivamos as Bem-Aventuranças e
sejamos sal da terra e luz do mundo?
- Fazemos dos Mandamentos Divinos
sinais indicadores no caminho que conduz à vida plena?
Oremos:
"Ó Pai, que nos amais a todos como filhos, ajudai-nos a tirar o véu dos nossos corações, para que possamos remover os obstáculos que se opõem à comunhão convosco e amar-nos verdadeiramente como irmãos." (1)
(1) Missal Cotidiano - Editora Paulus - pp. 198-199
(2) Lecionário Comentado - Volume Tempo Comum - Editora Paulus - p. 498
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