terça-feira, 13 de junho de 2023

Sejamos luz!


Sejamos luz!

Sejamos enriquecidos pelo “Tratado sobre o Evangelho de São Mateus”, do Bispo São Cromácio (séc. IV), para o aprofundamento do capítulo 5 deste Evangelho, em que Jesus nos diz que somos a luz do mundo.

“Vós sois a luz do mundo. Não pode ficar escondida uma cidade construída sobre um monte. Ninguém acende uma lâmpada e a coloca debaixo de uma vasilha, mas sim num candeeiro, onde ela brilha para todos os que estão em casa (Mt 5,14-15).

O Senhor chamou Seus discípulos de sal da terra, porque eles deviam dar um novo sabor, por meio da sabedoria celeste, aos corações dos homens que o demônio tornara insensatos. E também os chamou de luz do mundo porque, iluminados por Ele, verdadeira e eterna luz, tornaram-se também eles luz que brilha nas trevas.

O Senhor é o Sol da justiça; é, por conseguinte, com toda razão que chama Seus discípulos luz do mundo; pois é por meio deles que irradia sobre o mundo inteiro a luz do Seu próprio conhecimento. Com efeito, eles afugentaram dos corações dos homens as trevas do erro, manifestando a luz da verdade.

Iluminados por eles, também nós passamos das trevas para a luz, como afirma o Apóstolo: Outrora éreis trevas, mas agora sois luz no Senhor. Vivei como filhos da luz (Ef 5,8). E noutra passagem: Todos vós sois filhos da luz e filhos do dia. Não somos da noite nem das trevas (1Ts 5,5).

Com razão diz também São João numa Epístola sua: Deus é luz (1Jo 1,5); e quem permanece em Deus está na luz, da mesma forma como Ele próprio está na luz. Portanto, uma vez que temos a felicidade de estar libertos das trevas do erro, devemos caminhar sempre na luz, como filhos da luz. A esse propósito, diz ainda o Apóstolo: Vós brilhais como astros no universo. Conservai com firmeza a Palavra da vida (Fl 1,15-16). 

Se não procedemos assim, ocultaremos e obscureceremos com o véu da nossa infidelidade, para prejuízo tanto nosso como dos outros, uma luz tão útil e necessária.

Eis o motivo por que incorreu em merecido castigo aquele servo que, recebendo o talento para dar juros no céu, preferiu escondê-lo a depositá-lo no banco.

Assim, aquela lâmpada resplandecente, que foi acesa para nossa salvação, deve sempre brilhar em nós. Pois temos a lâmpada dos Mandamentos de Deus e da graça espiritual a que se refere Davi: Vosso Mandamento é uma luz para os meus passos, é uma lâmpada em meu caminho (cf. Sl 118,105). E Salomão também diz acerca dela: O preceito da Lei é uma lâmpada (cf. Pr 6,23).

Por isso, não devemos ocultar esta lâmpada da Lei e da fé, mas colocá-la sempre no candelabro da Igreja para a salvação de todos. Então gozaremos da luz da própria verdade e serão iluminados todos os que creem.” (1)

No testemunho da Fé, estas palavras iluminam nosso caminhar, para que a solidifiquemos, com coragem e ousadia, inflamados pelo fogo do Espírito, e assim,  luz do mundo sejamos em todos os momentos, sobretudo nas situações mais sombrias, adversas e obscuras, como um raio da luz divina, com nossas palavras e ações, comuniquemos a esperança de novos tempos, de novas possibilidades.

As palavras do Bispo nos incentivam, de modo muito contundente e irrefutável, a não deixar a chama da caridade, para que, nas situações de desamor sejamos um sinal do Amor divino; nas situações de ódio e rancores, sinais do perdão, ternura e da bondade divinas.

Ontem, hoje e sempre, o mundo precisa de pessoas iluminadas pela Palavra e pela Luz do Santo Espírito. 

Que a luz acesa no dia do nosso Batismo jamais seja apagada pelo vento das contrariedades e das dificuldades, das circunstâncias não favoráveis, ao contrário,  sejam elas, paradoxalmente, porque temos fé no Senhor, a certeza de que Deus não permitirá que a nossa luz se apague.

Nada pode apagar em nós a luz que Deus, um dia, acendeu, nada pode destruir em nós o que Deus, um dia, tenha feito. Sejamos luz! 

(1) Liturgia das Horas - volume Tempo comum - pp. 1350-1351

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4º Bispo da Diocese de Guanhães - MG